Nascido em Paços de Brandão, filho de lavradores abastados do lugar da Laranjeira, Francisco Moutinho resolveu um dia abalar para o Porto e aí abrir uma casa de câmbios. Com o passar do tempo, enriqueceu transformando-se num verdadeiro capitalista. A sua vida continuava, apesar de tudo, muito ligada à sua terra, pois era lá que vivia Emília, sua namorada desde os tempos de meninice e de quem veio a ter uma filha, de nome Maria. No entanto, visto que ambos provinham de origens sociais diferentes, pois a Emília era de uma família humilde e sem padrasto, nunca se casaram e nem sequer viveram juntos. Contudo, o Francisco fez questão de educar a filha nos melhores colégios, proporcionando-lhe uma vida fidalga. Mas, um desgosto lhe acompanhou durante o seu crescimento, que era de ser apelidada de filha bastarda. Encapotado desde sempre o nome do seu pai, cresceu e tornou-se numa bela rapariga. Vinte anos depois Maria ficou noiva. Seu pai que até lá se tinha tornado fiel a Emília, por influencia do seu Procurador, casou com uma sobrinha deste, pois achava o Francisco um bom partido. Ao tomarem conhecimento do sucedido, Mãe e Filha vestiram-se de negro, em sinal de luto, e o chapéu de fidalga que Maria usava habitualmente, foi substituído por uma sevilhana negra, que nunca deu lugar ao véu branco de casamento, pois esta o renunciara perante tal desgosto. O facto de seu pai não ter assumido a relação com a sua mãe Maria, conduziu ao fim do seu noivado. Fiel ao juramento dado à sua mãe Emília, esta começou a amofinar de desgostos, vindo a falecer com pouco mais de vinte anos, no ido ano de 1920. Emília, que entretanto, tinha ido viver para Espinho, para casa dum tio, enlouqueceu, e todas as noites vinha a Paços de Brandão ao cemitério, dar de beber à filha que, segundo ela morria de sede. Em 1921, a pobre Emília faleceu também. O caso tornou-se em quase lenda nesta localidade e arredores, ao ponto do então presidente da Junta ter fechado a cadeado os portões do Cemitério, tal era a afluência de curiosos. Não passou despercebido este caso aos jornais e mormente ao poeta de cá:
“Emília, não chores mais, Teu pranto não tem já lágrimas, é sangue puro o que vertes . Tua filha foi eleita pelos anjos do Senhor, Tinha que subir ao Céu Era do Céu essa flor!“ ( António da Marinheira ).
A mulher do Francisco Coutinho, que nunca tinha vindo a Paços de Brandão, para evitar encontrar-se com a Emília ou com a sua filha Maria, ao saber da morte de ambas, finalmente achou fazê-lo pela primeira vez, para participar num banquete em sua honra e à do marido, em casa dos seus sogros. Com efeito, eles iriam ser os reis da festa de Agosto, estando a ser preparado pelo povo uma enorme recepção. Mas, nunca chegaram a fazê-lo, pois ela teve uma trombose e faleceu meses depois em 1927; a coincidência do facto, que morreria na mesma data que falecera Emília, deixando um filho pequeno, que faleceria com 5 anos no ano de 1928 no mesmo dia de Maria. Francisco enlouqueceu. Os desgostos foram demais e, em 1929, morreu também. Este caso tornou-se num enigma, que ainda está por se solucionar, mas que houve muita coincidência lá houve e dum caso que poderia ter sido de final feliz, seria na verdade uma tragédia.
Fotos: Em cima- A antiga casa da família dos Coutinhos, onde nasceu Francisco Coutinho, hoje em ruínas; Em baixo- A população brandoense e as primeiras bicicletas no ano de 1917
Bardo da Lira
Bom Dia, Bardo da Lira,
ResponderEliminarO bom do António, que nos deixou no seu livro "O LIVRO DO ANTÓNIO" - 1938 (CASA NUN'ALVARES - PORTO), os versos que o meu amigo menciona, dirigidos, e passo a citar: «A minha prima Emília Rosas, na morte de sua querida e única filhinha Maria Amélia», agora pedia-lhe uma explicação, caso ma possa dar, qual a relação entre a Emília Rosas e a Emília da sua história. Tinha todo o interesse em saber tal, pois, tive alguém na minha família que era sobrinha do nosso poeta "António", do qual como já deve ter percebido possuo o respectivo livro.
Um abraço
SOLRARO
caro solraro :
ResponderEliminarcomo deves perceber que fiz a partir dum artigo dum artigo dum jornal de Espinho dessa altura e como tal não posso adivinhar que o autor de então mencionasse esse poema levado em erro por alguém ... Também tenho o livro e como vê não mencionei o nome de família por não ter a devida certeza, pois o meu amigo Neca falou diversas vezes desse episódio , e se o amigo me puder ajudar , qual o apelido das ditas , Emília e Maria ? e já agora agradecido pela sua dica
Toda a gente que lê este Blog,compreendeu que o Bardo e a Lira andam desafinados , mas, o Sol também continua Raro. Afinal qual dos dois é que fala verdade?
ResponderEliminarASS: 1 brandoense atento
Ao Brandoense Atento,
ResponderEliminarÈ um princípio que tenho e do qual não vou abdicar, seja em comentários que faço, seja nos artigos que escrevo, História local, etc., nunco afirmo coisa alguma para a qual não esteja devidamente documentado. No presente caso, queira o caro leitor (a) abrir a página 63 do livro do nosso poeta António e lá vem a dedicatória que disse no meu comentário ao Bardo da Lira: «A minha prima Emília Rosas, na morte de sua querida e única filhinha MARIA AMÉLIA:».Pedia-lhe uma explicação sobre apareceren tais versos num artigo de um jornal,sobre determinado acontecimento, quando a meu ver tal não tem nada a ver com a dedicatória que o António fez.Este Senhor era tio de uma senhora a quem também na página 43, dedicava uns versos e, que era minha familiar. Agora abra o referido livro de poesias, "O LIVRO DO ANTÓNIO", nas páginas por mim referidas e tire as conclusões que entender. Já agora e como o António é o único poeta desta terra que publicou um livro, agradeço ao meu amigo, para se conhecer alguém de influência nesta terra, que lhe peça, não para uma homenagem, mas sim para o seu livro fazer parte da história desta freguesia e ser mencionado no site da nossa Junta de Freguesia.
Quanto áquilo que o Bardo da Lira diz, como é óbvio é da responsabilidade dele, é claro que gostava de saber qual a relação entre a Emília Rosas e a Emília do «conto» dele, saó isto....
SOLRARO
Caro SolRaro
ResponderEliminarAconselhava-o ler "Paços de Brandão um modo de ser".
Um livro escrito por alguém brandoense.
Obrigado
1brandoenseatento
ao 1brandoenseatento só posso dizer que anda DISTRAÍDO ... se bem me lembro o dito livro que aconselha ler é um pasquim , porque limitou-se a transcrever uns certos factos e foi muito tímido quanto ao " verdadeiro modo de ser desta terra ... " faltou tomates e coragem de lançar o livro que tratasse do feudalismo existe , apesar de ser UMA TERRA DINÂMICA E PIONEIRA meu caro ... desse conservadorismo e barriga saciada ninguém fala ... quanto á critica do taL atento onde se refere ao desafino entre os dois colaboradores , primeiro tente saber da historia do que aconteceu e verá que não ando longe da verdade ... só que há coisas que pelo seu tempo distante , não necessita exorcizar fantasmas... aconteceu como escrevi e só não vou mais longe por respeito a familiares que me pediram anonimato ... fico á espera que o seu Chico espertismo e da fácil critica, o envolva numa obra , de verdade , só verdade e muita carolice ... fiz-me entender ? sem fazer disto um negócio.
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