quarta-feira, 30 de junho de 2010

A SOPA DOS POBRES

Esta foto de 1922 reporta a uma das muitas "kermesses" que se realizavam e que denominavam de “SOPA DOS POBRES“, numa salutar acção de solidariedade para com os mais necessitados.
Em artigos de 1898, do Correio da Feira, assinala-se que mensalmente se realizavam estas "kermesses", sempre com as damas e senhoras da classe alta como Beneméritas, onde não havia altruísmo da sociedade e a diferença entre classes eram colmatadas com estas actividades.
Esta foto refuta a 1922, algum tempo após a morte do Pe. Celestino. A Junta de Freguesia de Paços de Brandão então liderada pelo Joaquim Macedo, Agostinho Alves Carvalho, o escriturário da Junta e seu pai José Alves Carvalho, numa iniciativa conjunta com mais alguns Brandoenses de bom coração, resolveram deliciar os mais pobres e desfavorecidos da nossa terra com uma semanal sopa para os pobres. Embora sendo de ideias diferentes, estes homens uniam-se na ajuda aos mais carenciados, oferecendo todas as quintas-feiras uma sopa bem forte, regada com vinho, água com limonada para as crianças e um pouco de pão. Era servido na eira junto à cozinha existente na antiga Junta e era cozinhada por algumas senhoras que se ofereciam para ajudar e proporcionar alguns momentos de felicidade aos nossos pobres.
Naquele tempo, as freguesias podiam ter um Juiz de Paz, nomeando um grupo de homens sérios, honestos e cultos, que eram chefiados pelo seu presidente (juiz) e o Oficial de diligências, que na altura era o responsável Francisco da Ferreira. A rivalidade entre os Monárquicos e Republicanos era grande, mas pelo menos para dar de comer ao povo todos se uniam, numa altura que os empregos eram poucos e a fome era muita. Neste acto solidário a figura de Carlos Vieira Pinto foi fundamental, como sócio da fábrica de massas alimentícias. A "Camponesa" oferecia sempre nestas alturas o macarrão. Esta iniciativa juntava a freguesia e a foto assim o confirma: a beleza da fotografia com todas estas crianças, mulheres, homens compostos e idosos, eiva-se sempre o louvor, um gesto nobre e humano de pessoas que se preocupavam em fazer o bem e ajudar o próximo.
Será que actos como estes seriam possíveis neste tempo onde o egoísmo e a vergonha imperam?

Bardo da Lira

terça-feira, 29 de junho de 2010

Atenção: Fraude na Via Verde

Enviado por e-mail:


Dolmens

Antes de me dedicar à descrição destes monumentos megalíticos, chamo a atenção para a dificuldade que os historiadores têm encontrado, quando escrevem sobre pré-história, o que levou Alexandre Herculano a escrever o seguinte: «Quem lê desprevenidamente os escritores antigos e os modernos que aproveitaram as sua afirmações, frequentemente disparatadas e algumas vezes opostas, para sobre elas edificarem os sistemas mais contraditórios acerca da divisão dos povos da «Hespanha», só pode tirar uma conclusão sincera: é que em tal matéria pouquíssimos factos têm o grau necessário de certeza para serem considerados como históricos
Vem isto a propósito de estar a ser confrontado com teorias, de tal maneira abstractas e com uma falta de conhecimento histórico, referentes a assuntos da nossa Pré-História, não se fazendo a devida localização de factos tão importantes, como das raças humanas que passaram ou se instalaram neste cantinho, a que os antigos chamaram Lusitânia e aos monumentos que essas mesmas raças por cá deixaram; sinto-me pois na obrigação de explicar o que eram estes monumentos megalíticos, chamados DOLMENS, e isto para não me alongar muito e falar nos povos originários da península bem como daqueles que por cá passaram, como por exemplo, OS CELTAS, assuntos que vou deixar isto para uma próxima oportunidade.
Consultando a “HISTÓRIA DE PORTUGAL”, direcção de Prof. Dr. Damião Peres, em “A Lusitânia Pré-Romana”, por Prof. Dr. A. A. Mendes Correia, 1º volume, pág.120 a 123, encontramos o seguinte:
«As construções megalíticas (assim chamadas por serem feitas com grandes pedras) não são apanágio duma época, dum povo ou duma civilização. Para alguns autores, definiriam uma mesma fase do desenvolvimento do espírito humano, a qual seria atingida por vários povos em épocas e logares diferentes, sem unidade de origem. De facto, parece que não há um «povo ou raça dos dolmens» como se supôs, mas a cultura dolménica marca uma fase larga e nítida da pré-história, e, conquanto essa cultura tenha tido ampla difusão no tempo e no espaço, influenciando decerto povos diversos, ela apresenta entretanto certas relações mútuas em pontos muito afastados e parece hoje a muitos ter tido no território português um centro importante de origem, desenvolvimento e dispersão.
Pertencem ao número das construções megalíticas ou menhires (simples monólitos erguidos verticalmente), os alinhamentos (séries de menhires dispostos em linhas rectas ou sinuosas), os cromleches (vários monólitos dispostos em círculo) e os dolmens. Segundo a autorizada opinião de Loth, as expressões cromlech e dólmen não são justificáveis e deveriam desaparecer da terminologia pré-histórica, pois a primeira significa antes «pedra chata e curva» e dólmen deveria ser substituído por tolven (tol mesa; ven pedra – e não men porque é precedido duma palavra feminina). Mas o uso consagrou de há muito aqueles nomes.
Os dolmens são monumentos sepulcrais constituídos por grandes esteios dispostos mais ou menos verticalmente (em número de 6 a 9, muitas vezes de 7) e delimitando um espaço de contorno poligonal ou circular (câmara), fechado superiormente por uma grande lage (tampa, mesa ou chapéu) e dotado lateralmente duma entrada à qual com frequência dá acesso um corredor (ou galeria) mais ou menos longo, formado por duas fiadas de pedras ao alto e coberto por lages assentes horizontalmente sobre aquelas. Os dolmens são designados, entre nós, pelo povo com os nomes de ontas, orcas ou arcas, sendo menos frequente a designação de palas. A inclusão dalguns deles num montículo de terra (tumulus) de forma mamilar, levou o vulgo a designar estas elevações, e às vezes os próprios dolmens, pelos nomes de mamôas, mâmoas, mamunhas, mamoínhas, mamoélas, etc. Antinha significa talvez pequeno dólmen e antela corresponde ao que adiante chamaremos cista. A origem da expressão mamaltar, dada pelo vulgo a algumas construções dolménicas beirãs, derivará da associação das expressões correspondentes ao tumultus e à errónea suposição de que os dolmens eram altares formidáveis para sacrifícios e culto. Também o povo imagina que alguns dolmens eram fornos de mouros, o que, como as designações antes citadas, se reflecte na toponímia, rica nessas expressões. A legenda popular atribui, em geral, os dolmens aos Mouros, relacionando-os frequentemente com episódios de mouras encantadas. Também não é rara a crença de que eles contêm tesouros, o que sugere lamentáveis actos de vandalismo na sua pesquisa, às vezes repetidos em diferentes gerações.
Os menhires são raros em Portugal, mas os dolmens são numerosíssimos, se bem que poucas dessas construções se apresentem ainda hoje íntegras. As mais das vezes não é possível reconhecê-los senão pela conjugação das indicações toponímicas com a existência de pequenas elevações sub-circulares de terra, deprimidas em geral no centro, na parte correspondente à câmara, e às vezes ainda com um sulco radial correspondente ao corredor. Notam-se ainda, muitas vezes, alguns esteios, os seus fragmentos, erguidos ou já derrubados».
Julgo assim, ter contribuído para uma melhor compreensão do que é um dólmen e do que era uma mamôa. Agora o caro leitor veja se descobre nesta terra de Paços de Brandão, qualquer elevação de terreno em forma de mamilo, e no qual esteja qualquer aglomerado de rochas que pudessem ter feito parte de um dólmen.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Rio Meão - Mulher com funeral marcado afinal estava viva

in: JN

"Os sinos da capela tocaram a rebate, as flores foram compradas e até o agente funerário afixou por toda a freguesia de Rio Meão, Santa Maria da Feira, os avisos da morte de Adélia Reis, 82 anos. Afinal, a mulher está viva e internada no Hospital S. Sebastião.
Os familiares largaram repentinamente os empregos, vestiram-se de negro e choraram a morte do ente querido. Mas, cerca de quatro horas depois, um telefonema do hospital interrompeu o momento de pesar. Afinal, Adélia Reis estava viva. Houve um tremendo equívoco, cujos contornos ainda estão por esclarecer.
A confusão começou na manhã de anteontem, quando um filho (que não falou ao JN) foi visitar a idosa. Deslocou-se à cama onde deveria estar a sua mãe e sentiu que o corpo que ali se encontrava estava gelado. Nessa altura, foi informado por uma enfermeira que a mãe tinha morrido. Consternado, deixou de imediato o hospital e informou os restantes familiares. E foi dado início ao processo para o funeral. Segundo o hospital, a pessoa no quarto não era Adélia, como afirma a família.
“A família contactou-me para fazer o funeral e tratei de tudo. Andei a distribuir os papéis com a hora e dia do funeral pela freguesia, foi pedido para tocar os sinos da capela e mandei os meus colaboradores para o hospital para trazerem o corpo. Mas a certidão nunca mais chegava e acabámos por aperceber-nos que a senhora estava viva” contou ao JN o responsável pela funerária Henriques. Informação que, entretanto, também já tinha sido comunicada à família.
O engano causou revolta. Os netos de Adélia foram ao hospital, mas dizem não ter ficado agradados com as explicações. Os responsáveis do hospital pediram desculpas, mas recusaram passar uma declaração assumindo o erro, lembrou Rui Lemos.
“Serviria para entregarmos aos patrões e justificarmos as faltas nos empregos. Mas queriam apenas passar um atestado em como estivemos no hospital”, acrescentou. Os familiares colocaram o seu protesto no livro de reclamações.
A indignação é ainda maior pelo facto de terem recebido um telefonema de alguém que lamentava a falta dos familiares no horário da visita. “Ligaram-nos de um telemóvel a dizer que era do hospital e a perguntar por que é que ninguém ia visitar a minha tia. Os responsáveis do hospital dizem ser estranho, mas nós temos registado o número de quem ligou”, sublinhou um familiar.
“Foi uma falha grave, principalmente por demorarem tanto tempo a darem pelo erro”, acrescentou outro neto, Laurentino Gomes
Hospital admite que pode ter havido um erro de ambas as partes
“Não houve um caso de troca de cadáveres”. A ressalva, imediata, é do presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga (tutela o Hospital de S. Sebastião, na Feira), Fernando Silva.
Contactado pelo JN, o responsável referiu que foi o filho quem “não identificou correctamente a mãe”. Ou seja, de acordo com a versão de Fernando Silva, a pessoa que terá sido indicada ao homem como sendo a sua mãe, não era Adélia Reis. Terá sido essa, então, a origem do problema.
A tese é contrariada por familiares da idosa, que afirmam não ter havido qualquer engano na identificação.
Em declarações ao JN, Fernando Silva admitiu , contudo, que poderá “ter havido erros dos dois lados [hospital e familiar] ”, recusando assumir por enquanto uma posição definitiva.
“Enquanto não tiver as conclusões do inquérito de averiguações que irá decorrer esta semana não posso adiantar mais nada”, afirmou. “Não deixamos no entanto de lamentar esta situação, que compreendemos ser muito desagradável”, concluiu."

Nota do autor: De facto insólito! Contudo, ainda há coisas que nos parecem mais insólitas, como a morte pode ser mais importante que a vida para algumas pessoas! Pode parecer estranho, mas na sociedade em que nos inserimos, existe um verdadeiro culto da morte, vivemos tão preocupados com ela, e do que a ela diz respeito, que nos esquecemos de viver! Afinal, é mais importante estar vivo ou morto?
Infelizmente o lapso que relata esta história, será sempre de lamentar. Contudo, é um erro feliz, e sinceramente não nos parece ser merecedor de tanto reboliço e azedume dos visados.
Devíamos meditar um pouco sobre este assunto: parece claro que nos dias de hoje valorizamos mais as pessoas depois de defuntas que em vida. Quantos crápulas em vivos já viraram "santos" depois de falecidos? Estas pessoas a quem este erro bateu à porta, deveriam estar a festejar pelo seu familiar estar vivo e não perder tempo a reclamar! Mas enfim, é neste contexto sócio-cultural que vivemos e ironia das ironias vai ser nele que morreremos!
Citando as ideias de um escritor, Augusto Cury e o seu "Vendedor de Sonhos", era muito bom que este triste estigma socio-religioso ligado à morte, fosse substituído pelo sorriso da alegria simples de viver!

domingo, 27 de junho de 2010

O PCP – Tribunal de Opinião Pública

Enviado por e-mail:

O PCP – Partido Comunista Português - promoveu a constituição de um Tribunal de Opinião Pública, em Santa Maria da Feira, para averiguar e avaliar as razões da grave situação económica, que se tem traduzido no aumento incontrolável do desemprego, na precariedade, na destruição do tecido produtivo no país, no distrito e no Concelho, a acção dos seus principais actores responsáveis, bem como apontar medidas adequadas e necessárias para lhes pôr termo.

Este tribunal foi constituído por um colectivo e um acusador público, e ninguém quis assumir a defesa dos arguidos indicados, que foram: o Governo Português, os partidos que apoiam as suas políticas (PS, PSD e CDS), os “novos senhores feudais” do capitalismo, nomeadamente representados no concelho de Santa Maria da Feira, pelo Grupo Amorim, as multinacionais, em especial da área do calçado, como os Grupos Rodhe e Ecco, O Executivo Camarário, A Comissão Europeia.

Formulada a acusação, foram ouvidas várias testemunhas, entre as quais, o deputado do Grupo Parlamentar do PCP, Jorge Machado. Da análise dos factos, foi possível extrair o seguinte:
• Santa Maria da Feira destaca-se no Distrito de Aveiro, com o mais elevado número de desempregados registados, 9.986 em Maio de 2010, (mais 539 do que no mês de Abril) ou seja, cerca de 25% do total dos desempregados do distrito.
• Em muitas empresas têm ocorrido várias vagas de despedimentos, encerramentos, processos recorrentes e fraudulentos de lay-off, ataques aos mais elementares direitos dos trabalhadores;
• A precariedade aumenta, são acelerados os ritmos de trabalho, as horas extraordinárias são pagas como trabalho normal, ou compensadas com “bancos de horas”, aumenta o trabalho clandestino, mantêm-se situações de salários com atraso, de indemnizações por pagar.
• Mantêm-se em muitos casos as discriminações, dentro da mesma categoria, entre o salário dos homens e das mulheres, desde operárias a escriturárias de 1ª, no sector da cortiça, apesar do acordo estabelecido entre o Sindicato e o patronato de eliminação total das discriminações salariais em função do sexo, pelo menos até 2015.
• Aumentam os processos de insolvência com o objectivo de limpar passivos e o encerramento de empresas, por vezes com tentativas de alienação de maquinaria;
• O condicionamento e repressão das actividades sindicais, dentro das empresas;
• O controle monopolista de grandes grupos económicos que têm condicionado o sector da cortiça, levando à falência médias, pequenas e microempresas do sector
• A deslocalização da produção para outros países por parte de multinacionais do calçado (primeiro a ECCO e ultimamente a ROHDE);
• A autoria do governo de uma política de favorecimento do capital financeiro e dos grandes grupos económicos que repercute em mais exploração, injustiça social, diminuição das prestações sociais, liquidação dos direitos dos trabalhadores, comprometimento da autonomia e da soberania nacional;
• O desinteresse e abstenção do Governo em intervir para encontrar soluções que impedissem a destruição do tecido produtivo do Concelho, ao não prevenir nem controlar situações de dumping da economia nacional e local;
• O domínio político e económico das grandes potências em relação a Portugal, quer a nível mundial, quer da EU, o que compromete claramente a sua autonomia, com a implementação de normativos que estiolam a nossa economia;
• O comportamento cúmplice do Executivo PSD da Câmara Municipal, em relação às decisões políticas do Governo e o seu demissionismo em intervir para encontrar soluções que impedissem a difícil situação de desemprego e destruição do tecido produtivo do Concelho.

Perante os factos descritos, o Tribunal condenou os arguidos perante a opinião pública, exigindo a reversão das políticas que têm sido seguidas pelo Governo do PS, com a colaboração do PSD e CDS, a punição dos comportamentos que exploram e discriminam trabalhadores e trabalhadoras, o fim dos despedimentos, pagamento das dívidas aos trabalhadores, fiscalização das irregularidades, apoio à produção nacional, fomento ao investimento público, alteração da distribuição da riqueza, no sentido da justiça social.

O Tribunal de Opinião Pública exortou os trabalhadores(as) e a população em geral a lutar para que se ponha fim às políticas que têm conduzido ao aumento do desemprego e à destruição do tecido produtivo, exercendo os seus direitos, nomeadamente à indignação, à resistência, à manifestação, à participação directa na vida política e na direcção dos assuntos públicos do país, conforme consagra a Constituição da República Portuguesa, a fim de que se produza uma verdadeira ruptura com as políticas de direita e se construa uma alternativa patriótica de esquerda.


Maria da Feira, 25 de Junho de 2010

A Comissão Concelhia de Santa Maria da Feira do PCP

Serviço Público vs Assembleia de Freguesia

Na assembleia de sexta-feira deu para notar que era considerada, por alguns elementos da Junta, uma assembleia de baixa importância.

O que aconteceu com um dos elementos desta Junta foi que à hora de começo da assembleia estava a prestar serviço público, ou seja, a tratar de cobrança no bar do campo de futebol nos comes e bebes aí instalados. Perfeitamente compreensível até porque regulamento de cemitério é coisa pouco interessante, pode esperar. As oportunidades não são muitas e há que aproveitar para “ajudar” na realização dos eventos.

Estão, portanto, bem representados, aqueles que neles votaram pois dispensam a monotonia, pelo menos a previsível, das assembleias e preferem andar no meio do povo a “trabalhar”.
Esteve assim sozinho o Sr. Presidente de Junta e também o número um da oposição, este noutro sentido porque de facto quem o acompanha continua silencioso com ar de quem desconhece a matéria. Sempre presentes e bem representados, aliás desde sempre, aqueles que já são habituais e que continuamos a conotar como sendo do BE. Esses, desta vez, não intervieram e saíram com ar triunfante assim como que se o líder da oposição tivesse falado por eles tudo o que havia a falar.
Sobre as intervenções do público voltarei mais tarde, desta feita para perceber melhor o porquê de alguém ter sugerido a publicação de uma lista dos naturais de Paços de Brandão no site da Junta. Quando tiver mais dados voltarei ao tema.

sábado, 26 de junho de 2010

O Regulamento do Cemitério


Quem esteve na última assembleia de Junta de Freguesia (de ontem)percebeu que essa continua a ser frequentada praticamente pelas mesmas pessoas. Embora se note que um grupinho laranja já aparece mais, bajula nas intervenções e sorri para dentro de si próprio equilibrando um certo peso à esquerda que sempre se fez sentir neste mandato.
Percebeu também que algo está mudado no seu funcionamento. Ou não?
No momento pode ver-se que existe da bancada da oposição uma postura de oposição com letra grande. Na figura de Carlos Neves apresenta-se uma análise sempre cuidada e instruída sobre os assuntos a debate. No caso, o debate sobre o regulamento do cemitério cá da vila parecia, à partida, algo para assinar de cruz, passo o termo, mas a verdade é que não foi assim.
Afinal algo tão importante ia passar numa assembleia morna para acabar às 23 horas?
Ora essa. Felizmente alguém fez o trabalho de casa e fez rever os 78 artigos de tal regulamento. A mesa da assembleia acedeu in loco à revisão e correcção de muita coisa que por ali estava mal.
Notória a mão firme do presidente Brito que, por vezes, passou a “chapada temporal” na expressão de “vamos deixar isso para casa” em oposição à vontade do Primeiro Secretário que se dispôs e muito bem a dialogar, acertar e a procurar harmonia.
Foi bom de ver esta tomada de posição séria e profissional no diálogo com a oposição e a ceder democraticamente à razão naquilo que havia a ceder ainda que sempre sobre a pressão do Sr. Presidente de Assembleia sempre a esticar por aqui e por acolá para mediar o “conflito”. É verdade que com muita mestria e segurança, mas terá mesmo que rever a sua postura nas assembleias não devendo querer substituir este e aquele nas horas de intervenção, mais ainda quando se toca em legislação específica para o assunto em debate.
Com as orelhas a fumegar devia estar quem tal regulamento elaborou pois foi notório o copiar por copiar sem conhecimento de substância e por fim pôr a Assembleia a braços com tal aberração. Não se pode culpar a quem foi apresentado este trabalho para expor à Assembleia, que lá o foi defendendo da melhor maneira, mas na próxima haja um pouco mais de brio na redacção das coisas e não se parta do princípio que, por se ter maioria, se pode fazer tudo em cima de joelho.
Relembro que o tema deste artigo é O Regulamento do Cemitério, naturalmente indisponível ainda para os cidadãos, pois tal foi a trapalhada na sua redacção que vai para revisão para ser sujeito a votação novamente.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Em 2009 a despesa dos partidos para as autárquicas dispara 45%

in: Diário Económico

"Em plena crise económica e financeira, a despesa dos maiores partidos na campanha para as eleições autárquicas de 2009 aumentou 45% face à de 2005. O ano passado, PS, PSD, CDS, PCP/PEV e BE gastaram 49,5 milhões de euros, contra os 34 milhões gastos em 2005. Deste bolo, a maior fatia cabe aos socialistas, com despesas a atingir o valor de 24 milhões de euros, que corresponde a um aumento de 48,5%, quando comparado com os 16,2 milhões de 2005. Mas é ao PSD que corresponde o maior salto, com um crescimento de 83,2%, passando de 9,5 milhões para 17,6 milhões de euros em 2009. A CDU também cresce 15%, enquanto CDS e BE descem 33% e 13%, respectivamente."

Agora já se entendem as sacas que tinham luvas e esferográficas iluminadas, as sedes em dose dupla, os porcos no espeto, as cartas anónimas abaixo e acima, cartazes por todo lado e até o povo no cimo de um camião!
Cá temos, então, o exemplo de poupar que nos dão os partidos políticos sobretudo o PSD e PS. As eleições ganham-se assim mesmo: com o dinheiro! Capaz de quase comprar o voto com a esferográfica, mais depressa que com as ideias, essas passam praticamente ao lado da maioria dos votantes!
Assim foi também por cá, assediando com a esferográfica, a rosa ou o que demais fosse capaz de "convencer" o eleitor. Nas próximas eleições, com os cortes que prometem todos querer fazer aos dinheiros dos partidos, no Engenho estamos curiosos para ver o que se vai passar!
Não devemos é esquecer que este dinheiro, muito ou pouco, vem sobretudo do Orçamento de Estado, isto é: do nosso bolso!!!

A MAMOA OU TALUDE DO BARROSO

“Onde a água corre nos vales do teu leito, apetece-me aconchegar-te no meu peito. No fundo da tua terra existe, esse ribeiro jocoso, que o povo sábio lhe deu, o nome de Barroso.”

Nas calendas da história, os termos toponímicos de Barroso, provêm da palavra latina Barrissem, terra alamada ou de barro, derivado da presença de diversos riachos ou nascentes de água; com o derivado uso a palavra latinou-se para a actual, Barroso, por influência dos vales verdejantes, óptimas para agricultura e gado. Era terreno alagadiço, muito procurado para a pastorícia, sendo entremeado com as culturas e o pastoreio, consoante as estações do ano. Era neste lugar de Paços de Brandão que corria o enigmático ribeiro da Abelheira, onde pontificou uma importante indústria papeleira, que terminava no lugar da Azenha, também ele pejada de fábricas papeleiras, hoje infelizmente todas elas desactivadas, que conheceram um progresso com a chegada da electricidade; mas que pouco resistiram ao progresso e fizeram esquecer a importância dos séculos XVIII e XIX, onde a força motriz era essencialmente hidráulica. Das ditas fábricas somente a da Azenha se encontra em bom estado. Quanto às outras, caíram e são só recordação.
Mas voltando ao Barroso, existe bem no fundo deste lugar, um enorme pedregulho, donde do seu interior jorram diversas correntes de água pura e fresca, e imponente se mantém, indiferente ao passar dos séculos. Esta enorme pedra granítica, deve fazer parte das antigas Mamoas, que existiram no lugar da Mó, Zabumba e Monte de Baixo, que fisicamente eram parecidas e que foram destruídas com a expansão e crescimento habitacional da nossa terra. O que deveria ter sido preservado foi destruído, não restando vestígios das mesmas, restando quase por milagre esta Mamoa, mesmo assim defendida pelo seu proprietário que impediu que a mesma fosse destruída para a construção duma estrada… ainda bem que assim o fez, porque ela ainda existe e poderá ser revista pelas pessoais locais e não só. Mas atenção, que o local é pertença dum privado, e pedir faz parte da boa educação!
Das memórias populares da localidade, em que a nossa terra rural que era tem muitas histórias, cantorias, e do pouco que restou, é salutar encontrar certas cantilenas populares.
Antigamente quando os filhos dos lavradores iam apascentar o gado para o fundo do Barroso ou para o Monte, combinavam todos por meio de cantares, acordarem na manhã seguinte os companheiros, o lugar que seria escolhido nesse mesmo dia, sendo que o primeiro que passasse dava o sinal aos outros em voz alta, com a seguinte cantiga:

1º- Ó lai – Lina, deita para a rua, os teus bois, ó Delfina, que os meus já lá vão, ó lá lai ,ó lá ó lão.
2º- Ó lai – lele, deita os teus bois fora ó Manele, que os meus já lá vão, ó lá ó lá, ó lá o lão.
3º- Ó lai – loza, deita os teus bois fora, ó Rosa deita para a Lavoura, que os meus já lá vão, ó lá lai, ó lá o lão.
4º- Ó lá – lia, deita os teus bois fora para a quintinha, ó Maria, que os meus já lá vão, ó lá lai, ó lá o lão.

Fotos: em cima- Barroso antigamente; em baixo Barroso na actualidade

Bardo da Lira

C. D. de Paços de Brandão - Torneio em Espanha

Enviado por e-mail:


quarta-feira, 23 de junho de 2010

O Projecto para a Quinta do Engenho Novo

Megalomania ou muita ambição! Estas podem ser as duas maneiras de analisar e interpretar o projecto que está previsto implementar na Quinta do Engenho Novo, e ao qual o Engenho teve acesso recentemente.
Apesar da gravidez já durar faz 5 anos, o trabalho de parto só recentemente começou a verificar-se. Porém, a "criança", em Março passado, já se mostrou! E pelos vistos da pior maneira possível, tendo suscitado logo à nascença, inúmeras criticas ao abate desenfreado de árvores. Era de bom senso, que este tipo de intervenção que foi realizada na nossa Quinta, devesse apenas ter sido concretizada, após uma sessão pública para consulta de opinião, discussão e esclarecimento ao povo Brandoense. Evitavam-se, com isso, interpretações dúbias do que está a ser feito e, ao mesmo tempo, perdeu-se a oportunidade para haver uma troca de ideias saudável, que iria contribuir sem dúvida para que todo este projecto ficasse melhor!
Efectivamente, a julgar pelo que se mostra no livro "Feira2020 - Um olhar para o futuro", podemos perceber que aquilo que se pretende fazer é realmente uma coisa em "grande"! Neste projecto, incluem-se várias estruturas, de entre as quais destacamos: livraria, centro de actividades físicas, centro de actividades radicais, zonas de lazer, zonas lúdicas para brincadeiras, centro comunitário, lago, estacionamento e até, pasme-se, hortas comunitárias!
Inequivocamente, ambicioso... ou megalómano como queiram interpretar, e conforme foi escrito logo no inicio deste texto! A concretizar-se todo o projecto, algo que todos nós desejamos sem qualquer dúvida, os responsáveis autárquicos estariam de parabéns, mesmo que o projecto seja de há 5 anos quando nenhum deles pensava estar no executivo (ou será que já pensavam?)! Porém, e apesar dos projectos e do inicio de obras, ficam ainda algumas dúvidas:
Porque é que um projecto tão aliciante e interessante para o povo Brandoense, não foi alvo de uma nova apresentação a quando do inicio das obras? Até porque 5 anos passados, poucos já se lembravam dele, e os que nem sequer o conheciam, eram mais que muitos!
Será que este projecto é mesmo para implementar até ao fim? Ou por outro lado, ninguém se quer comprometer a cumprir aquilo que está previsto no mesmo, e assim evitar ser confrontado mais tarde com isso?
Nós aqui no Engenho, depois de sermos sufocados com tal grandiosidade proposta naquilo que dizem ser a requalificação da Quinta, apenas podemos ter esta posição: Meus senhores, implementem o projecto o quanto antes! É que nós também gostávamos de ter uma horta na nossa Quinta!

Considerações sobre a história local - Paços de Brandão (XIII)

IDADE MÉDIA – ATÉ AO SÉC. XIV – XV (TERRAS DE SANCTA MARIAE - 2)


Corografia Portugueza – DA COMARCA, & OUVIDORIA DA FEYRA
O Pde. António Carvalho da Costa, em «Corografia Portugueza», tomo primeyro, Tratado IV, páginas 164 a 177, faz-nos a descrição, «DA COMARCA, & OUVIDORIA DA FEYRA». Esta obra foi editada no ano de M.DCC.VI, e oferecida, pelo autor, a «ELREY D. PEDRO II». É desta obra que vou transcrever algumas partes, por me parecerem de todo o interesse, para uma melhor compreensão do assunto de que se está a tratar:
CAPÍTULO I – Faz-nos a descrição da «VILLA DA FEYRA»
Cinco léguas da Cidade do Porto para a parte do Sul e duas do mar oceano para Nascente, entre os dois celebrados rios Douro e Mondego, quase em igual distância de um e do outro, em um ameno e salutífero vale, tem seu assento a nobre Vila da Feira, que povoarão pelos anos de 990; o Duque Mem Guterres e o Conde Mem Lucidio, juntamente com os senhores de Marnel, todos muito chegados em parentesco aos Reis de Leão, donde se chamarão INFANÇOENS antigos de Santa Maria, como se chama toda esta terra, de que foram senhores os Condes da Feira, que por muitos anos morarão no seu Castelo, que está em lugar iminente e foi fundação dos Mouros. Tem 250 vizinhos com uma Paróquia, que é Convento dos Cónegos Seculares da Congregação de São João Evangelista, que fundou Dom Diogo Forjaz Pereira, quarto Conde da Feira, mo ano de 1560. É da invocação do Espírito Santo, cuja Igreja é de uma só nave, mas muito grande em forma prolongada, com Capela-mor toda de «jaspes», e mármores finíssimos, lavrados de obra dórica às mil maravilhas. Tem embutidos nas paredes dois túmulos de alabastros brancos, vermelhos e negros, e no pavimento um «carneyro», onde se enterrarão os senhores desta casa. É Abade desta Igreja o Reitor, e o Sacristão costuma ser o Vigário: Tem Casa de Misericórdia, Hospital e estas Ermidas, S. Nicolau, que era antigamente a Matriz, N. Senhora de Campos, N. Senhora da Encarnação situada no Castelo, (cuja Ermida é de cantaria sextavada «cantaria talhada em forma sexangular», e tem notáveis relíquias de Santos), São Francisco, Santo André, Santa Margarida, Santa Luzia, o Arcanjo São Miguel , e outra a Todos os Santos.
É esta Vila abundante de todos os frutos, caça, gado, carne de porco, linho, lenha, e de regalado peixe. Assistem ao seu governo civil um Ouvidor Letrado, que representava os Condes desta Vila, três Vereadores, um Procurador do Concelho, Escrivão de Câmara, um Juiz de Órfãos com seu Escrivão, e «Porteyro», quatro Tabeliães do judicial, e «Notas», Distribuidor, Inquisidor, e Contador, um Meirinho, um Alcaide, que é da Provedoria de Esgueira. Ao militar, um Capitão-mór, Sargento-mór com treze Companhias de Ordenanças da Vila, e seu termo, que é muito dilatado, e consta da Freguesias seguintes: (Segue-se a descrição das freguesias, que abrange vastíssimo território, desde Vila Nova de Gaia até Oliveira de Azeméis, Ovar, Esgueira, Vila Pereira de Juzã, Vila de Cambra, e a Vila de Castanheira, no Bispado de Coimbra).
CAPÍTULO II – Trata dos CONDES DA FEIRA
Foi Senhor desta Vila, o Conde Dom Fernando Forjaz Pereira Pimental, cuja ilustre Varonia e ascendência é a seguinte:
- Dom Álvaro Pereira, filho segundo de Dom Rui Gonçalves Pereira, foi Marechal deste Reino, senhor da Vila da Feira, e de outras muitas terras, o qual contava um grande número de ilustres avós: casou com Dona Mecia Vasques Pimental, filha de Vasco Martins Pimentel, chamado o Patinho, de que teve, entre outros filhos:
- João Álvares Pereira, que foi senhor da Casa de seu pai; casou com Dona Leonor Gonçalves, filha de Gonçalo Vaz de Mello, o Velho, de que teve, entre outros filhos:
Fernão Pereira, que foi senhor da Casa de seus pais e casou com Dona Isabel de Albuquerque, filha de Pedro Vaz da Cunha, senhor da Vila de Angeja, de que teve filhos, Rui Pereira e outros, que morreram moços; casou segunda vez com Dona Isabel de Berredo, filha de Dom Gonçalo Pereira, de que teve a Dona Isabel de Berredo, e a Galiope Pereira.
Rui Pereira, filho de Fernão Pereira, foi senhor da Casa de seus pais, e avós, e se chamou Conde da Feira: casou com Dona Leonor de Berredo, filha de Dom Gonçalo Pereira, e de Maria de Miranda, de que teve, entre outros filhos:
- Dom Diogo Pereira, que foi senhor de Besteiros, e Segundo Conde da Feira, por mercê de El-Rei Dom Manuel feita na Vila de Almeirim a 2 de Janeiro de 1515. Casou com Dona Beatriz de Castro, filha de Dom João de Noronha “o Dentes”, e de Dona Joana de Castro, de que teve, entre outros filhos:
- Dom Manuel Pereira, que foi Terceiro Conde da Feira, e senhor das mais casas de seu pai: casou com Dona Isabel de Castro, filha de D. João de Menezes, primeiro Conde de Tarouca, e de Dona Joana de Vilhena, de que teve, entre outros filhos:
- Dom Diogo Pereira, que foi Quarto Conde da Feira: casou com Dona Ana de Castro, sua prima co-irmã, filha do Regedor João da Silva, e de D. Joana de Castro, de que teve, entre muitos filhos:
- Dom Manuel Pereira, que morreu em vida de seu pai, e foi casado com Dona Joana da Silva, filha de Dom João de Menezes, senhor de Cantanhede, e de Dona Margarida da Silva, de que teve D. Diogo Pereira e D. João Pereira.
- Dom Diogo Pereira, filho de D. Manuel Pereira, foi Quinto Conde da Feira, e herdou a casa de seu avô o Conde D. Diogo Pereira: casou com Dona Iria de Brito, filha de João Brito, da qual não teve filhos; foi morto em Madrid por desastre estando em casa.
- Dom João Pereira, irmão deste Conde D. Diogo Pereira, herdou a Casa de seus pais, e avós, e foi o Sexto Conde da Feira, e General da Armada do Consulado pelos anos de 1594; e morreu no ano de 1618, indo por Vice-Rei para a Índia: casou com D. Maria de Gusmão, filha de D. Rui Gonçalves da Câmara, primeiro Conde de Vila Franca, e de D. Joana de Blaesoet, de que teve:
- Dona Joana Pereira, que casou com Dom Manuel Pimentel, filho de Dom João Afonso Pimentel, oitavo Conde de Benavente em Castela, e Vice-Rei de Nápoles, e da Condessa Dona Mecia de Zuriga e Requezens, filha de Dom Luís de Requezens, Comendador-Mór, e Governador da Flandres: este Manuel Pimentel foi Sétimo Conde da Feira por sua mulher, de quem teve Dom João Pereira Forjaz, Dom Fernando Forjaz Pereira Pimentel, e a Dona Joana, primeira mulher de D. João da Silva, segundo Marquês de Gouveia.
- Dom João Pereira Forjaz, filho herdeiro desta Condessa da Feira, herdou sua casa, e foi Oitavo Conde da Feira; casou com D. Maria de Faro, filha herdeira de D. Francisco de Faro, Conde de Odemira, de quem não teve filhos, por morrer muito moço.
- Dom Fernando Forjaz Pereira Pimentel, filho segundo da sobredita Condessa Dona Joana Pereira, e irmão deste Conde Dom João Pereira Forjaz, foi Nono Conde da Feira: casou com D. Vecencia Luísa Henriques, sua prima, filha herdeira de Pedro César de Menezes, e de D. Guiomar, da qual não teve filhos.
Morrendo o último Conde da Feira, D. Fernando Forjaz Pereira Pimentel, em 1700, sem descendentes, foram os bens da Casa da Feira, integrados na Casa do Infantado, por ordem de D. Pedro II. A Casa do Infantado, era por norma, atribuída aos segundos filhos dos reis, o que veio a acontecer, com D. João V, em 10 de Fevereiro de 1708, ao atribuir ao seu irmão, o Infante D. Francisco, a doação do Condado da Feira.
À Casa do Infantado, passaram a pertencer as terras da Comarca da Feira, que eram: Vila da Feira, Vila de Oliveira de Azeméis (desanexada da Feira em 1799); Vilas de: Ovar, Macieira de Cambra, Castanheira do Vouga, Pereira Jusã e Couto de Cortegaça. Pertenciam ainda à Comarca da Feira, o Couto de Cucujães, o Couto de Sandim e de Crestuma. Até à extinção dos Coutos em 1692/1700, eram da jurisdição do Conde da Feira.

O CASTELO DA FEIRA
O Dr. Vaz Ferreira, diz-nos que foi no Castelo da Feira, que nasceu Portugal. Efectivamente, consultando-se a «Chronica Del Rei Dom Afonso Henriquez», de Duarte Nunes de Leão, lá se encontra o Castelo da Feira e o de Neiva, a contribuírem com as suas gentes, para o apoio ao jovem Príncipe Afonso, na luta que travou com os partidários da sua mãe D. Teresa. Individualidades como, Mem Lucídio e Ermígio Moniz (Séc. XI-XII), pertencentes a estas Terras de Santa Maria, lá estavam nas hostes de D. Afonso Henriques. Como atrás já referi (Terras de Santa Maria), muitas personalidades importantes passaram pelo Castelo, e, muita coisa está escrito digna de registo. Não posso deixar de aconselhar a leitura de, “Castelo da Feira – Onde Nasceu Portugal”, do Dr. Vaz Ferreira, em separatas do Arquivo do Distrito de Aveiro, vol. IV e V – 1939 e vol. VI – 1940. Também já mencionei em Terras de Santa Maria, a figura do Dr. Aguiar Cardoso, que em conjunto com Dr. Vaz Ferreira, acérrimos defensores do Castelo da Feira, nos deixaram um «Guia do Visitante» - Feira 1950, que nos faz uma descrição sucinta do monumento, bem como de parte da sua história.
Por simples curiosidade, e, porque talvez seja uma das facetas menos conhecidas, que estão relacionadas com o Castelo da Feira, aqui fica uma das personalidades a quem pertenceu: a Rainha Santa Isabel, esposa do nosso Rei D. Dinis. Foi aqui que a Rainha Santa Isabel, teve uma intervenção, na resolução das desavenças entre o Rei, seu marido, e o filho de ambos, o Infante D. Afonso, que se tinha apoderado do Castelo.
Também no reinado de D. Fernando, e quando da sua morte, a Rainha D. Leonor de Teles, governava o Reino e nas lutas que se travaram, para a sucessão ao trono, o Castelo foi conquistado aos partidários da Rainha D. Leonor, por D. Gonçalo Coutinho, colocando-o ao serviço do Mestre de Aviz (D. João I).
Em 1580 é do castelo da Feira, que o Rei D. António, prior do Crato, utiliza o seu armamento, e, com os nobres soldados de Santa Maria, avança, sobre Aveiro, que não acatava as suas ordens.
É um dos seus Condes (o sexto), D. João Pereira Forjaz, que devido à sua valentia, foi General da Armada e Viso-Rei da Índia.
Por tudo isto, não se pode falar, de qualquer parcela, do território das Terras de Santa Maria, sem se mencionar o Castelo, as suas gentes e os seus Condes, até à extinção do Condado. Contudo, não se livrou de um quase total abandono, e, em 1915 estava de tal maneira, que numa carta dirigida ao Presidente do Conselho de Arte e Arqueologia (2ª Circunscrição) Coimbra, em 15 de Maio, o Engº Paulo de Barros, expunha as sua razões, para se efectuar rapidamente uma intervenção, nos seguintes moldes:
«…Seria uma verdadeira e irreparável perda nacional, que, certamente, os tempos modernos não fariam ressurgir, por diferentes os moldes em que hoje se fundam as suas concepções, por mais brilhantes que elas sejam no seu caminhar constante de progresso, e por mais Formosas que se inscrevem neste ideal de Arte, que a sua evolução vem desenhando em cada dia no brilho, é verdade, de espíritos de incontestável merecimento. O que nos cumpre, portanto, é salvar este precioso património que o passado entregou à nossa guarda, como uma das jóias mais mimosas que se prendem às páginas mais heróicas da história de antigos portugueses, que tanto honraram esta pátria. É um sagrado dever que as gerações modernas têm de cumprir, sob pena de tombarem na sua decadência moral, que o desprezo pela Arte nunca poderá levantar, antes tracejará para sempre um título de ignomínia. …É serviço este de tamanha grandeza de acção para a salvação d’aquele histórico Castelo, que os velhos Condes da Feira ergueram com um brilho e majestade, que o tempo ainda não apagou, apesar do criminoso abandono a que foi lançado em princípios do século XVIII, pela extinta Casa do Infantado ao apagar-se a sucessão daqueles velhos fidalgos, e que mais se agravou em 1834, que muito enaltecerá o praticá-lo este ilustre Conselho de Arte, ajuntando a outros muitos, que honram a sua vida de dedicação e amor pela Arte Nacional

terça-feira, 22 de junho de 2010

C. D. de Paços de Brandão - 10º Torneiro Internacional de Futebol

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Parques infantis - Uma questão de segurança para as crianças

Em Junho de 2009, ou seja, há 1 ano atrás, entrava em vigor O Decreto-Lei n.º 119/2009, de 19 de Maio, que complementando um outro de 1997, que tinha por objectivo principal, garantir a segurança das crianças nos espaços de jogo e recreio, estabelecendo regras e obrigações às entidades responsáveis pelos mesmos espaços quanto às condições de vigilância e de informação e em relação às condições físicas.
Ao abrigo deste diploma, entre outras coisas, passa a ser obrigatória "uma vedação ou outra barreira física" que delimite os parques infantis, com vista a reduzir o risco de acidentes.
Quando publicamos aqui uma denúncia de um leitor nosso, sobre as condições de segurança em que se encontrava o parque infantil de Mozelos, cumprimos aquilo que guia as linhas editoriais deste espaço na blogosfera, e que é a denúncia pública daquilo que no senso comum está mal!
Estranhamente, foram algumas as vozes que se insurgiram contra isto no Facebook do Engenho, vociferando os seus pontos de vista sob a forma de curiosos comentários. Nunca nos causaram incómodo tais opiniões diferentes. Porém, comentários como os deste post chocam! Seja pelo seu sectarismo, seja pela insensibilidade que denotam perante um tema visa a melhoria da segurança das crianças!
Como já dissemos no Facebook, pensamos que para algumas pessoas, na sua vida seja sempre melhor viver das aparências que das realidades. Talvez para essas mesmas pessoas não tenha qualquer importância cumprirem-se regras na sociedade, o que importa é parecer e não ser. Talvez o Engenho devesse baixar os olhos e ignorar que o rei vai nú. Porém, quando são os nossos leitores que nos fazem chegar as suas preocupações e essas estão carregadas de razão, não podemos ficar indiferentes. E, sobretudo, quando o que aqui está em jogo é "brincar" com a vida de crianças! O exercício de abanar a cabeça e dizer "amen", num acto quase ecuménico, sempre esteve na génese de uma determinada coloração cá do nosso Burgo, aquela mesma que não se incomoda de usar a coisa pública quase como sua!
O senso comum num estado de direito como o nosso, diz-nos que quando em Salvaterra, Lisboa, Faro, Porto, Vila Real, Santa Maria da Feira ou onde quer que seja neste país, que existam atropelos legais das autarquias, de qualquer espécie, devem sempre sem excepção ser denunciados às autoridades competentes! Num acto legítimo de exercício de cidadania, de modo a que se façam simplesmente cumprir as leis, que legitimamente os Governos e Assembleias democraticamente representativas de todos nós criaram!
Tudo o resto é demagogia barata e tonta de quem tenta talvez tapar algum sol com uma peneira já muito furada. Ou se calhar chutar a bola do incómodo para a frente, e assim aliviar alguma pressão na sua área de influência, pois pensamos que ninguém deva colocar nada acima da segurança de uma criança!

Festival de música de verão 2010 - Jazz na Quinta da Portela

No passado Sábado, dia 19, decorreu no âmbito do Festival Música de Paços de Brandão do Cirac, na Casa da Portela, um fabuloso concerto de Jazz, pelo Grupo “Combo de Jazz de CCR do Orfeão da Feira, sob um céu estrelado e com um público muito animado, ao qual o Engenho se juntou. Como especial destaque, tivemos José Américo Belinha, tocando clarinete, filho de conterrâneos nossos.
Foi muito agradável ouvir temas entre os anos 20-60, destacando Duque Elington, Louis Armstrong, Miles Brothers, entre outros, podendo salientar temas célebres como “Summer Time”. Como convidado especial, Rui Oliveira que interpretou alguns temas de vários músicos.
Esta Formação insere-se na primeira Escola de Jazz do Concelho da Feira, do Orfeão da Feira. Tem á volta de dois anos. Constituído José Américo Belinha, Inês Monteiro, José Monteiro e Pedro Quezada.


segunda-feira, 21 de junho de 2010

Campeonato do Mundo de Futebol - 7 é maior que 3 não é?

Quanto é que ficou o jogo do Brasil com a Costa do Marfim?
Venham eles!!!





Considerações sobre a história local - Paços de Brandão (XII)



IDADE MÉDIA – ATÉ AO SÉC. XIV – XV (TERRAS DE SANCTA MARIAE - 1)

A terra na qual Paços de Brandão está inserida, chamava-se antigamente de «Sancta Mariae», nome que teve toda esta parte, que começava na foz do Douro e se estendia até ao rio Vouga. Em artigos publicados no Instituto e referente ao Mosteiro de Grijó, feito por M. da C. Pereira Coutinho, encontrei a seguinte e interessante descrição, desta região:


«A terra, em que o mosteiro de Grijó teve a sua primeira fundação, e está hoje fundado, chama-se de Sancta Maria, nome que teve antigamente a terra, que começa desde a foz do Douro para estas partes, como declaram várias doações, que estão no arquivo deste mosteiro, e o tem ainda hoje a terra circunvizinha a ele, que chamamos da Feira; o seu principal castelo, o qual sabemos de escritura autêntica, que está no arquivo deste mosteiro, se chamava pelo anos de 1093, castelo de Sancta Maria, sendo neste mesmo ano, em três de Outubro, alcaide-mór dele Flacencio, e diz o catálogo dos bispos do Porto, 1ª p., cap. 1º, fl. 13 e 16, que chamava-se esta terra da invocação de Sancta Maria, fora, porque, quando os gascões entraram na cidade do Porto, depois de estar avassalada pelos mouros, e nela fizeram assento e se puseram a conquistar toda a terra da sua comarca, que então estava sujeita às armas maometanas, a toda a que rendiam punham o nome de Terra de Sancta Maria, querendo dizer nisto que ao favor da Virgem Maria, mãe de Deus, deviam suas armas as vitórias que alcançavam. Não reprovamos a razão, antes acrescentamos continuaria a terra da Feira com o nome de terra de Sancta Maria, por assim se chamar a sua cidade do Porto, dentro de cujo bispado este quase toda, a qual cidade se chama de Sancta Maria, e como diz a Monarchia Lusitana, liv. 9, c. 13, e o declara o título, que tem à porta de sua câmara que diz – Civitas Beatae Virginis – o qual tomou da sua igreja matriz, que sempre se chamou igreja de Sancta Maria, como achei em muitas doações, feitas ao mosteiro de Grijó, e juntamente o declara o livro dos óbitos do mesmo mosteiro, onde estão escritos muitos cónegos daquela sé, que deviam ser do tempo que ela era dos cónegos regulares dizendo: Obiit N. Caanonicua Sanctae Mariae do Porto; ao que parece aludiu el-rei D. Afonso III nas cortes que fez em Leiria, pelos anos de 1254, chamando à cidade do Porto villa da igreja; e ainda, se nos é lícito de uma coisas tirarmos outras, digo que já no ano de 848 se chamava esta terra de Sancta Maria, reinando em Portugal D. Ramiro I, o qual fazendo uma doação ao mosteiro de Lorvão, neste ano de 848 lhe dá nas rendas da terra de Sancta Maria, quinhentos soldos; são as palavras latinas: Ego pró meae redemptione animae meorumque parentum in terra do vobis, de Sancta Maria, quot annis sólidos quingentos. A qual doação traz a Monarchia Lusitana, liv.7, cap. 13. Pelo mesmo nome a nomeia João, abade de Lorvão, no ano de 850, como se pode ver na mesma Monarchia Lusitana, cap. 14.

E os gascões entraram no Porto pelos anos de 963, pouco mais ou menos, como diz a Monarchia Lusitana, liv. 7, cap. 23, reinando D. Ramiro III, que é muito tempo adiante, pelo que mais antigo é a terra da Feira chamar-se terra de Sancta Maria, que a entrada que no Porto fizeram os gascões. E assim entendo se chamava terra de Sancta Maria, de uma cidade, que dentro em si tinha, fundada no monte que hoje se chama Sagitella, tendo pela parte N. o caminho mourisco, que os mouros descobriram, e pela parte P. o mar o qual é vizinho a este mosteiro de Grijó; e para a parte S. as confrontações da cidade, que nele estava fundada, a qual cidade se chamava de Sancta Maria, como declaram várias doações que no arquivo deste mosteiro há. E que aqui estivesse esta cidade o declara a carta de venda feita a 15 da kalendas de Dezembro, era de 1124, que é a seis de Dezembro do ano de 1086, a qual, para declarar a terra vendida, diz - … in villa Nogueira de Ecclesiola ab integro subtus monte Sagitella discurrente fonts de frui Lacum, in subúrbio civitatis Sanctae Mariae. Se a igreja matriz do Porto deu nome à sua cidade, chamando-se cidade de Sancta Maria, por ser da mesma Senhora a sua igreja, também o chamar-se hoje principalmente terra de Sancta Maria à da Feira, pode ser seja em ordem às muitas casas de oração que dentro em si tem da invocação de Nossa Senhora, todas de muita romagem e veneração, entre as quais é a ermida de Nossa Senhora do Campo (a mais antiga de quantas há desde o Douro até ao Vouga); como é tradição em todos os moradores destas partes de que antigamente era a Senhora da Terra da Feira, sita dentro do isento deste mosteiro, afastado dele para o N. um quarto de légua, onde acham remédio para maleitas os fiéis cristãos, que daí levam com devoção uma pouca de terra: A Senhora das duas fontes que muito pouco dista do mesmo mosteiro para a banda do mar, e está dentro do mesmo isento da invocação de Nossa Senhora da Nascença, em cujo dia tem feira, e há grande concurso de gente: Nossa Senhora d’Alimieira, que está distante deste mosteiro, para o S. duas léguas e meia, onde há grande irmandade de clérigos e grande feira no seu dia: A Senhora d’entre ambas as águas, que está para a mesma parte três léguas, onde há grande romagem, e acham indulgência plenária os que no seu dia (que é o de Nossa Senhora da Nascença e oitava do Espírito Santo), desde as vésperas antecedentes a visitam contrictos e confessados: E Nossa Senhora das Areias (que tem assim o nome por ficar junto ao mar, entre as areias da Costa Branca), anexa a S. Cristóvão de Ovar. Com tudo chama-se esta terra, por uma ou por outra razão, TERRA DE SANCTA MARIA. Entre ela está situado o mosteiro de Grijó.
E para que nada falte por saber aos curiosos, chamava-se, no tempo dos romanos, esta terra da feira Lamgobrica, como adverte frei Luís dos Anjos, no jardim que compôs da mulheres virtuosas de Portugal, fl. 3 e 6, o qual nome lhe deu o principal povo, que em si tem, chamando-a Villa da Feira, que então se chamava Lamgobrica, como consta do itinerário que deixou o imperador Antonino, que servia de roteiro aos romanos para não errarem as terras, em o qual tinha posto as principais que então havia de Coimbra até Braga, que eram – Conimbriga, Emineum, Talabrica, Lamgobrica, Cale, Bracara, e são, como declara Vasconcelos, Coimbra, Águeda, Aveiro, Feira, Porto e Braga. E como esta Terra da Feira não ter mais circuito que dezoito léguas (como consta de uma sentença, que está no cartório do mosteiro), contudo tomando-a toda desde o Douro, começando em Vila Nova, tem oitenta e oito igrejas, sitas dentro do bispado do Porto, das quais vinte têm o SS. Sacramento e cinco mosteiros, aos quais estão anexas 104 ermidas, excepto a igreja de Rio Meão com as suas duas anexas S. Pedro de Macedo, e S. Martinho de Arada, que são Comenda de Malta. É fama constante e imemorial, fundada em muitas razões, que esta igreja de Rio Meão foi dos Templários; tem mais onze igrejas das quais dez pertencem ao bispado de Coimbra e uma ao de Viseu.
A terra que é somente precisa da Feira tem conde; cuja casa e paços principais é o Castelo da Vila da Feira, em que reside. Há mais nesta Comarca da Feira oito Comendas de Cristo, scilicet – Canedo com duas anexas; Lobão e Louredo; S. Miguel de Oliveira com sua anexa, Sanct’Iago de Riba Ul; S. Miguel de Souto; S. Vicente de Pereira com sua anexa, S. Martinho da Gandara; Santa Marinha de Mondoil, S. João do Loureiro e S. Mateus de Brunheiro; Sanct’Iago de Beduído com sua anexa de Santa Maria de Mortosa; S. Miguel de Arcuzelo com sua anexa; S. Paio de Oleiros, cujo padroado é deste mosteiro de Grijó; S. Pero Fins com sua anexa Santo Estêvão de Guetim (onde está uma relíquia do Santo Lenho); Santo André de Lever anexa da dos Medos, que está da outra banda do rio. Tem também esta terra dois morgados, a que chamam o morgado de Vilar do Paraíso, que come os frutos da igreja com título de capela, ficando obrigado a mandar dizer duas missas, e dar azeite para a lâmpada do Santíssimo que nela está, e apresenta o cura. O morgado de Fermedo, onde tem suas casas, e padroado da mesma igreja.
Além da jurisdição, que o conde da Feira tem na sua terra, há oito coutos particulares, que são o de Grijó, o de Pedroso, que hoje é do colégio da companhia de Coimbra; o de Avintes que é o de Sandim, das freiras de S. Bento do Porto; o de Cucujães, que é do mosteiro de S. Bento do mesmo nome; o de Crestuma, que é do bispo do Porto; os quais todos têm juízes particulares. Esta pois é a Terra de Sancta Maria, e comarca da Feira, dentro da qual está situado o mosteiro de Grijó.
O bispado dentro de cuja diocese está hoje este mosteiro é o da cidade do Porto. Verdade é que em tempo antigo era no de Coimbra, não porque estivesse fundado em diferente lugar do de hoje, senão porque nos primeiros tempos da expulsão dos mouros destas partes, chegava o bispado de Coimbra até ao Douro, ficando dentro da sua diocese toda a Terra da Feira; e o do Porto não passava o Douro


Contudo esta origem da circunscrição territorial denominada Terra de Santa Maria, merece alguns reparos por parte do Dr. Aguiar Cardoso, que em “Terra de Santa Maria – Civitas Sanctae Mariae”, nos diz:

«É estranho que seja, ainda hoje, controversa a localização da histórica, circunscrição territorial denominada Terra de Santa Maria, embora nos mais cotados autores não se lobrigue qualquer dúvida sobre este assunto.
Sim; tais autores atribuem sistematicamente a designação Terra de Santa Maria a uma circunscrição territorial sita, toda ela, ao sul do rio Douro, sem confusão alguma com o Porto, tendo por cabeça a civitas Sanctae Mariae que hoje é a Vila da Feira. Mas, não obstante, outros autores há que, desde muito e ainda hoje, insistem em afirmar que a Terra de Santa Maria era muito vasta, prolongando-se aquém e além Douro, englobando por aí acima Guimarães e mesmo Braga, dizendo-se cabeça dessa vastíssima circunscrição territorial a cidade do Porto que era – esses o dizem – a própria civitas Sanctae Mariae.
De um e outro lado, tudo o que se colhe são meras afirmações que aparecem no decurso de quaisquer relatos históricos, não tendo pensado ninguém, que nós o saibamos, em fazer a demonstração do que afirma, e laborando muitos na confusão destas duas designações – civitas Sanctae Mariae e civitas Virginis – que poderão parecer equivalentes, mas que o não são porque, embora uma e outra se refiram à mesma bem conhecida entidade religiosa, a verdade é que sempre se aplicaram a povoações diferentes
…»

domingo, 20 de junho de 2010

Fontanários de Paços de Brandão - Fonte de Infesta

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A FONTE DE INFESTA


Lá bem no fundo da Portela existiu uma fonte secular, que devido á frescura e pureza das suas águas era muito procurada pelas gentes locais; no mesmo local existia um Marco que servia de linha de fronteira com Rio meão e o povo construiu uma fonte de granito e fronte ladrilhada nas escadas. Essa mesma fonte existiu durante séculos até que mão humana resolveu destrui-la e apagada da existência … 
Mas como na História existe uma outra estória, homenageio a mesma por este meio e peço aqui, aos responsáveis, que façam todos os possíveis para a sua reabilitação. A estória assim começava:
“O monge arfava, denotando cansaço pela longa caminhada empreendida que o trazia desde Leça do Bailio, que até o seu burrico que lhe servira de transporte se recusava andar. O dia era de canícula de sol alto no pino do dia , factor que o levou a desnortear-se e perder o rumo ao que se propunha chegar, ao seja, á igreja de Rio Meão. Há bastante tempo que os seus irmãos monges o aguardavam para a ajuda na monda dos férteis campos da Abilheira, quais formigas diligentes, trabalhavam no Verão para benefícios das agruras do Inverno. O nosso monge já bastante inseguro quanto ao rumo que deveria seguir, começou a pensar em regressar a Grijó, pois sabendo dos perigos que correria se entrasse pelo mato agreste, pois a existência de bichos e de salteadores, era normal nesses tempos da Idade Media. Mas no silencio da tarde ouviu borbulhar por entre as giestas, o cucurrulhar de água e som etéreo duma cotovia, como que o convidando a embrenhar-se mata adentro. Qual o seu espanto, após ter sido cravado de espinhos encontra uma fonte de agua corrente, um ribeiro de aguas escorridas e um imenso campo pinado de trigo e de milho. Sofregamente, tanto ele como o dócil burrico bebericaram da mesma, agua até se fartarem e se molharam para espantarem o calor e os mosquitos… Seguindo o seu instinto para norte bem junto ás margens do ribeiro, encontrou passados alguns metros a igreja que tanto procurara e pensara nunca lá chegar. A tal fonte fora primeiramente encontrada pelos Celtas, que lhe deram o nome de Barreiras, mas mais tarde os Romanos, devido ao seu local infestado de mato, deu-lhe o nome de Infestium, ou seja, local infestado de ervas daninhas e espinhaços circundados por barreiras de flora alta. Aos poucos foram desbravando o local servindo-se das terras para cultivo e das aguas para regadio. Depois da fundação de Paços de Brandão, o nosso fundador serviu-se do local para o sementeiro, dividindo o mesmo com o seu irmão, Carlos, que lhe fora conferido a terra Riomeonense, que sendo celibatário, antes da sua morte, conferiu os seus direitos á ordem religiosa; somente na Idade Média, depois de muitas questiúnculas e disputas das ditas aguas, esta serviu de fronteira entre as duas freguesias, sendo depois no século XVII, como ponto comum os Marcos a separação e o ribeiro deixou de ter a importância que detinha. A dita fonte tornou-se em local de Romaria e muito procurada pelas gentes da região.

NB: Daqui envio um repto e em pergunta pertinente: para quando a reconstrução da fonte de Infesta, que foi promessa de quem a enterrou e alguém resolveu destruí-la?


 Fotos: (em cima ) - Fonte de infesta ; (em baixo) - Marco de Infesta

Bardo da Lira

sábado, 19 de junho de 2010

José Saramago - (16 de Novembro de 1922 — 18 de Junho de 2010)

Para quando uma Quinta assim com Austrálias, Pinheiros e um prado de fazer inveja?

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Saudações de amizade.
Há cerca de oito dias li mais um comentário sobre a nossa quinta, o assunto era sobre a intervenção na quinta, Fiscalização Ambiental.
È certo que não gosto de estar sempre a falar da Quinta do Engenho Novo. Eu estou de acordo que se tinha que fazer alguma intervenção. No entanto, não concordo com tudo o que se fez.
Mas o que me leva a fazer este comentário, é não partilhar da mesma opinião, do Sr. Júlio Augusto Silva quando diz que a quinta, digo área da rotunda está mais bonita, mais agradável. Com certeza não está habituado a fazer piqueniques e convívios na quinta. Na área da rotunda, faltam algumas árvores que davam sombra no inicio da tarde, sendo esse local o mais apetecível para os convívios, a falta da sombra obriga a entrar mais para o interior da mata. Os mirones vão estar mais atentos. Concordo que o mundo é feito de mudanças, mas também estou de acordo que a intervenção na quinta devia ser mais faseada e pecou por tardia.
Eu gosto da natureza e fico maravilhado quando vejo um local de lazer, limpo e asseado.
Para quando uma Quinta assim com Austrálias, Pinheiros e um prado de fazer inveja?

Avelino Almeida

S. Paio de Oleiros - Feira das colectividades 2010

Longe vão os tempos em que nos lugares, ou nos bairros, as pessoas se juntavam por ocasião dos santos populares e, ao seu jeito, faziam da ocasião festa, e da festa motivo de confraternização e com isso estreitavam os laços que unem o povo a uma terra.
Em S. Paio de Oleiros, foi um pouco envolto nessa nostalgia que o Engenho encontrou a Feira das Colectividades 2010!
Contagiando toda uma população, esta espécie de arraial dos santos populares, conseguiu mobilizar as pessoas para o objectivo comum, que é a angariação de fundos para as colectividades Oleirenses, onde até o próprio presidente de Junta participou activamente! Arregaçando realmente as mangas e colocando as mãos na obra, ajudou nas tarefas de preparação das tendas. Um exemplo interessante a seguir talvez pelos companheiros de outras terras!
Desde as tradicionais tasquinhas de comes e bebes e porco no espeto, passando pelas rifas e bazares de ocasião, numa espécie de mercado popular improvisado, por aqui pode-se encontrar de tudo um pouco! Pelo que desde já endereçamos o convite a todos que possam, que façam a sua visita a Oleiros neste fim de semana.
Paralelamente a este evento, comemoram-se além dos 100 anos da Tuna Grupo Musical de S. Paio de Oleiros, os 20 anos de elevação a Vila desta freguesia (Paços de Brandão, onde se assinala o 25º aniversário de Vila, ainda é desconhecido o que se irá fazer!).
Este sábado a noite fica ainda marcado pela actuação dos grupos musicais locais.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Rio Meão - Feira dos passarinhos

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Só fachada

Aos estimados leitores deste nosso espaço cibernético já não lhes passa despercebido o facto de Paços de Brandão ser terra de gente briosa e de esmero pelo bem público.
E porque a altura é também ela de festa, não passou despercebido aos olhos do Observatório do Engenho o facto de lá para os lados do nosso prezado Palatiolo a coisa andar animada.
Das limpezas passamos às lavagens e pinturas! Dá até gosto vê-los nesse frenesim às voltas com o embelezamento da fachada (coisa que por cá abunda!!!) e com a preparação do recinto que irá receber todos os convidados já no próximo dia 25 de Junho, tal como aqui tivemos a oportunidade de anunciar. Segundo podemos apurar, animação e diversão são coisas que não irão faltar, com a vantagem de a entrada ser de borla!
Não obstante, e apesar de todos os ilustres convivas se verem obrigados a ter de fazer uma primeira maratona de obstáculos e do “não acertem no paralelo” para lá chegar (note-se que tudo em nome das tradições que não se podem perder), é certo e sabido que, pelo menos, a recepção autárquica prevê-se que compense em larga escala todos esses esforços e intempéries.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Considerações sobre a história local - Paços de Brandão (XI)

IDADE MÉDIA – ATÉ AO SÉC. XIV–XV

D. AFONSO HENRIQUES (1109–1185)


A data do nascimento do nosso 1º Rei é mencionada por alguns historiadores como tendo acontecido em 1108, 1109, 1111, etc. Também o local do seu nascimento, é objecto de diversas opiniões, uns dizem que nasceu em Guimarães, outros em Coimbra, outros ainda, que nasceu em Viseu e existe quem afirme que foi em Cárquere (Resende) que veio à luz do dia o nosso 1º Rei. O certo é que foi Egas Moniz que o criou e foi um «aio», fiel e leal, durante toda a sua vida, ao que, o próprio D. Afonso Henriques não foi estranho, pois o agraciou, entre 1128 e 1146, com diversas honrarias, de entre as quais a de Resende. D. Afonso Henriques, morre a 6 de Dezembro de 1185 e está sepultado na Igreja de Santa Cruz de Coimbra.
Em 1125, o jovem Afonso Henriques arma-se a si próprio cavaleiro, na Igreja de São Salvador, em Zamora, segundo o costume dos reis. Casou em 1146 com Mafalda de Sabóia, filha de Amadeu III de Sabóia, e do matrimónio teve os seguintes filhos:
1 – D. Sancho I (n.1154 m.1211) – 2º Rei de Portugal, casou com Dulce de Barcelona.
2 – Henrique.
3 – Sancha.
4 – Urraca, casada com Fernando de Leão.
5 – Mafalda, casada com Afonso, rei de Aragão.
6 – Teresa, casada com conde de Flandres.
Bastardos:
1 – Pedro (Grão-Mestre de Rodes)
2 – Fernando Afonso (Tenente General do Reino)
Em 1128 (24 de Junho de 1128), trava-se a batalha de S. Mamede (Guimarães), entre os partidários de D. Teresa e do Infante D. Afonso Henriques.

A BATALHA DE S. MAMEDE
Era de 1166 (1128) – D. Teresa, viúva e sucessora de D. Henrique, publicamente amancebada com o conde galego Fernando Peres, deu com os seus escândalos pretexto para uma revolta, pondo em risco a conservação dos vastos domínios herdados de D. Henrique, seu marido. É claro que os motivos eram outros. Os infortúnios da Regina de Portugal, principalmente o de 1127, em que perdeu o domínio dos territórios de Campos e da Galiza, para o seu sobrinho leonês, com reconhecimento e vassalagem prestada, acabou por decidir a sublevação dos barões, que encontraram motivo suficiente para se erguerem contra D. Teresa.
O Infante Afonso Henriques, de curta idade ainda, ou capitaneava ou era pendão apenas, da revolta, que tinha por chefes: os senhores da Maia, filhos de Soeiro Mendes «o Bom»; os de Riba-Douro, Egas Moniz e seus irmãos; os de Marnel, Fernando Gonçalves e seu filho Mendo; os de Sousa, Gonçalo e Soeiro; os filhos de Paio Guterres da Silva; os de Bragança; o arcebispo de Braga, D. Paio Soeiro Mendes; dois castelos, o de Neiva e o da Feira; contribuíram para o êxito do jovem príncipe, que vence e expulsa D. Teresa em 1128 e conduz, com mão firme, uma guerra em duas frentes, consolidando a autonomia de Portugal a Norte, e, alargando para sul os limites do território, com as conquistas de terras aos muçulmanos.

O Mosteiro de Santa Maria de Cárquere
O Mosteiro de Santa Maria de Cárquere era masculino e pertencia aos Cónegos Regulares de Santo Agostinho. A data da sua fundação permanece incerta, contudo em 1099, a igreja terá sido reconstruída. Estava sob a dependência do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. Em 1146, morreu Egas Moniz de Ribadouro, deixando ao Mosteiro significativo legado em testamento.
A remota origem do Mosteiro de Santa Maria de Cárquere propícia especulações quanto à sua edificação: na época período suevo-visigótica (séc. VI-VII); durante a reconquista cristã aos mouros (séc. IX-XI); se a fundação, ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, em 1131.
A lenda associa o Mosteiro de Santa Maria de Cárquere à cura do infante D. Afonso Henriques, futuro rei de Portugal. O Conde D. Henrique seria o responsável pela sua construção em agradecimento a Nossa Senhora de Cárquere, pela cura realizada nas pernas de D. Afonso Henriques. Milagre que, segundo alguns historiadores, foi um meio de encobrir a verdadeira filiação de D. Afonso Henriques.

QUANDO COMEÇOU D. AFONSO HENRIQUES A INTITULAR-SE REI?
O estudo da Idade Média, no que diz respeito ao nosso país, é provido de um grau de dificuldade muito elevado, o poder e a administração dos grandes senhores (reis, nobres, etc.), associam-se a determinadas instituições (eclesiásticas, etc.) ou privadas, a quem os monarcas faziam doações; faltando, em muitos casos, documentos fiáveis, para suporte de um estudo sério. O domínio da escrita e da cultura era atributo de poucos, era a Igreja, o seu maior detentor, é ela que nos dá a conhecer o maior número de documentos desta época «arquivos eclesiásticos».
Não é de estranhar, que em época anterior à fundação da nacionalidade, já existissem muitos arquivos eclesiásticos, uma vez que já estavam implantadas diversas instituições religiosas, antes do Condado Portucalense, em 1143. Muitos destes documentos, deram entrada, principalmente no século XIX, no Arquivo da Torre do Tombo. Contudo, a sua preservação, arquivação, as intempéries, e outras causas (desde incêndios até à sua destruição, pelos meios mais diversos), levou a desagregações irreparáveis e misturas indevidas, de documentação de distintas proveniências. Documentos há que nunca foram objecto de estudo e muito menos de divulgação da sua existência. Acontece que, por vezes, um ou outro investigador, recolhe neles, dados para os seus trabalhos, mas não têm ampla publicitação.
O acaso, como diz o Dr. Paulo Merêa, é, por vezes, um excelente amigo dos investigadores, um trabalho, «Quando Começou D. Afonso Henriques a Intitular-se Rei ?», que este ilustre historiador publicou, é bem prova do que atrás disse. Foi publicado, primeiro na revista «O Direito», depois na «Revista de Estudos Históricos», como se segue:

I
«O acaso, excelente amigo dos investigadores, deparou-me recentemente, um diploma inédito do Arquivo Nacional, uma particularidade interessante sobre o uso do título de rei pelo nosso primeiro monarca. Quando começou D. Afonso Henriques a usar nos seus diplomas o título de «rei» (rex)? É geralmente sabido que não principiou a usá-lo apenas tomou conta do governo: pelo contrário, nos primeiros anos, e ainda depois da morte da mãe, intitulou-se apenas «infante» (infans), como filho da rainha D. Teresa, e às vezes príncipe, palavra de significado vago aplicada genericamente aos indivíduos que governam algum território e que já fora usada por seu pai D. Henrique. Os dois mestres da história portuguesa antes de Herculano, António Caetano do Amaral e João Pedro Ribeiro, declaravam não conhecer nenhum documento anterior a 1140 no qual D. Afonso Henriques usasse o título de rei, e igual declaração fez Alexandre Herculano, para quem o diploma mais antigo nestas condições é uma doação de 10 de Abril desse ano que se encontra na célebre LIBER FIDEI. Note-se, porém, que não aparecia (nem aparece) nenhum documento de D. Afonso posterior a Abril de 1139 e anterior à referida doação, lacuna que Herculano explica pelo estado constante de luta, primeiro com os mouros, depois com o Imperador. Nestas condições, cumpre reconhecer que a diplomática, se não fornecia um argumento demonstrativo à tradição segundo a qual D. Afonso fora aclamado rei por ocasião da batalha de Ourique, também a não contrariava, antes de certo modo a favorecia. Isso mesmo viu Herculano, e como na sua História arredasse de vez a lenda da aclamação de Ourique, procurou relacionar com outro facto de armas – o recontro de Vai de Vez -, o facto de ter D. Afonso Henriques passado a usar o título de rei. Este «facto gravíssimo» representaria, na bem arquitectada dedução de Herculano, uma reacção contra o tratado de Tui de 1131, em que D. Afonso se vira forçado a intitular-se infante, renunciando ao título de príncipe que já anteriormente usara. Toda a sua argumentação se estriba na circunstância já assinalada de se não conhecerem documentos régios dos últimos cinco meses de 1039. Por isso ele declara expressamente que um diploma original desse período no qual D. Afonso Henriques se denominasse rei destituiria a sua hipótese. E acrescenta: «As diligências que temos feito para encontrar foram baldadas; outros serão porventura mais felizes». Ninguém depois de Herculano encontrou nenhum diploma nessas condições. Por isso, e pelo prestígio do grande Mestre, a sua opinião passou quase em julgado.

II
Não foi «um diploma original dos últimos cinco meses de 1139» que eu encontrei. Confirmou-se-me até, nas pesquisas a que tenho procedido, a falta absoluta de documentos originais de D. Afonso Henriques desde Julho de 1139 a Abril de 1140. Veio, porém, ao encontro da minha curiosidade uma espécie não menos curiosa: um pergaminho arquivado na Torre do Tombo, com data anterior à batalha de Ourique, no qual D. Afonso já se intitula rei. Proveniente de S. Cruz de Coimbra, tem a seguinte colocação: Colecção Especial, caixa nº 35 da 2ª Série, maço 4º, e encontra-se reproduzido, com ligeiras variantes de ortografia, no chamado Livro Santo, a fl. 28 e 26 v. Esta parte da Colecção Especial, «na qual se encontram os pergaminhos vindos de diversos mosteiros da Beira e Minho, recolhidos por Herculano e outros» (Azevedo e; Baião, O Arquivo da Torre do tombo, pág. 30), é das colecções do arquivo menos consultadas. O seu conteúdo acha-se publicado até ao ano de 1100 nos DIPLOMATA ET CHARTAE, mas os documentos posteriores são pouco conhecidos, e provavelmente o próprio Herculano, se os percorreu, foi muito superficialmente. O documento a que me refiro é uma doação régia (carta testamenti et ftrmitudinis) feita em Março de 1139 (mense martio era M.C.LXX.VII), portanto cerca de quatro meses antes de Ourique. D. Afonso Henriques intitula-se por duas vezes, no princípio e no fim, «portugalensium rex». É, indubitavelmente, um pergaminho do século XII e a sua autenticidade resiste, creio, ao mais escrupuloso exame diplomático. Dada a falta de documentos durante o extenso período a que acima aludi, não é de estranhar que só passado mais de um ano volta a aparecer um diploma em que D. Afonso Henriques adopte o título de rex. Tão pouco deve estranhar-se que, usando nesta data do título de rei, D. Afonso torne ainda a intitular-se princepes e infans. Também já, depois de por várias vezes se denominar rei em diplomas, correntemente aceites por bons, o nosso primeiro monarca usa apenas o título de príncipe numa doação de 1141». (Dr. Paulo Merêa)

CRONOLOGIA
1130 – 1137 – Guerras com Leão; invasão da Galiza, 1130, 1135 e 1137; fixação definitiva das fronteiras do norte (Minho) e leste, além-Douro. Pazes de Tui.
1139 – Batalha de Ourique (Julho),
1140 – Quarta invasão da Galiza; torneio ou bufúrdio e tréguas de Valdevez. Afonso Henriques toma o título de Rei.
1143 – Pazes e contrato de Zamora; reconhecimento da independência pelo Imperador de Espanha; suserania do Papa.
1147 – Conquista da linha do Tejo: Santarém (Março), Lisboa, Sintra, Palmela, Almada (Outubro e Novembro).
1151 – 7 – 8 – Três investidas contra Alcácer do Sal, afinal tomada.
1160 – Conferência de Cela – nova; tratado de limites entre Leão e Portugal, nas ulteriores conquistas aos sarracenos; fronteira do Guadiana.
1161 – Invasão sarracena: perda de Alcácer do Sal e das conquistas Além-Tejo.
1162 – Surpresa e tomada de Beja.
1165 – Idem, tomada de Évora, Moura, Serpa, Alcouchel, Cáceres, Truxilho (1166).
1166 – Derrota do infante Sancho em Arganal, pelos leoneses; última guerra de Leão; invasão frustada da Galiza.
1169 – Ataque de Badajoz, e derrota dos portugueses.
1171 – Segunda invasão sarracena; primeiro cerco de Santarém, socorro de Fernando II.
1179 – 82 – Invasões sucessivas dos sarracenos, que dominam em todo o Alentejo.
1184 – Segundo cerco de Santarém, frustado e retirada dos muçulmanos.
1185 – Morte de Afonso Henriques, sucessão de Sancho I.
1189 – Irrupção dos almorávides, rechaçada; expedição ao Algarve, tomada de Alvor e Silves (Setembro).
1191 – Invasão sarracena; perda de Silves ou de todo o Alentejo.
1195 – 1200 – Guerras de Leão.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Assembleia de Freguesia dia 25 de Junho

Encontra-se afixado no Edital da Junta de Freguesia (aquela coisa com vidros na curva onde o Mino estaciona o Mercedes, e quase ninguém conhece!), informação relativa à próxima assembleia de freguesia, e que diz entre outras coisas, que a data da sua realização, está agendada para dia 25 de Junho depois da hora do café, isto é: pelas 21:30h.
Como habitualmente, esta informação ficou confinada a um determinado grupo dos do costume, pelo que ao comum Brandoense continuará a passar-lhe ao lado a ocasião, e em tempos de futebol todos os dias na tv, ainda menos!
No Engenho, como sempre, tentamos trazer esta informação aos nossos prezados leitores com a celeridade possível, de modo a que não só eles, mas também toda a população interessada, possa participar desta reunião... que ultimamente costuma a ser divertida!

A escultora ceramista Sofia Beça na Quinta do Engenho Novo

Foi na manhã quente e solarenga de um feriado primaveril, no passado dia 3 de Junho, que a Escultora e Ceramista Portuense Sofia Beça, escolheu para fotografar para uma exposição em Valladolid, mais um dos seus trabalhos. Inspirado naquilo que é a sua visão artística da floresta portuguesa, moldada em grés, e onde implicitamente pretende alertar a consciência ambiental e ecológica de cada um de nós, para o mal que representa para a sociedade a contínua destruição da nossa floresta, quer por acção dos incêndios, quer pelos abates indiscriminados de árvores.
Depois de em Abril passado ter feito a descoberta e o reconhecimento do cenário escolhido, e mesmo quando chegou a ser posto em dúvida, com o desbaste nas árvores ocorrido da parte de cima da Quinta, este acabou sempre por ser o local eleito, conforme confidenciou Sofia Beça ao Engenho, numa conversa agradável em jeito de entrevista. Ainda de acordo com as suas palavras, este cenário proporcionado pelas árvores e pelas suas sombras oferecido pela Quinta na zona que escolheu, era em termos de espaço, paisagem e luz quase perfeito para os objectivos traçados para esta sessão fotográfica. Ficou, por isso, aberta a possibilidade de regresso num futuro próximo, isto se estas condições paisagísticas se mantiverem inalteradas claro está!
De registar, ainda, que apesar da descrição que esta sessão fotográfica tentou manter, algumas figuras de freguesia, nomeadamente o nosso querido Mino, não lhe passaram ao lado! E de dentro do seu bólide, fez questão de acompanhar toda a sessão! Isto revela um interesse desconhecido pela arte do nosso presidente, ou então, talvez represente apenas algum incómodo sentido pelo uso de um espaço público sem o seu conhecimento... ou melhor, consentimento!

Fontanários de Paços de Brandão - Fonte de Penas

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A FONTE DE PENAS

Fonte existente perto do lugar da Mata, nos terrenos da antiga fabrica ainda em laboração de Lino Carvalho, sofreu durante as últimas décadas várias transformações, deslocações até ficar com água corrente na actualidade e longe do local primitivo; das antigas fontes resta a pia e sofreu obras de melhoramento que a tornou na actualidade numa das fontes mais bonitas do concelho, a merecer uma visita dos habitantes locais. Proveniente do ancião arcaico da nossa língua, julga-se ter sido construída durante o domínio celta na região, tem como proveniência dalgum talude em forma de rocha, rochedo, não se sabe ao certo do porquê do nome, mas já existia na Idade Média, em 1258, como Arriba de Penas, talvez por existência dum ribeirito corrente em que existisse alguma presa ou quedas de água, daí o nome.

Bardo da Lira

terça-feira, 15 de junho de 2010

A Minha Opinião



Muitos comentários têm sido efectuados, ultimamente, a artigos que têm sido publicados no nosso “Engenho”, muitos deles depreciativos, caluniosos até, e que pretendem fazer passar uma mensagem que não se enquadra, em nada, do que tem sido, até ao momento, a actuação e a disposição de publicar artigos ou simples comentários, neste Blog, por parte dos seus administradores.

Com efeito, a visão de um cidadão normal, é cerca de 180º. No entanto, para uns certos e determinados «senhores» cá do burgo, o seu grau está bastante diminuído, só devem ter aí um máximo de 45º, além de serem daltónicos, pois apenas conhecem uma cor. Como já se está a transformar numa doença crónica, qualquer dia terão de recorrer a qualquer médico, do foro psicológico, para serem tratados e usufruírem da qualidade de vida de um cidadão normal.

O Homem tem faculdades às quais não pode e nem devia fugir; uma delas é a clareza do diálogo, que deverá exigir uma certa compreensibilidade, uma certa transmissão de pensamento. É que claro que não é de fora das questões, que se atinge a verdade e um verdadeiro diálogo. É necessário uma certa identificação com aquilo de que vamos tratar, para se fazer passar a mensagem. O clima do diálogo é a amizade, é a compreensão, é um serviço que se está a prestar e que qualquer cidadão, sejam os mais «pequenos» ou os «maiores», têm o direito e a obrigação de nele participar.

Ninguém é estranho, ninguém é indiferente ao que nos rodeia. Ninguém, se não o quer ser, é inimigo de si próprio. Temos em comum a VIDA, com tudo o que de bom ou de mau ela nos possa dar. Temos a obrigação de viver em PAZ e HARMONIA, mas não nos poderemos esquecer e alhear dos problemas inerentes à sociedade em que estamos inseridos. Há valores ideológicos, religiosos, humanos, que temos que respeitar, mas também temos a obrigação de os fazer respeitar. Não podemos, é fazer de conta que não se vê, não se ouve, aquilo que certas e determinadas pessoas dizem ou fazem, só porque se julgam estar acima dos outros cidadãos e, muitas vezes, exercem pressões religiosas, políticas, etc., só com o objectivo de esconderem factos que se apresentam reais face ao cidadão normal (àquele que tem um grau de visão de 180º).

O cidadão normal, deve ter liberdade de acção, quer seja política ou religiosa, deve poder expressar-se livremente, em Paz e Harmonia, sem estar sujeito a qualquer tipo de coacção. A verdade não deve ser atenuada ou diminuída, deve ser encarada frontalmente e acompanhada de um diálogo franco, fraterno e verdadeiro. Não podemos dizer que uma coisa é amarela quando é preta. Para os bons entendedores julgo que estas palavras bastam, para os outros, só lhes resta tratarem-se e viverem como cidadãos normais!...