Antes de me dedicar à descrição destes monumentos megalíticos, chamo a atenção para a dificuldade que os historiadores têm encontrado, quando escrevem sobre pré-história, o que levou Alexandre Herculano a escrever o seguinte: «Quem lê desprevenidamente os escritores antigos e os modernos que aproveitaram as sua afirmações, frequentemente disparatadas e algumas vezes opostas, para sobre elas edificarem os sistemas mais contraditórios acerca da divisão dos povos da «Hespanha», só pode tirar uma conclusão sincera: é que em tal matéria pouquíssimos factos têm o grau necessário de certeza para serem considerados como históricos.»
Vem isto a propósito de estar a ser confrontado com teorias, de tal maneira abstractas e com uma falta de conhecimento histórico, referentes a assuntos da nossa Pré-História, não se fazendo a devida localização de factos tão importantes, como das raças humanas que passaram ou se instalaram neste cantinho, a que os antigos chamaram Lusitânia e aos monumentos que essas mesmas raças por cá deixaram; sinto-me pois na obrigação de explicar o que eram estes monumentos megalíticos, chamados DOLMENS, e isto para não me alongar muito e falar nos povos originários da península bem como daqueles que por cá passaram, como por exemplo, OS CELTAS, assuntos que vou deixar isto para uma próxima oportunidade.
Consultando a “HISTÓRIA DE PORTUGAL”, direcção de Prof. Dr. Damião Peres, em “A Lusitânia Pré-Romana”, por Prof. Dr. A. A. Mendes Correia, 1º volume, pág.120 a 123, encontramos o seguinte:
«As construções megalíticas (assim chamadas por serem feitas com grandes pedras) não são apanágio duma época, dum povo ou duma civilização. Para alguns autores, definiriam uma mesma fase do desenvolvimento do espírito humano, a qual seria atingida por vários povos em épocas e logares diferentes, sem unidade de origem. De facto, parece que não há um «povo ou raça dos dolmens» como se supôs, mas a cultura dolménica marca uma fase larga e nítida da pré-história, e, conquanto essa cultura tenha tido ampla difusão no tempo e no espaço, influenciando decerto povos diversos, ela apresenta entretanto certas relações mútuas em pontos muito afastados e parece hoje a muitos ter tido no território português um centro importante de origem, desenvolvimento e dispersão.
Pertencem ao número das construções megalíticas ou menhires (simples monólitos erguidos verticalmente), os alinhamentos (séries de menhires dispostos em linhas rectas ou sinuosas), os cromleches (vários monólitos dispostos em círculo) e os dolmens. Segundo a autorizada opinião de Loth, as expressões cromlech e dólmen não são justificáveis e deveriam desaparecer da terminologia pré-histórica, pois a primeira significa antes «pedra chata e curva» e dólmen deveria ser substituído por tolven (tol mesa; ven pedra – e não men porque é precedido duma palavra feminina). Mas o uso consagrou de há muito aqueles nomes.
Os dolmens são monumentos sepulcrais constituídos por grandes esteios dispostos mais ou menos verticalmente (em número de 6 a 9, muitas vezes de 7) e delimitando um espaço de contorno poligonal ou circular (câmara), fechado superiormente por uma grande lage (tampa, mesa ou chapéu) e dotado lateralmente duma entrada à qual com frequência dá acesso um corredor (ou galeria) mais ou menos longo, formado por duas fiadas de pedras ao alto e coberto por lages assentes horizontalmente sobre aquelas. Os dolmens são designados, entre nós, pelo povo com os nomes de ontas, orcas ou arcas, sendo menos frequente a designação de palas. A inclusão dalguns deles num montículo de terra (tumulus) de forma mamilar, levou o vulgo a designar estas elevações, e às vezes os próprios dolmens, pelos nomes de mamôas, mâmoas, mamunhas, mamoínhas, mamoélas, etc. Antinha significa talvez pequeno dólmen e antela corresponde ao que adiante chamaremos cista. A origem da expressão mamaltar, dada pelo vulgo a algumas construções dolménicas beirãs, derivará da associação das expressões correspondentes ao tumultus e à errónea suposição de que os dolmens eram altares formidáveis para sacrifícios e culto. Também o povo imagina que alguns dolmens eram fornos de mouros, o que, como as designações antes citadas, se reflecte na toponímia, rica nessas expressões. A legenda popular atribui, em geral, os dolmens aos Mouros, relacionando-os frequentemente com episódios de mouras encantadas. Também não é rara a crença de que eles contêm tesouros, o que sugere lamentáveis actos de vandalismo na sua pesquisa, às vezes repetidos em diferentes gerações.
Os menhires são raros em Portugal, mas os dolmens são numerosíssimos, se bem que poucas dessas construções se apresentem ainda hoje íntegras. As mais das vezes não é possível reconhecê-los senão pela conjugação das indicações toponímicas com a existência de pequenas elevações sub-circulares de terra, deprimidas em geral no centro, na parte correspondente à câmara, e às vezes ainda com um sulco radial correspondente ao corredor. Notam-se ainda, muitas vezes, alguns esteios, os seus fragmentos, erguidos ou já derrubados».
Pertencem ao número das construções megalíticas ou menhires (simples monólitos erguidos verticalmente), os alinhamentos (séries de menhires dispostos em linhas rectas ou sinuosas), os cromleches (vários monólitos dispostos em círculo) e os dolmens. Segundo a autorizada opinião de Loth, as expressões cromlech e dólmen não são justificáveis e deveriam desaparecer da terminologia pré-histórica, pois a primeira significa antes «pedra chata e curva» e dólmen deveria ser substituído por tolven (tol mesa; ven pedra – e não men porque é precedido duma palavra feminina). Mas o uso consagrou de há muito aqueles nomes.
Os dolmens são monumentos sepulcrais constituídos por grandes esteios dispostos mais ou menos verticalmente (em número de 6 a 9, muitas vezes de 7) e delimitando um espaço de contorno poligonal ou circular (câmara), fechado superiormente por uma grande lage (tampa, mesa ou chapéu) e dotado lateralmente duma entrada à qual com frequência dá acesso um corredor (ou galeria) mais ou menos longo, formado por duas fiadas de pedras ao alto e coberto por lages assentes horizontalmente sobre aquelas. Os dolmens são designados, entre nós, pelo povo com os nomes de ontas, orcas ou arcas, sendo menos frequente a designação de palas. A inclusão dalguns deles num montículo de terra (tumulus) de forma mamilar, levou o vulgo a designar estas elevações, e às vezes os próprios dolmens, pelos nomes de mamôas, mâmoas, mamunhas, mamoínhas, mamoélas, etc. Antinha significa talvez pequeno dólmen e antela corresponde ao que adiante chamaremos cista. A origem da expressão mamaltar, dada pelo vulgo a algumas construções dolménicas beirãs, derivará da associação das expressões correspondentes ao tumultus e à errónea suposição de que os dolmens eram altares formidáveis para sacrifícios e culto. Também o povo imagina que alguns dolmens eram fornos de mouros, o que, como as designações antes citadas, se reflecte na toponímia, rica nessas expressões. A legenda popular atribui, em geral, os dolmens aos Mouros, relacionando-os frequentemente com episódios de mouras encantadas. Também não é rara a crença de que eles contêm tesouros, o que sugere lamentáveis actos de vandalismo na sua pesquisa, às vezes repetidos em diferentes gerações.
Os menhires são raros em Portugal, mas os dolmens são numerosíssimos, se bem que poucas dessas construções se apresentem ainda hoje íntegras. As mais das vezes não é possível reconhecê-los senão pela conjugação das indicações toponímicas com a existência de pequenas elevações sub-circulares de terra, deprimidas em geral no centro, na parte correspondente à câmara, e às vezes ainda com um sulco radial correspondente ao corredor. Notam-se ainda, muitas vezes, alguns esteios, os seus fragmentos, erguidos ou já derrubados».
Julgo assim, ter contribuído para uma melhor compreensão do que é um dólmen e do que era uma mamôa. Agora o caro leitor veja se descobre nesta terra de Paços de Brandão, qualquer elevação de terreno em forma de mamilo, e no qual esteja qualquer aglomerado de rochas que pudessem ter feito parte de um dólmen.
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