quinta-feira, 24 de junho de 2010

A MAMOA OU TALUDE DO BARROSO

“Onde a água corre nos vales do teu leito, apetece-me aconchegar-te no meu peito. No fundo da tua terra existe, esse ribeiro jocoso, que o povo sábio lhe deu, o nome de Barroso.”

Nas calendas da história, os termos toponímicos de Barroso, provêm da palavra latina Barrissem, terra alamada ou de barro, derivado da presença de diversos riachos ou nascentes de água; com o derivado uso a palavra latinou-se para a actual, Barroso, por influência dos vales verdejantes, óptimas para agricultura e gado. Era terreno alagadiço, muito procurado para a pastorícia, sendo entremeado com as culturas e o pastoreio, consoante as estações do ano. Era neste lugar de Paços de Brandão que corria o enigmático ribeiro da Abelheira, onde pontificou uma importante indústria papeleira, que terminava no lugar da Azenha, também ele pejada de fábricas papeleiras, hoje infelizmente todas elas desactivadas, que conheceram um progresso com a chegada da electricidade; mas que pouco resistiram ao progresso e fizeram esquecer a importância dos séculos XVIII e XIX, onde a força motriz era essencialmente hidráulica. Das ditas fábricas somente a da Azenha se encontra em bom estado. Quanto às outras, caíram e são só recordação.
Mas voltando ao Barroso, existe bem no fundo deste lugar, um enorme pedregulho, donde do seu interior jorram diversas correntes de água pura e fresca, e imponente se mantém, indiferente ao passar dos séculos. Esta enorme pedra granítica, deve fazer parte das antigas Mamoas, que existiram no lugar da Mó, Zabumba e Monte de Baixo, que fisicamente eram parecidas e que foram destruídas com a expansão e crescimento habitacional da nossa terra. O que deveria ter sido preservado foi destruído, não restando vestígios das mesmas, restando quase por milagre esta Mamoa, mesmo assim defendida pelo seu proprietário que impediu que a mesma fosse destruída para a construção duma estrada… ainda bem que assim o fez, porque ela ainda existe e poderá ser revista pelas pessoais locais e não só. Mas atenção, que o local é pertença dum privado, e pedir faz parte da boa educação!
Das memórias populares da localidade, em que a nossa terra rural que era tem muitas histórias, cantorias, e do pouco que restou, é salutar encontrar certas cantilenas populares.
Antigamente quando os filhos dos lavradores iam apascentar o gado para o fundo do Barroso ou para o Monte, combinavam todos por meio de cantares, acordarem na manhã seguinte os companheiros, o lugar que seria escolhido nesse mesmo dia, sendo que o primeiro que passasse dava o sinal aos outros em voz alta, com a seguinte cantiga:

1º- Ó lai – Lina, deita para a rua, os teus bois, ó Delfina, que os meus já lá vão, ó lá lai ,ó lá ó lão.
2º- Ó lai – lele, deita os teus bois fora ó Manele, que os meus já lá vão, ó lá ó lá, ó lá o lão.
3º- Ó lai – loza, deita os teus bois fora, ó Rosa deita para a Lavoura, que os meus já lá vão, ó lá lai, ó lá o lão.
4º- Ó lá – lia, deita os teus bois fora para a quintinha, ó Maria, que os meus já lá vão, ó lá lai, ó lá o lão.

Fotos: em cima- Barroso antigamente; em baixo Barroso na actualidade

Bardo da Lira

1 comentário:

  1. Quando é que uma Mamoa é o fundo de um monte?!!!...Quando é que uma Mamoa é um Talude?!!!...Quando é que um pedragulho é um monumento megalítico?!!!...Consulte um dicionário e um qualquer compêndio de história, no que se refere à pré-história.

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