quarta-feira, 30 de junho de 2010

A SOPA DOS POBRES

Esta foto de 1922 reporta a uma das muitas "kermesses" que se realizavam e que denominavam de “SOPA DOS POBRES“, numa salutar acção de solidariedade para com os mais necessitados.
Em artigos de 1898, do Correio da Feira, assinala-se que mensalmente se realizavam estas "kermesses", sempre com as damas e senhoras da classe alta como Beneméritas, onde não havia altruísmo da sociedade e a diferença entre classes eram colmatadas com estas actividades.
Esta foto refuta a 1922, algum tempo após a morte do Pe. Celestino. A Junta de Freguesia de Paços de Brandão então liderada pelo Joaquim Macedo, Agostinho Alves Carvalho, o escriturário da Junta e seu pai José Alves Carvalho, numa iniciativa conjunta com mais alguns Brandoenses de bom coração, resolveram deliciar os mais pobres e desfavorecidos da nossa terra com uma semanal sopa para os pobres. Embora sendo de ideias diferentes, estes homens uniam-se na ajuda aos mais carenciados, oferecendo todas as quintas-feiras uma sopa bem forte, regada com vinho, água com limonada para as crianças e um pouco de pão. Era servido na eira junto à cozinha existente na antiga Junta e era cozinhada por algumas senhoras que se ofereciam para ajudar e proporcionar alguns momentos de felicidade aos nossos pobres.
Naquele tempo, as freguesias podiam ter um Juiz de Paz, nomeando um grupo de homens sérios, honestos e cultos, que eram chefiados pelo seu presidente (juiz) e o Oficial de diligências, que na altura era o responsável Francisco da Ferreira. A rivalidade entre os Monárquicos e Republicanos era grande, mas pelo menos para dar de comer ao povo todos se uniam, numa altura que os empregos eram poucos e a fome era muita. Neste acto solidário a figura de Carlos Vieira Pinto foi fundamental, como sócio da fábrica de massas alimentícias. A "Camponesa" oferecia sempre nestas alturas o macarrão. Esta iniciativa juntava a freguesia e a foto assim o confirma: a beleza da fotografia com todas estas crianças, mulheres, homens compostos e idosos, eiva-se sempre o louvor, um gesto nobre e humano de pessoas que se preocupavam em fazer o bem e ajudar o próximo.
Será que actos como estes seriam possíveis neste tempo onde o egoísmo e a vergonha imperam?

Bardo da Lira

1 comentário:

  1. Não me acredito, pois quem mais tem mais quer, infelizmente.
    Antigamente podia-se passar muito, mas não havia tanta inveja,tanto egoísmo, nem ganancia, nem vergonha, enfim, triste mundo...

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