sexta-feira, 11 de junho de 2010

Um Conhecimento para Recordar

CONCEITO DE HISTÓRIA

O valor da História na cultura de todos os cidadãos é, e deverá ser, hoje mais do que nunca, um factor primordial na sua formação, quer na área do ensino, quer na sua parte intelectual.
A História é um contributo de cada povo e de cada época para a obra comum da civilização, deverá ser um instrumento para a melhoria do mundo de hoje, englobando, entre muitas outras coisas, a melhoria da realidade de uma nação ou de uma simples povoação.
O pai da História é considerado Heródoto, escritor grego, século V A.C., que no “Prólogo das Histórias” nos diz: «Esta é a exposição das informações de Heródoto de Halicarnasso, a fim de que os feitos dos homens, com o tempo, se não apaguem, e de que não percam o seu lustre acções grandiosas e admiráveis, praticadas quer pelos Helenos, quer pelos bárbaros, e, sobretudo, qual a razão por que entraram em conflito uns com os outros.» (Hélade – Antologia da Cultura Grega, organizada e traduzida do original por Maria Helena Rocha Pereira – Coimbra/1959).
O primeiro dos objectivos de um historiador seria o de conhecer, na medida do possível, a verdade dos acontecimentos históricos, das suas relações de tempo e de espaço, das correlações e implicações causais que entre si mantêm.
Estuda-se História para melhor interpretar, apreciar e valorizar, a nível nacional ou internacional, a acção dos homens e conhecer o contributo de cada povo, dado à causa da civilização. De uma narração verídica e ordenada de factos humanos ocorridos em tempos longínquos, passou-se, nos nossos dias, a um novo conceito histórico, é pois o estudo de todos os acontecimentos importantes que se deram no devir universal.
Diversos historiadores consideram que o conceito de História terá que passar por dois sentidos: um geral – narração verídica de factos; outro particular, narração verídica dos factos pelos quais passou a humanidade. A História é uma reconstituição do passado e como tal, o historiador deve observar um método rigoroso, uma crítica severa dos documentos e uma imparcialidade escrupulosa; são estas algumas das condições essenciais que terá que observar.
O facto histórico é único, pois ocorre só uma vez, é portanto um acontecimento singular, humano ou natural, localizado no tempo e no espaço. Como o facto histórico não pode ser observado directamente, o historiador tem que reconstruir os acontecimentos, buscando os factos. Tem que se socorrer de documentos, sem eles não se pode fazer História, mas na sua posse, precisa de tratá-los, necessitam de ser iluminados pela crítica, discernir o verdadeiro do falso, o provável do ilusório, o certo do duvidoso. À recolha dos documentos dá-se o nome de heurística (crítica externa) ou hermenêutica (crítica interna) e como ciências auxiliares da História, temos como importantes a: Arqueologia, Geografia, Paleografia, Diplomática, Cronologia, Numismática, Esfragística, Heráldica, Filologia, etc.

MÉTODO DA HISTÓRIA

A questão que se põe é: como chegar ao conhecimento dos factos históricos?
O método da História será, pois, o caminho a seguir para se atingir o conhecimento exacto de um determinado facto. Sabemos que o facto histórico é irreversível; a História, como ciência, não tem uma verificação experimental de os acontecimentos do passado; jamais se terá as condições de se demonstrar experimentalmente as causas de um determinado acontecimento. Cada facto histórico é sempre um facto singular, a História deve ser encarada como uma ciência do homem, uma ciência do espírito (Dilthey); é pois a Arqueologia o campo experimental da História, estuda os traços materiais deixados pela acção do homem, é feito uma reconstituição de um facto histórico, com uma relativa objectividade, recorrendo-se a outras ciências auxiliares para a crítica dos documentos encontrados.
HIPÓTESES HISTÓRICAS

Na crítica das fontes, o historiador pronuncia-se sobre o valor e autenticidade dos testemunhos, após isso, tenta reconstituir os factos e ligá-los uns aos outros, estabelecendo relações de causalidade para formar a síntese histórica. Os testemunhos relativos ao passado podem ser transmitidos por três fontes:
1 – Tradição ou transmissão oral;
2 – Os monumentos ou transmissão real e material;
3 – Os documentos ou transmissão escrita.
Para ligar estes factos surge a hipótese; a sua importância é extraordinária no desenvolvimento dos factos históricos. Procurar reconstituir, interpretar e interrogar, serão dotes do historiador, que com espírito de finura, raciocínio e a intervenção contínua de hipóteses, levará à reconstituição do facto histórico.

SÍNTESE HISTÓRICA

A síntese histórica consiste não só na reconstituição dos factos, mas no estabelecimento das suas relações causais. O historiador não deve só descrever os factos, mas, principalmente, deve saber interpretá-los e compreendê-los, é que na História, o conhecimento é único e não se repete. Não se considera História como ciência exacta, porque não se pode prever factos futuros, contudo pode-se chegar a leis de carácter estatístico, servindo-se da história comparada.
Não se pode atribuir ao historiador as mesmas leis porque se rege um cientista; este tenta descobrir as relações constantes entre os fenómenos que observou, traduzindo-os em leis; o historiador tenta compreender o particularismo dos factos passados, num esforço para se libertar do seu próprio condicionalismo, como sujeito moral e político que sempre é. O bom historiador é aquele que, na vasta teia dos acontecimentos, vai destrinçar os fios da complexidade causal para indicar os que desempenharam o papel de mais relevo num dado fenómeno. Como missão na composição da História, deverá suprir a insuficiência dos testemunhos; deverá determinar a ligação e o encadeamento dos factos. Se a História só tivesse por fim saber o que os autores escreveram, isto bastaria; mas o historiador quer saber se escreveram a verdade, pelo que inquirirá se este ou aquele autor tem veracidade, únicas garantias necessárias e suficientes da verdade do testemunho.

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