quinta-feira, 6 de maio de 2010

PCP - Comunicação sobre a liquidação da Rohde

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A VERDADE É QUE OS TRABALHADORES, EMPURRADOS
PARA UM “BECO SEM SAÍDA”, VOTARAM CONTRA
O PLANO DE LIQUIDAÇÃO DA ROHDE!


1. O progressivo desmantelamento e asfixia da ROHDE ao longo dos anos, resultou duma gestão de rapina permanente, em que os lucros foram expatriados em massa, a produção deslocalizada em busca das mais altas taxas de exploração, os apoios e fundos do Estado e comunitários “engolidos” sem os indispensáveis investimentos, e os lay-offs, os despedimentos, os baixos salários e o desrespeito pela lei e pelos direitos dos trabalhadores assumidos como instrumentos de gestão corrente.

2. Esta pilhagem sem peias está intrinsecamente ligada à política de direita de sucessivos governos do PS, PSD e CDS, agravada pelo actual executivo, e que conduziu o país ao actual quadro de privilégio ao capital financeiro e de brutal concentração da riqueza, à custa da destruição do tecido produtivo, da recessão económica, do retrocesso social e do declínio nacional.

3. Nestes últimos meses o processo de liquidação da empresa assumiu contornos maquiavélicos, visando garantir os lucros do grupo alemão mesmo nesta fase de morte da ROHDE, o objectivo da gestão foi não pagar as dívidas, nem cumprir as obrigações legais para com os trabalhadores, (parcialmente transferidas para a Segurança Social) e rentabilizar ao máximo em seu proveito o respectivo património.

4. Neste quadro, o Governo, a gestão da ROHDE, a administração da insolvência e o executivo municipal, agindo de facto em conluio, tudo fizeram para protelar a decisão em “Assembleia de credores” até ao momento da exaustão dos trabalhadores, esmagados por meses de destabilização, sem meios para continuar a resistir, “vencidos pela fome”, divididos e desorientados por manobras e mistificações, “propostas de viabilização” perversas e inaceitáveis e pelo evidente demissionismo e colaboracionismo sindical (até hoje sem explicação).

5. Os trabalhadores da RODHE sempre estiveram contra a liquidação da empresa e, sem outro apoio para além da intervenção do PCP e dos seus deputados, na Assembleia Municipal, na Assembleia da República e no Parlamento Europeu, sempre repudiaram os diversos planos da Administração de Insolvência. Por isso votaram em massa contra esses planos que pretendiam, por absurdo, que fossem os próprios trabalhadores a decidir a liquidação da empresa, o fim dos postos de trabalho e o não pagamento de parte dos seus direitos.

6. Sabendo que os trabalhadores votariam contra o plano da Administração, foi então gizado um maquiavélico “beco sem saída” - o voto contra o plano de liquidação da empresa teria como resultado a mesma liquidação da empresa (sem plano), ou seja, o voto dos trabalhadores na Assembleia de dia 4 não serviu para nada, estava tudo decidido, conforme os ditames do capital, sem que o Governo mexesse uma palha para defender o interesse nacional e com a colaboração do Sindicato.

7. Mas a tramóia era completa, no final da Assembleia, a administração da empresa e o Sindicato de calçado apoiaram o mesmo candidato a representante dos trabalhadores na Comissão de Credores, que vai gerir daqui para a frente a liquidação da empresa e do seu património, no caso apoiaram um tal sr. Gishler, um alemão que foi director da empresa (que falta de vergonha!). Mas os trabalhadores, enfrentando a pressão do sindicato, derrotaram a manobra e deram a maioria a um outro candidato, de facto trabalhador e independente.

8. Foi então que o resultado da votação efectuada foi brutalmente manipulado, numa inaceitável chapelada eleitoral, sem qualquer cobertura legal. A votação individual por voto secreto viu as normas alteradas e transformou-se numa votação em que os votos valeriam conforme o montante da dívida, coisa que ninguém controlou ou verificou. A vitória foi atribuída sem qualquer legitimidade ao alemão que tinha perdido a votação real. Estes factos assumem contornos de ilegalidade, que deveria ser objecto de investigação judicial, e que merecem o veemente repúdio do PCP.

9. Tudo isto é mau demais para ser verdade. A JUNTAR AO VERDADEIRO CRIME SOCIAL E ECONÓMICO QUE O FECHO DA ROHDE REPRESENTA PARA OS SEUS TRABALHADORES, PARA O CONCELHO FEIRENSE E A ECONOMIA NACIONAL, A FORMA COMO SE PROCESSOU ESSE ENCERRAMENTO COMPROVA A OPACIDADE E PERVERSIDADE DE TODO ESTE PROCESSO.

10. A Comissão Concelhia da Feira do PCP saúda a resistência e a luta dos trabalhadores da ROHDE e manifesta a total disponibilidade do PCP para intervir e lutar em defesa dos seus interesses e direitos, nomeadamente para o esclarecimento de todos os factos opacos ligados à liquidação da empresa.

6 de Maio de 2010.
Comissão Concelhia de Sta Mª da Feira do PCP

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