quinta-feira, 20 de maio de 2010

Sede PSD Paços de Brandão - O despudor democrático!

Após a revolução de Abril, assistimos sempre nesta terra a uma monopolização do poder por parte dos Sociais Democratas (PPD-PSD). Alguns deles assimilaram entusiasticamente os novos ares que se viviam e respiraram um sentimento realmente democrata. Contudo, rapidamente se sufocaram ao serem afastados! Outros, porém, limitaram-se a vestir-lhe a máscara, escondendo aquilo que eram, pelo tempo suficiente para, tranquilamente, ocuparem os seus lugares de sempre, e com isso dirigirem os destinos da nação, diga-se: Paços de Brandão!
Haverá por cá uma tão grande falta de memória, um vácuo crítico, que aceite sempre tudo o que lhes servem neste prato que apenas cheira a Democrático, ou estaremos cada vez mais distantes do legado florido que Abril nos prometeu no cano de uma G3 e, com isso, a cada dia que passa, mais longe de um conjunto de valores que nos deviam ser naturais, como a dignidade, a equidade e respeito democráticos?
Recentemente foi abordado por alguém na assembleia de freguesia, uma situação que confirma que o PSD local teria o direito de usufruto praticamente perpétuo, legitimado pela sua antiguidade como inquilino, de um espaço público pertencente à Junta de Freguesia. Situado no centro da vila, em local privilegiado onde possa ver e ser visto para os dias de voto, claro está! Com um custo despudorado de 25,42€/mês, claramente abaixo do valor real (este montante inscrito nas contas públicas da Junta). Avalizado, ainda por cima, pelo direito legal, mas também, pelo poder instituído (que é da mesma cor) como algo adquirido e intocável!
Nesta história reverencial dos afectos, não deixa de pasmar como no regime republicano e democrático português, onde Paços de Brandão devia estar inserido, situações como esta possam existir! Alguns partidos não se incomodam por desfrutar das vantagens implícitas que lhes conferem este uso da coisa pública. E nem mesmo se importam que esse pudesse estar ao serviço de colectividades não partidárias, ou mesmo a render dividendos mais justos para a Freguesia se outro inquilino lá estivesse! E quem sabe evitar o descarte dos recursos-humanos disponíveis. Será que vamos continuar a aceitar que um partido é alguém entronizado na terra como um filho do Deus Sol? Esperamos que não!
E o que é que os da Junta disseram? O mesmo de sempre, sem nada acrescentarem, limitando-se coniventemente a legitimar o absurdo! Em democracia não há vacas sagradas, se um partido político pode esquivar-se destes factos com esta frequência estranha, ou ignorar o que as demais pessoas já sabem. É bom lembrar que o 25 de Abril se fez para correr com os abusadores e o abuso da coisa pública, como coisa deles. Que fez a Junta? Nada! Limitou-se a encolher os ombros, mansa e naturalmente!
Isso leva a uma outra interrogação: Porque não disponibilizaram um espaço idêntico com o mesmo preço aos outros partidos? O espaço até existe e seria algo justo e naturalmente democrático, mas será que não estão habituados a isso?
Por outro lado, sabendo o PSD, e bem que o devia saber, que a coisa pública deve ficar apenas e só na esfera do Estado (isto em nome da transparência que em democracia se exige!), porquê continua a usar este espaço, e não o entrega à Junta?
Talvez porque alguns partidos se sentem entronizados mal acaba a contagem dos votos, falando por todo um povo, mesmo quando mil e tal pessoas evitou a cruz no papel! Este povo do futebol e das homilias, reverencia o espantalho escolhido pelo aparelho para segurar as rédeas por mais quatro anos, apesar das mulas há muito não serem mudadas e o caminho continuar vergonhosamente a ser trilhado com habilidades como esta que no Engenho hoje levantamos!
Há um espectro de paródia medieval em tudo isto que vos relatamos. Este amontoado de disfunções na democracia na nossa coesão local, pode ter contornos ainda mais caricatos para um país civilizado! Infelizmente por aqui, enxotam os autores e os cúmplices para o nevoeiro sistemático que nos envolve e, com isso, ocultam as realidades.
Para os mais entendidos na matéria, deixamos uma outra questão em aberto, ou seja, aquilo que diz a Lei 19/2003 de 20 de Junho, relativamente ao financiamento dos partidos:


Artigo 8.º
Financiamentos proibidos


1 - Os partidos políticos não podem receber donativos anónimos nem receber donativos ou empréstimos de natureza pecuniária ou em espécie de pessoas colectivas nacionais ou estrangeiras, com excepção do disposto no número seguinte.

2 - Os partidos políticos podem contrair empréstimos junto de instituições de crédito e sociedades financeiras nas condições previstas na alínea f) do n.º 1 do artigo 3.º

3 - É designadamente vedado aos partidos políticos:

a) Adquirir bens ou serviços a preços inferiores aos praticados no mercado;
b) Receber pagamentos de bens ou serviços por si prestados por preços manifestamente superiores ao respectivo valor de mercado;
c) Receber ou aceitar quaisquer contribuições ou donativos indirectos que se traduzam no pagamento por terceiros de despesas que àqueles aproveitem.

Ficamos agora com a impressão que existe aqui matéria suficiente para o Tribunal Constitucional analisar! Contudo, a imagem real que fica, é de uma sociedade fúnebre, triste e enfadonha parada no tempo, que aceita tudo! De onde quase apetece fugir para reencontrar a dignidade que nos una, a ética por que se vive, a alegria e o objectivo que nos façam erguer e confiar (e eles a dizerem que andam a fazer o seu melhor há trinta e seis (36) anos! E nunca mais apreendem que a democracia não é a liberdade de repetir o erro sem responsabilidades). Ao invés, andamos de remendo em remendo, a fingir que somos livres e iguais na hora de dar o voto!

14 comentários:

  1. Quantas assoalhadas tem a sede do laranjal? É que pelo preço eu também alugo.

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  2. Precisava de uma loja e naquele local, dou sempre € 150.00. Faço as obras de requalificação. Fico a aguardar.

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  3. Será que a Junta de Freguesia apoia as associações da mesma forma? Fica a questão, não existem dúvidas que se trata de um apoio considerável. Lá por vir do tempo de quem quer que seja como tinha no jornal, não interessa, primeiro os interesses do povo, depois os joguinhos de bastidores. E a renda quem sabe não é paga, é o apoio do junta ao partido.

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  4. Tanta azia não sei pq? Todos os outros partidos só tem sede na altura das eleições (fora desse período trabalho nem vê-lo!)

    Já gora o anónimo que disse que dava 150,00€ podia comunicar que tá interessado no aluguer à junta. Como é que esperam que o contactem se nem sequer se identifica?
    Ninguém faz propostas e depois queixam-se cheios de azia. Vêm leis, escrevem, escrevem: se dedicassem esse tempo a apresentar propostas para Paços se calhar tinham mais sorte... mas também as propostas que têm para Paços é tapar as molas do cavalo do parque...

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  5. se lhe apetece fugir, .....fuja
    se quizer ficar e ajudar com críticas mas construtivas...fique
    se quizer continuar a por em causa o que é inatacável pela lei do arrendamento, como no caso de qualquer outro inquilino continue para a gente achar graça...continue

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  6. Lido o vosso Post gostaria de perguntar onde está o artigo que proíbe que o PSD mantenha os seus direitos adquiridos enquanto inquilino do dito imóvel desde 1974 ?
    Sabem que nessa altura o imóvel pertencia a um particular e não à Junta?
    Sabem que só anos depois da dita senhora ter falecido o imóvel foi comprado pela Junta para num futuro poder proceder a sua demolição em coordenação com o projecto que há de ser feito nos terrenos dos herdeiros do sr Edmundo?
    Sabem que o ajuste das rendas é a partir daí estipulado por lei?

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  7. Eu também quero uma loja, até pago luvas por fora se for preciso.

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  8. O PSD tem cá uma moral para vir evocar alei do arrendamento que dá mesmo vontade de rir, toda a gente sabe que a lei da república está do vosso lado, mas a lei da moral não, e isso é o que está em causa. A lei do financiamento dos partidos, essa é clara, caberá se calhar ao Tribunal de Contas aferir da legalidade desta sede. No entanto daí apenas resultaria alguma multa, que a juntar ás que o PSD está já habituado não constitui o menor problema. O que se retira daqui efectivamente é o compadrio existente entre a junta arrendatário e o inquilino PSD. Se fosse a Junta de outra cor de certeza que eram corridos do edifício!

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  9. Mais uma vez se vive do laranjal, só que desta feita é sumo cítrico (laranjada).
    Se repararem bem, todas as instituições brandoenses têm laranjas na laranjeira. (Junta, CIRAC, Academia de Música, ISPAB, etc... etc...
    isto sim é um belo pomar de laranjeiras, onde todos vivem do mesmo, laranjas umas maduras outras mais verdes, umas espremidas outras oferecidas, umas umas esmagadas outras roubadas... Enfim todas acabam em m.r.d.

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  10. São os que fazem alguma coisa em vez de falar por falar e ficar em bicos de pés????

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  11. Como ninguém se identificou, vou-lhes seguir as peugadas, sem contudo de deixar expresso o que sei sobre o assunto.
    Efectivamente o PPD em 1974, logo que foi regularizado Partido, através do Sr. Padre Maia, conseguiu instalar-se no local em que está. Convém frizar que na altura os fundadores de uma Secção do PS, tinham igualmente contactado o referido Senhor Padre Maia, para igual propósito, tendo-lhes sido afirmado que a partidos políticos não eram dispensadas ou alugadas qualquer parte da casa. Foi pois com estranheza que passados uns tempos se assistiu à abertura da Sede do PPD local nas instalações onde estão actualmente. Como o conseguiram e a que preço, não o sei dizer, sei que se o PS quiz uma sede tiveram os seus simpatizantes e dirigentes locais de desembolsar do seu bolso a quantia necessária para o pagamento da renda.Igual procedimento teve o CDS.
    A partir do momento em que a Junta de Freguesia adquiriu aquele prédio, seria de boa ética política, e, democrática, que se reunisse com os partidos que têm concorrido às eleições nesta freguesia e lhes dessem as mesmas condições que ao actual PSD, igual atitude seria de esperar de referido partido; é claro que isto aconteceria se aqui fossem visíveis os acontecimentos de Abril, o que, sinceramente espero que um dia, ainda venha a acontecer nesta freguesia.

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  12. Fazendo um comentário ao anónimo das 16h 36
    a partidos políticos não eram dispensadas ou alugadas qualquer parte da casa.
    Esta frase, faz-me lembrar outras situações pertinentes sobre política local. Quando se aproximam eleições. É natural que os partidos convidem pessoas que gostam de Paços de Brandão e primam pela seriedade.
    No entanto, algumas pessoas são convidadas a pertencerem a uma determinada lista e dizem, muito obrigado pelo convite, sim senhor é bem pensado, mas tenho que falar lá em casa e logo darei a resposta. Passados uns dias, surpresa, estão vestidos de laranja. Podem crer, por vezes são os partidos da oposição, que lançam os presidentes de junta desta terra. A oposição semeia e o PSD é que colhe.

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  13. Amigo das 16,36 h,

    Se aos partidos não eram dispensadas ou alugadas partes de casa, então como explica a permanência da Sede local do então PPD, agora PSD/PP, numa parte de casa, desde 1974 até hoje, e, quando a própria Junta diz que existe um contrato de arrendamento com o referido partido político?...O meu amigo diz muito bem, no que se refere a dispensadas partes de casa, segundo julgo, talvez só o então PPD tivesse esse privilégio!...Quanto a alugar não vejo a que se refere, pois sei que tanto o PS como o CDS, não tiveram, a nível particular,tais problemas, houve quem lhes alugasse ou simplesmente dispensasse instalações para se instalarem. O que lhe posso afirmar é que elementos do PS local contactaram o referido Sr. Pde.Maia com a intenção de alugarem uma parte ou a casa,onde em 1974 se instalou o PPD local, e, que lhes foi afirmado que a partidos políticos não pertendiam alugar o que quer que fosse.Passados poucos dias estava lá instalado o PPD. Agora o meu amigo tire as conclusões que quiser.É claro que o prédio então era de uma pessoa particular, e, ela podia fazer o que quisesse dele, mas após a aquisição do referido prédio pela junta de Freguesia, ele passou a ser património de todos nós,bons ou maus pagantes das nossas contribuições autárquicas, e, é sobre este ponto que terá que se enquadrar a permanência do referido partido político no edifício, uma vez que igual oportunidade não é dada aos outros partidos, eu como bom pagante das minhas obrigações contribuitivas, não me sinto na obrigação de estar a contribuir para tal situação, pode até acontecer que nem sequer o meu voto vá para o referido partido!...Ou será que a «democracia» nesta terra só tenha uma face?...Será que se tenha que dizer sempre a tudo «amen», tapar os ouvidos, fechar a boca e fazer de conta que não se vê?...

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  14. É realmente lamentável que esta situação se verifique. Se do ponto de vista contratual não há nada contra (a existir esse contrato) já do ponto de vista moral e ético é reprovável que o partido com maior representatividade na freguesia e com representantes no executivo da junta dê este exemplo de pagar 25 euros pelo aluguer da sede à própria junta. E até se pode questionar porque razão precisam dessa sede quando:
    - na altura das eleições também alugaram ou foram-lhe cedidas instalações para outra sede;
    - durante o ano todo ninguém lá põe os pés para "trabalhar" já que o trabalho dos militantes é feito nas empresas e em casa dos mesmos.

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