Enviado por e-mail:
FALTOU SÓ UMA VOLTA PARA TER VENCIDO EM TODA A LINHA
Nunca um ciclista Feirense esteve tão perto de vencer duas ou três Voltas a Portugal, pese todo o respeito que nos merecem: Sousa Cardoso, Sousa Santos (pai e filho Joaquim), Fernando Mendes, Luís Gonzaga, Alberto Carvalho, Fernando Carvalho, Joaquim Andrade, o saudoso Dinis Silva e tantos outros de valor reconhecido. Estamos a falar de ANTÓNIO PINTO, um homem que nasceu no lugar de Rio Maior, em Paços de Brandão. Por estranho que pareça, estamos a falar de um velocipedista que não venceu qualquer Volta apesar de envergar por diversas vezes a camisola amarela. Quedas, azares, imponderáveis do destino, privaram António Joaquim Castro Oliveira Pinto, agora retirado, de ganhar como merecia, alguns giros portugueses. Cá, na sua amada terra, era conhecido por “Espigado“ e enquanto correu, obrigou muitos dos seus conterrâneos, calcorrear as estradas portuguesas, num apoio nunca visto. No ano da sua estreia, em 1983, alcançou um brilhante 2º lugar, atrás de Marco Chagas, outro colosso, depois de ter dado um recital nas etapas da Serra da Estrela. No ano de 1984, apesar dos infortúnios consegue o bom 4º lugar. No ano seguinte, 1985, obtém de novo um honroso 6º lugar. Em 1986 aposta tudo na volta a Portugal, alcançando um esplêndido 4º lugar, recheado de azares; António Pinto corre na Volta de 1987 e é apontado como o grande favorito. Respira saúde, faz contra–relógios notáveis… mas não ganha. Uma queda priva-o, talvez da vitória. Mesmo assim alcança um 3º lugar, atrás de Marco Chagas e Benedito Ferreira. Em 1988 conquista o 5º lugar na Volta a Portugal, no momento áureo de ciclista. Em 1989 fica no 10º lugar Volta a Portugal, onde teve um papel importante ao ajudar a equipa nos seus intentos. Em 1990, num ano recheado de azares e quedas, alcança um 13º lugar, não condizente com a sua classe. Em 1991 tem um bom comportamento e alcança um honroso 4º lugar. Em 1992 volta a dar provas da sua inegável categoria. No meio de alguns contratempos, consegue de novo, um magnifico 5ºlugar. Em 1993, a sua última participação na Volta, classificando-se num modesto 16º lugar sacrificando-se para a equipa. O guerreiro optou pela retirada, depois de ter escrito tantas páginas de oiro no seu palmarés brilhante e que durou uma dezena de anos.
Pelas estradas do País e do Estrangeiro, por vales e montanhas flageladas por ventos, chuvas ou calor impiedoso, ficaram muitas gotas de suor do seu brio, determinação, espírito combativo e inegável classe que só está ao alcance dos predestinados. Foi um ciclista que teceu de: Treinadores, colegas, adversários, jornalistas, os maiores rasgos de elogios "um homem e um atleta de gabarito, a contrastar com outros, a quem falta fibra para se imporem no ciclismo que é, como se sabe, um desporto de sacrifício. António Pinto é um dos forçados da estrada.”
Que mais será preciso dizer para classificar a fibra do ciclista de Paços de Brandão. Haveriam muitas histórias e factos a relatar sobre o “ Espigado “, mas termino com esta referencia: ” Órfão de pai desde os 12 anos, e que, bem cedo conheceu a dureza da vida, principiando a laborar no ramo da cortiça e estudando depois, para se valorizar. É hoje um respeitado empresário no ramo hoteleiro, com um modelar restaurante em Paços de Brandão a que, forçosamente tinha de por o nome “O CICLISTA“, que tal como o seu percurso no ciclismo, “é uma pedalada de bom gosto“.
PALMARÉS :
1983 – Volta ao Alentejo (6º), Volta à França do Futuro e à de África do Sul (2º);
1984 – Grande Prémio Abimota (1º), G.P. J. Noticias (3º), Volta ao Algarve (5º),Volta Concelho da Feira (2º), G.P. Lisboa (1º), ao Alentejo (4º) e Setúbal (4º);
1985- 10º no G.P. Loures, 6º no Algarve, 7º no JN e 5º na África do Sul.
1986 – 1º Abimota, 3º no Algarve, 1º na Feira, 2º África do Sul e selecção na C.E.E.
1987- 5º África do Sul, 1º Feira , 2º Algarve, 4º JN, 2º Setúbal e 5º Torres Vedras.
1988- 1º G.P. Angola, 3º J. ”O jogo “, 5º Alentejo e 5º Nacional de Estrada.
1989- 1º Feira (4ª vez), 1º Lisboa, 2º G.P. JN.
1990 – 9º JN e participa: Volta ao Luxemburgo, volta à Espanha, Volta à Múrcia, volta à Catalunha, volta a Valência, Porto–Lisboa. Enfim o Estrangeiro.
1991 - 4º Alentejo, 6º JN, 7º Campeonato de Estrada, 10º G.P. J. Agostinho, 10º Minho, participando na volta à Andaluzia, G.P. Tensai, Colômbia, Luxemburgo e Volta à Espanha.
1992- 1º Alentejo e participação: Voltas - Luxemburgo, Espanha e África do Sul.
Bardo da Lira
Bardo da Lira
Sem comentários:
Enviar um comentário