domingo, 17 de janeiro de 2010

Perdidos e achados (II)

O Observatório do Engenho já há muito que sentia saudade de voltar a esta rubrica. Assim, eis que fomos achar aquela história que, no fundo nunca se perdeu, simplesmente porque nunca lhe foi dada a oportunidade sequer de algum dia ela própria se ter encontrado.

Por diversas vezes se tem enfocado a mentalidade tipicamente mesquinha que tanto caracteriza esta vila brandoense. A palavra “inveja” é quase um atributo menor para cabeças tão ocas de objectivo e seriedade. Pessoas que só pensam nelas e mentem com facilidade. E o que aqui vamos relatar surge nesse mesmo contexto.



Tudo começa quando o nosso “achado”, imbuído de uma alquimia de visão de liberdade, tenta obter apoio por parte da autarquia para possíveis futuros valores da arte e da cultura em Paços de Brandão. Segundo ele próprio “O desinteresse da caretada que ocupa as cadeiras do poder político é doentia. Nunca deram uma para a caixa do “espírito”, e sobrevivem na sociedade por interesses materialistas primários de homo sapiens sedentário e hereditariamente segregado ao seu cantinho – como uma rã no seu charco. Não vê para além da sua poça de água estagnada.”

Nos dias que correm parece já nem ser novidade o tipo de propostas manipuladoras e miserabilistas que são apresentadas aos autores e suas artes, pelas respectivas editoras. Daí que o nosso “achado” tenha recorrido à nossa Junta de Freguesia, enviando-lhes e-mail, no sentido de lhes explicar a situação e solicitar apoio à edição da sua obra. E… até hoje nem resposta nem recado!!! Que tipo de instituição pública é esta que despreza os raros valores disponíveis à disposição, e qual a ética que os motiva, visto nem sequer darem resposta a um cidadão e contribuinte?

Provavelmente tudo pode ter a ver com o facto de saberem que o nosso “achado” não é da mesma cor. Mas nada justifica tal indiferença, pois há que respeitar as opções de cada um. É caso para afirmar que estamos perante uma “cambada de macros convencidos, na sua leviandade “fashion” de fato e gravata.”

Actualmente, e perante o desprezo a que foi votada a sua obra e talento pelo actual executivo, o nosso “achado” trata a sua vida artística através da net, embora não seja adverso a qualquer tipo de contacto. Diz ele que não é nem nunca foi esquisito. Tem, de momento, um livro para acabar de revisar, dedicado à “geração egoísta” que antecedeu este tempo morno e desinteressante que atravessamos. É dedicado também a esta terra, Paços de Brandão, mas como as coisas são como estão limita-se a dedicá-lo a Paços, abrindo assim um leque de opções para outros Paços: d´Arcos, de Ferreira, etc…

Tal como afirma o nosso “achado” só podemos lamentar viver num país onde os responsáveis pela cultura se preocupam mais com o dinheiro do que com a arte. A estes, o nosso “achado” dedica-lhes um provérbio - de Cabinda: "Fumu abu ma kala va kikundu: Befo,bana baleze, tinata ifundo". (Para os curiosos que queiram saber a tradução, é só ir ao Ministério da Cultura do Ultramar!!!)

O Observatório, tendo noção que alguns dos aqui visados enfiarão a carapuça ao ler este post, agradece que o nosso apelo (no fundo aqui deixado) ao zelo pelo futuro dos talentos da terra, não caia em saco roto! A cultura agradece!

Para mais esclarecimentos sabem como chegar até nós (e muito provavelmente ao nosso “achado” também)!


5 comentários:

  1. Realmente é muito interessante essa abordagem que vocês fazem daquilo que julgam que é a cultura e daquilo que acham que deve ser apoiado.
    Pela mesma linha de pensamento, a junta de freguesia tem que apoiar qualquer um que resolva escrever umas coisas. Porque é que este blog também não reclama apoios à junta de freguesia?
    Se a obra tiver qualidade não faltarão editoras dispostas a assumir a edição e o lançamento comercial.

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  2. Informa-se o caríssimo Anónimo das 16:29 que á obra em causa foi-lhe reconhecido respectivo mérito e qualidade pelas editoras envolvidas. Não se trata, nem de longe nem de perto, de "escrever umas coisas". Já agora, se V. Exa. estiver em posição de o fazer e uma vez que frequenta este sítio (certamente porque até lhe reconhece algum valor!!!), porque não apoiar o pouco que por cá se escreve?

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  3. Boa tarde.
    Desculpe observar prezado "anónimo das 16:29", mas no artigo em referencia o autor não parece julgar ou achar nada. Nada mesmo. Meu caro, apenas é apresentado, exposto, um caso de falta de apoio que começa na nossa Junta de Freguesia e vai por aí acima.Mal de quem vive da arte. Mal de quem trabalhas nas questões da cultura, escrita, pintura etc...
    Relativamente ao que você apresenta "Porque é que este blog também não reclama apoios à junta de freguesia?" Patético o conceito, não?
    A intelectualidade da escrita não precisa da Junta de Freguesia e mal estaria se assim fosse.
    Por ela se calhar nem existia.
    Sobre a qualidade das obras, se tem ou não, quem define? O leitor, esse é que compra ou não. Para comprar deve estar editada. Já agora, qual será a verba prevista para acções culturais nesta vila? E já agora também, e porque como se sabe há centenas de Brandoenses bem informados através deste blog, a minha família inclusive,que apoiou quem agora governa, mas que também exige OBRA, porque não lhe fornecer directamente algumas informações que se julguem úteis para a população?
    Obrigado Engenho no Papel pelo vosso contributo. Pode surgir alguém que vos emite, mas vocês foram os primeiros e até agora só temos assistido a informação credível. Ou há provas em contrário? Vamos a debate...

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  4. Esta publicação, não é nem mais nem menos que uma chamada de atenção para o que aqui por terras Brandoenses ocorre, ou seja se fores filho de uma Laranjeira até te estendem a passadeira vermelha, se fores filho de um limoeiro desprezam-te..."

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  5. Ainda não percebi muito bem o que é que vocês estão para aqui a comentar, mas quero chamar a atenção para um pequeno pormenor.
    Na minha modesta opinião, às juntas de freguesia não compete patrocinar obras de interesse particular.
    Os apoios que devem ser dados à cultura devem ter por princípio o interesse público e não a apreciação empírica da qualidade de obras particulares, por mais meritórias que sejam, ou possam parecer. Desconheço qual é a situação do caso apresentado.
    Para mim tanto faz que sejam laranjas,limões, maçãs, melões ou outra fruta qualquer, os interesses particulares não se devem sobrepor ao interesse público, pois qualquer apoio dado é feito com o dinheiro de todos os contribuintes.
    De qualquer forma existem mecanismos próprios, para por exemplo, um escritor poder obter alguns apoios na edição de um livro, creio até que existe um programa camarário concreto para esse efeito.
    O tal "achado" que se informe.

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