terça-feira, 3 de novembro de 2009

Coisas que nunca devemos esquecer em Paços de Brandão

"A autoridade concelhia foi, desde logo, posta ao corrente dos acontecimentos pelo reverendo vigário do concelho, que solicitou a necessária intervenção policial."


Não esquecer o que foi o fascismo, os seus métodos, os seus crimes e os seus rostos, é dever de todos os que não querem que volte a haver em Portugal e no mundo sombras negras como as que esta visão política lançou na História do Século XX.

A propósito disto, foi publicado no Jornal "Público" de 16 de Outubro de 2009, um extenso artigo cujo titulo "Portugal - Um crime do Estado Novo esquecido há 45 anos", que relata detalhadamente um crime ocorrido no tempo do fascismo em Lourosa, no qual o pároco Brandoense, Julião Pires Valente, teve um papel de relevo.

O extracto do texto que aqui vai ser apresentado, revela que foi Julião Pires Valente quem solicitou a intervenção das autoridades, que acabaram por provocar dois mortos inocentes.

"O povo vai-se borrar"

"...Há também versões diferentes sobre a posição assumida pelo próprio padre Damião. Uns dizem que o padre tentou convencer a população a deixá-lo partir, garantindo que procuraria persuadir os seus superiores a permitir-lhe que voltasse. Mas, segundo Alice Cosme, Damião terá indirectamente contribuído para o movimento que se formou, ao, alegadamente, ter dito na missa que, "se as mulheres de Lourosa quisessem, ele não iria embora". Damião, actualmente pároco em Agrela, ainda é vivo e o seu testemunho poderia ser muito esclarecedor, mas o P2 não conseguiu contactá-lo e, ao que parece, terá dito a algumas pessoas de Lourosa com as quais ainda mantém contacto que não quer falar sobre o caso.

Hoje com idade muito avançada, está também vivo aquele que era, na época, o seu superior directo, o padre Julião Pires Valente, vigário de Paços de Brandão, que, nos dias imediatamente anteriores à tragédia, tentou falar com Damião na casa onde este se encontrava. Numa breve declaração a Rosa Silva, confirma a tentativa, mas diz que não chegou a sair do carro, porque se sentiu ameaçado - as mulheres batiam-lhe com os guarda-chuvas no tejadilho -, e que se limitou a informar da situação o bispo do Porto.

Enquanto durou a vigília, os habitantes de Lourosa foram várias vezes avisados de que estavam a pisar o risco e que poderiam sofrer consequências desagradáveis. Veiga de Macedo, que fora ministro das Corporações de Salazar e era natural da região, dava-se com vários industriais de Lourosa e, segundo Américo Teixeira, terá dito a alguns deles: "Olhai o que fazeis, que isto já cheira mal, já estais assinalados a vermelho como uma aldeia problemática." E, segundo conta Alice Cosme, uma embaixada de lourosenses que, na véspera da tragédia, fora recebida pelo vigário de Paços Brandão, regressara à terra com uma mensagem tão breve quanto inquietante. O padre Julião ter-se-ia limitado a assegurar: "Amanhã, o povo de Lourosa vai-se borrar pelas pernas abaixo."

Fora já este mesmo padre Julião que, mal se formara o movimento contra a transferência de Damião, requerera a intervenção das autoridades, segundo se depreende de uma nota que o Governo Civil de Aveiro fez publicar n"O Comércio do Porto, a 17 de Outubro: "A autoridade concelhia foi desde logo posta ao corrente dos acontecimentos pelo reverendo vigário do concelho, que solicitou a necessária intervenção policial."

A nota adianta que, "depois do último convite à boa razão, a GNR procedeu à libertação do reverendo padre", e lamenta que, para responder "aos diversos ataques e às pedradas da população enfurecida", tenha tido de disparar "alguns tiros para o ar" e que, "na luta", tenham "aparecido duas mulheres gravemente feridas que, lamentavelmente, vieram a falecer...".

Por Luís Miguel Queirós (texto) e Paulo Pimenta (foto) - Público – 16 Outubro 2009

Talvez por estas e por outras, faça agora algum sentido alguns comportamentos autoritários a que o pároco nos foi habituando ao longo destes anos todos, e talvez esses mesmos comportamentos tenham influenciado muito do modo de pensar dos Brandoenses. Fica aqui o dever de informar cumprido por parte do Engenho. Quanto às opiniões, cada um que formule a sua.


Pode consultar aqui o texto completo


16 comentários:

  1. Bem o padre Julião sempre teve laibos de ditador...era ver antigamente nas missas ao chapadão aos putos na eucaristia...

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  2. Um padre assassino
    Era frequente o Senhor das Trevas nessa altura dar ordem de prisão a quem não concordasse e se revoltasse com as suas ideias

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  3. Só não entendo, como é que estas histórias não eram conhecidas das pessoas ao longo de tanto tempo...enfim o 25 de Abril aconteceu mas Paços de Brandão passou-lhe ao lado, ficando os grandes senhores imperialistas a dominar a classe explorada dos trabalhadores numa quase eclavatura...#

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  4. Cartas anónimas, comentários anónimos, mesmo de pessoas anónimas que assinam com nomes que não os seus (como o pomposo "Noite Negra de Azul") são dejectos pseudo-intelectuais sem relevância social, política ou histórica que não devem perturbar a nossa existência por muito que gritem ou se empoleirem.
    Sou sobrinho-neto do Senhor Pe. Julião Pires Valente que hoje faleceu e cuja dignidade está seguramente, acima de qualquer ladaínha invejosa de um (vários ao que parece!) qualquer rabiscador de opiniões, que a coberto do superior "dever de informar" tenta enlamear aqueles a quem só consegue olhar de baixo para cima.
    Hoje o homem morreu. Amanhã vai a enterrar. Já poderá vê-lo de cima para baixo e destilar o ódio por qualquer poro. E pode fazê-lo de dia sob o sol de Agosto e antes do almoço... Bom proveito!

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  5. Impressionante que só agora surja seu comentário e para mais aqui.
    Porque não na noticia, tão só noticia, dada hoje também neste blog? Não gostei que o senhor cá viesse neste sitio, nesta data. Os factos relatados não são anónimos e o senhor, acho eu, deveria deixar descansar em paz quem em paz descansa. Não traga hoje á memoria estas coisas tristes do passado. Descanse em paz. Deixe descansar em paz.

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  6. Lamento se interrompi o sossego de quem continua a escrever a coberto do anonimato. Inseri o comentário no dia em que vi a notícia e essa foi vista no dia em que, sabendo da morte do Pe. Julião, procurei na Internet e encontrei estas pérolas.
    Por exemplo, a besta que se atreveu a escrever "um padre assassino", deveria assinar "Anónimo Asinino" e, ainda assim, seria um eufemismo!
    Os factos relatados não são anónimos mas os comentários extraídos, até por quem apenas se espraia sob o "dever de informar" são abusivos, deturpados, mentirosos, infames e covardes também porque anónimos.

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  7. O padre não era, nem nunca foi santo nenhum, talvez seja considerado agora, tal como outro qualquer crápula depois de morto! A negação de factos históricos como se não tivessem existido é tão ridícula, quanto o é o autor familiar do padre ao vir aqui comentar uma notícia, que além do Jornal, deu uma reportagem na TV. Como já deu para notar, trata-se realmente de familiar de quem é. O seu código genético não engana nas afirmações que faz, e deveria dirigir para si os adjectivos que vociferou, pois toda a gente sabe as ligações ao antigo regime que Julião tinha, sobretudo junto da PIDE. São até famosas as ordens de prisão que deu, mesmo depois do 25 de Abril. Se quer prestar homenagem ao seu familiar feche a boca, e não fale do que não sabe!
    Zé Oliveira

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  8. Ó Zé Oliveira, creio bem que perdeu uma belíssima oportunidade de fazer um comentário inteligente e, ao invés, está na calha para granjear, também o epíteto de asinino. Mas como teve a amabilidade de se identificar, apesar da boçalidade do seu comentário, vou-lhe responder, por partes, a ver se consegue perceber e dar uma arrumadela nessas ideias.
    - Parte Um (é que não cabe tudo...)
    Em primeiro lugar, EU NÃO COMENTEI NENHUMA NOTÍCIA. Comentei os comentários estúpidos de quem extrai ódios de um extracto de (alegadamente) uma notícia.
    Desde logo o(a?) Noite Negra de Azul, no enquadramento que dá inicialmente e no remate que faz ao texto parcialmente transcrito, indicia um preconceito intolerável para quem se atribui, sob anonimato, "o dever de informar".
    Qual será a efectiva relevância, para o desfecho lamentável da intervenção da GNR, de ter posto ao corrente as autoridades concelhias numa situação de alarme social?
    A estupidez de tal conclusão, será facilmente evidenciada através de um exemplo que vou tentar apresentar de forma simples, a ver se o Zé Oliveira (e os restantes anónimos) entende:
    - Está o Zé Oliveira em sua casa e apercebe-se de algum barulho estranho numa propriedade ao lado da sua e, na impossibilidade de verificação pelos seus meios, solicita a intervenção das autoridades para averiguarem a ocorrência. Descobre-se, depois, que se tratava de um casal de namorados distraídos, em exercitação da sua paixão voluptuosa, ardente e ruidosa, que, por inépcia, medo ou simples azar, acabaram alvejados pelas autoridades, vindo posteriormente a falecer. Ambos.
    Qual a efectiva relevância do Zé Oliveira no falecimento dos dois namorados azarados?
    Garanto-lhe que se uma qualquer cavalgadura anónima viesse comentar "Zé Oliveira assassino", também me insurgiria de igual modo...

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  9. - Parte Dois
    Começa o Zé Oliveira por questionar a santidade do padre. Que eu saiba, ninguém – das centenas(?) que compareceram ao enterro – , nem eu, nem o próprio padre alguma vez invocaram a santidade. Então, a que propósito, com que autoridade e sob que perspectiva (Religiosa?, Moral?, Ética?) vem o Zé Oliveira questionar a putativa santidade de alguém? Terá o Zé Oliveira algum propósito, algum compromisso ou algum empenho pessoal quanto à santidade do vigário ou até da sua? Pois...
    Abandalha-se completamente quando avalia o padre como um crápula. Socorro-me do dicionário (Dicionário Lello Prático Ilustrado, Jan. 1997, p. 306) que define "Crápula: Desregramento, Libertinagem, Devassidão". Se há algum facto histórico que milhares poderão testemunhar é que não há, sequer, uma única vez em que alguém tenha encontrado o Padre Julião em qualquer acto de desregramento, de libertinagem ou de devassidão. Não será nenhum santo, mas, seguramente, não foi nenhum crápula! Muito menos depois de morto.
    Eu nunca negaria "Factos Históricos", muito menos aqueles que decorreram antes do meu nascimento mas, seguramente que não me deixo resvalar para o ridículo de considerar aquele excerto (comentado) de notícia como um facto histórico e muito menos os são os comentários apresentados sobre ela (notícia) nesta página deste blog.
    Eu que li a notícia toda da P2 do Público gostaria de solicitar ao crente Zé Oliveira ("deu numa reportagem na TV"!!!! Só pode ser verdade...) que avaliasse quanto à Factualidade, Idoneidade e Independência (a ordem é meramente alfabética), respectivamente, de 1 a 5 a notícia que foi efectivamente publicada. Os próprios entrevistados andavam a tentar marcar uma reunião para colher opiniões e informação e nem o Historiador Fernando Rosas conhecia os "Factos Históricos".
    Mesmo que tudo fosse absolutamente verdade, Ó iluminado Zé Oliveira, tal não daria a uma criatura minimamente honesta e intelectualmente mediana o direito a destilar o ódio de apelidar o Padre de Assassino. E que dizer do Padre Damião, que instigou as mulheres à vigília e à revolta? Que era novo? Também não é importante...
    Já deu para ver que a sua apreciação sobre o meu código genético é uma avaliação genérica, desinformada, parva e preconceituosa, que nem sequer me vai tomar tempo ou espaço. Nem me calo perante baboseiras desconchavadas de criaturas que opinam com o verdadeiro sentido da ignorância e do oculto. (Bem aventurados os simples... Diziam na catequese.)
    Também não posso negar (nem pretendo) que o Padre Julião tivesse alguma ligação com o antigo regime. O que é absolutamente de estarrecer, é alguém defender, que um qualquer português, conseguisse ser IGUALMENTE PODEROSO tanto no antigo regime, como no PREC e se calhar até muito depois disso...
    Pelos vistos o Zé Oliveira é dos que fala daquilo que sabe... Se calhar, a partir de agora, em vez de vociferar, vai primeiro procurar no dicionário!
    Pois...

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  10. Acho curiosa a análise do familiar do Julião, só não diz que foi este padre que claramente deu o mote ao que se veio a revelar como um crime do estado novo, fazendo dele cúmplice moral de tal facto, senão vejamos uma parte do texto que este senhor não analisou:
    "...E, segundo conta Alice Cosme, uma embaixada de lourosenses que, na véspera da tragédia, fora recebida pelo vigário de Paços Brandão, regressara à terra com uma mensagem tão breve quanto inquietante. O padre Julião ter-se-ia limitado a assegurar: "Amanhã, o povo de Lourosa vai-se borrar pelas pernas abaixo."

    Se isto é comportamento de um homem bom, mais parece o aviso severo de um homem que não tolerou a irreverencia destas pessoas, querendo claramente castiga-las!
    Mas como diz o post, cada um é livre de tirar as suas conclusões.
    Seja como for, que descanse em paz.

    Maria Lurdes, familiar de uma das vítimas de Lourosa

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  11. A) Ó Maria Lurdes, antes de mais, gostaria de lhe dizer que, se o facto de ser familiar de uma das vítimas (e creia-me que lamento profundamente tal circunstância) não lhe confere nem maiores direitos nem maior autoridade moral para comentar, o facto de eu ser familiar do Padre Julião também não me inibe direitos, nem distanciamento, nem discernimento para o que quer que seja.
    Depois, vejo-me forçado a repetir aquilo que já escrevi e que a Maria Lurdes terá podido ler antes do seu comentário: EU NÃO COMENTEI NOTÍCIA NENHUMA! Eu só comentei os comentários... E lá terei que comentar por partes, porque o assunto o merece e porque eu sou um tanto prolixo.
    Em terceiro lugar (e seguramente uma das razões fundamentais para eu não ter antes comentado a notícia), confesso-lhe que me dá pena verificar que, cada vez mais, as pessoas embarcam em histórias, aceitam-nas e até as defendem sem sentido crítico, nem pensamento próprio... Seguramente o regime do Estado Novo terá contribuído imenso para isso pela sua prática política de ditadura, mas também, as teorias (e práticas!) de Joseph Goebbels, ministro do Povo e da Propaganda de Hitler, as teorias e práticas do outro, o Josef Stalin cujos seguidores ainda conseguiram disseminar algumas cassetes cá entre nós e, até os nossos políticos de hoje que não têm qualquer pejo em mentir despudoradamente, sem qualquer respeito pela retórica e pela dialéctica (sem falar na verdade, claro...)
    Desde logo, o excerto da notícia que foi publicado neste blog, inicia-se por um título, esse sim curioso: “Coisas que nunca devemos esquecer em Paços de Brandão”. Digo curioso porque as ocorrências deram-se em Lourosa e não em Paços de Brandão. E segue-se a tal frase que o autor da notícia, seguramente com toda a inocência e bondade deste mundo, colocou por baixo de uma fotografia sorridente do Padre da freguesia... Suponhamos um pequeno exercício de validação: por HIPÓTESE, o(a?) Noite Negra de Azul é um(a?) portista (adepto(a?) do F.C. do Porto – e digo isto, só pelo “Azul”) ferrenho(a?), daqueles mesmo fieis e, “os factos”, com as devidas adequações, referiam-se, no que concerne ao Padre Julião, ao Sr. Jorge Nuno Pinto da Costa. Acredita que o(a?) Noite Negra de Azul enquadraria as coisas da mesma forma? E que colocaria a “frase” por baixo da fotografia do Pinto da Costa com um sorriso trocista? E que depois, com a mesma “isenção”, estribada do sagrado “dever de informar”, diria que cada um é livre dos comentários e conclusões que (no caso em apreço o autor procurou induzir) entender?
    O que me irrita profundamente é essa tentativa, (pretensa e) perversamente bacoca, de nos tomar por pacóvios. Descabida e descontextualizada! O dever de informar é dos órgãos de informação e um blog, não é um órgão de informação, é, na melhor das hipóteses um fórum de reflexão e, na maioria dos casos, um mero espaço de comentários, parciais, pessoais, políticos, morais, éticos, funcionais e tudo o mais que os comentários podem e devem ser. O nome (o subtítulos do blog) até o indicia: “Um olhar sobre...” Esta estória, como nos foi contada neste blog (o assunto, o propósito, a lembrança, o aviso...) não passaria seguramente nas três peneiras do Sócrates (o filósofo, claro!) mas, por consideração à inteligência do(a?) autor(a?) não me atrevo a chamar-lhe um aborto de notícia. É, antes, intencionalmente, uma IVV, uma Interrupção Voluntária da Verdade! .../...

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  12. B) Deixe-me agora Maria Lurdes, falar-lhe sobre as três peneiras.
    Conta-se que um rapaz procurou Sócrates (o filósofo, claro!) e disse-lhe que precisava de contar-lhe uma coisa sobre alguém. Sócrates olhou-o com atenção e indagou:
    - O que me vai contar já passou pelas três peneiras?
    - Três peneiras? Questionou o rapaz.
    - Sim! A primeira peneira é a VERDADE. O que me pretende contar sobre esse alguém é um facto? Caso apenas tenha ouvido falar, o assunto deve morrer aqui mesmo. Suponhamos que seja verdade. Deve, então, passar pela segunda peneira: a BONDADE. O que me pretende contar é uma coisa boa? Ajuda a construir ou destruir o caminho, a fama do próximo? Se o que me pretende contar é verdade e uma coisa boa, deverá passar ainda pela terceira peneira: a NECESSIDADE. Convém contar? Resolve alguma coisa? Pode melhorar o que quer que seja?
    - Se passou pelas três peneiras, conte! Cada um de nós irá beneficiar com a notícia. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será um mexerico a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia...
    A questão da necessidade, é uma peneira em que o assunto que coloca passaria naturalmente. Não se deve escamotear o ocorrido, nunca se deve varrer nada para debaixo do tapete, até porque a Maria Lurdes é familiar de uma das vítimas. Mas especificamente nessa circunstância, está a Maria Lurdes satisfeita com a notícia do Público? Atreve-se a valorizar, quanto à Factualidade, a Idoneidade e a Independência, de 1 a 5, respectivamente, aquilo que foi publicado na P2 do Público? Consegue aquilatar a VERACIDADE de tal notícia? Assistiu à reunião que os entrevistados tentavam marcar? Soube ao menos dos seus (eventuais) resultados?
    Na minha opinião todo aquele texto é no mínimo negligente. Colocar frases, descontextualizadas, na boca de pessoas vivas sem os confrontar com as mesmas, não parece digno de um Jornalista. A bem da verdade, a P2 não é o corpo fundamental do jornal Público, constituindo mais um espaço de comentário, de cultura e de debate. Tenho a certeza absoluta que nunca aquele texto sairia como uma NOTÍCIA no caderno principal do Público, sem validação junto de fontes disponíveis e minimamente credíveis. Por isso é que continuo a pensar que aquilo será muito mais um artigo de opiniões do que uma notícia e, é assim que continuo a analisá-lo. Em consciência.
    E é também por isso, e dessa maneira, que esse cano esburacado, sujo e enferrujado, nos vai conduzir à sua parte preferida do tal texto... .../...

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  13. C) o seu famoso texto começa então: “... E, segundo conta Alice Cosme...” Sabe a Maria Lurdes se, porventura, a Alice Cosme fazia parte da tal embaixada de Lourosenses? Estava a Maria Lurdes presente na referida embaixada? Conhece alguém que garanta terem sido aquelas (e segundo lá diz...), apenas aquelas as palavras proferidas pelo padre? Acha que foi com o sorriso da fotografia que ele as disse? Foram proferidas num contexto de aviso, com intuito de consciencializar e amedrontar ou entende – como tudo indica – que foram uma satisfação antecipada? Há testemunhos do que quer que seja, que se possam entrevistar, dando a cara? Não lhe parece que um JORNALISTA deveria (tendo chegado à fala – mesmo que por interposta pessoa – com o Padre Julião), impreterivelmente, ter confrontado o autor com essa frase que cita sem contexto? Ou alguém? Não lhe parece estranho que tendo o padre tentado falar directamente com o Padre Damião, tendo-se deslocado lá, ao sítio onde ele se encontrava barricado/defendido/escondido, se tenha depois limitado a uma singela frase, “tão breve quanto inquietante”? Um aviso severo é, ainda assim, um aviso antecipado e, em querendo o Padre o castigo daquelas (daquelas duas? De todas?) pessoas, seria mais consequente se não lhes dissesse coisa alguma! No mínimo, procurou meter-lhes medo e tentou faze-los ver que a sua atitude (certa ou errada, consciente ou claramente manipulada!) era, a todos os títulos infrutífera! Ainda hoje, no século XXI, em plena Democracia Representativa, qualquer pessoa minimamente INFORMADA sabe que, é mais fácil fazer passar, um a um, uma cáfila de camelos, gordos e bem hidratados, pelo buraco apertado de uma agulha pequenina, do que obrigar a hierarquia da Igreja Católica a manter um padre numa qualquer localidade! Acha a Maria Lurdes que a transferência do Padre Damião era a mando do Padre Julião? A irreverência (eu diria a inocência, egoísta e despudoradamente manipulada) dessas mulheres, contrariava directamente uma vontade do Padre Julião? O Sócrates (o filósofo, Claro!)seguramente que a inquiriria como fazia aos seus conterrâneos Atenienses, há mais de 25 séculos: tem efectivo conhecimento sobre aquilo em que acredita, sobre aquilo em que pensa ou sobre aquilo que diz? .../...

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  14. D) É que a Maria Lurdes ao afirmar que o Padre Julião “claramente deu o mote” ao que se veio a revelar como um crime, está a sugerir que a GNR terá intentado matar pessoas por influência do Padre e, dizer que ele é cúmplice moral de tal facto é claramente afirmar que o Padre Julião tinha efectiva intenção de castigar, daquela maneira aquelas pessoas. E tudo isto, por mera inferência, em torno de uma frase. Acredita mesmo naquilo que está a dizer? Tem efectivo conhecimento sobre aquilo em que acredita?
    A Maria Lurdes fez uma citação directa adequada e até dá um ar de modernidade ao escrever “post”, por isso posso asseverar que será uma pessoa medianamente informada. Nesse enquadramento, sabe que a calúnia também é um crime? “Crime de difamação”? Acha que com base numa mera frase que não ouviu, alegadamente proferida por uma pessoa que não foi ouvida, lhe permite tirar as conclusões que tira e com as consequências que efectivamente não pode desconhecer?
    Sabe, seguramente que não será capaz de negar, que a forma como os Nazis manipularam os Alemães (e todos os outros...) para poderem apropriar-se dos bens dos judeus foi precisamente usando de uma simples frase: “foram os Judeus que mataram Cristo”. E a partir daí, sentiram-se à vontade para todo o tipo de atrocidades...
    O curioso é que a Maria Lurdes põe em causa a bondade do Padre Julião e parece não se questionar a si própria! Não percebe a perfídia e a maldade inerentes a essa sua afirmação gratuita e sem um mínimo de cuidados? Consegue encontrar alguma bondade na sua atitude?
    O Padre Julião pode ter sido severo, mas foi leal, deslocou-se ao local para tentar averiguar da situação e tentar demover o Padre Damião de continuar a insistir naquela canalhice e, quer queira quer não, avisou atempadamente os lourosenses, seguramente com bem mais do que uma frase enigmática! Ao invés, a Maria Lurdes, parece não ter o mínimo pejo em, estribando-se na familiaridade face a uma das vítimas, enlamear a memória de um homem, que até já morreu, baixamente até à calúnia e, sem que isso pareça causar-lhe qualquer incómodo de consciência...
    É bom que procure e encontre respostas para as questões que deviam incomodá-la; que procure saber se há dados que corroborem as suas questões; se alguém juntou depoimentos sustentáveis àquele arrazoado de estórias e, se, efectivamente consegue perceber a profundidade do alcance e as consequências das suas afirmações. Sim, porque as nossas ideias, os nossos comentários, têm de ter consequências! Caso contrário, ficarei efectivamente convencido da primeira impressão que me causou a sua resposta sobranceira: Trata-se de um comentário simplista e leviano. De alguém que tinha o direito, mas também o dever, de procurar saber efectivamente o que se terá passado com esse(a?) familiar para honrar a sua memória, mas que parece acomodada no facilitismo e na impunidade da calúnia. De alguém consequentemente negligente com a verdade e, ao mesmo tempo, consistentemente cúmplice com a difamação gratuita.

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  15. De facto com a complexidade deste texto este senhor tenha ou não razão acabará por convencer todo o mundo em seu redor..,

    É dos simples os reinos dos céus e isto não é simples, nem o céu.

    Vejo aqui aquela situação de que 2+2=4, ponto final. Mas, explicado por um cientista a justificação do resultado de tão escapadiço que fica quase ficamos confusos se é ou não quatro.

    Anos, tantos anos passaram para que um blog provocasse a paz ou guerra nos espíritos, nas almas envolvidas e se dignassem trazer ao céu terreno umas quantas explicações ou não-explicações.

    Num sentido menos elitista passaríamos agora ás explicações da ligação da pessoa em causa ao antigo regime e de todos os que o rodearam.

    Não me sinto versado para tal, mas sempre era majestoso e digno uma biografia sobre tão importante pessoa vivida nos dois regimes ao comando de uma paróquia como Paços de Brandão.

    Por mim fico com a ideia de um sorriso matreiro desse padre que quando consultado pedia sempre a nossa atenção para a contribuição financeira para "umas novas botas".

    O resto é passado. Estejamos atentos e haja muitas noitesnegrasdeazul para beliscar o comodismo do apagão do passado e trazer á ribalta o debate de qualidade mais ou menos complexo, mas acima de tudo: debate.

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  16. De Marbino Resende:

    (Oopss... Mais um que se esqueceu do nomezinho....)

    Ó povinho complicado que não gera filhos que se assumam...

    Numa outra página deste blog escrevi que isso de escrever sob anonimato era uma mariquice. Melhor pensado, julgo que me enganei. Peço perdão. Digo agora que escrever sob anonimato é coisa de eunucos. Os maricas, por quem tenho respeito, podem ter algum enviesamento no objecto, mas ao menos têm tesão. Os eunucos não.
    E a si, último dos anónimos a comentar, posso sem rebuço dizer: O senhor é um paradoxo! Deixe-me contar-lhe uma anedota (o humor, garanto-lhe eu, até faz bem à inteligência):

    Um fidalgo falido, com pouquíssimos haveres, mantinha a mansão quase em ruínas, um automóvel antigo, quase calhambeque e do pessoal conservara apenas o velho mordomo, o Ambrósio, que além de “biscateiro”, servia de chauffeur, de jardineiro, de criado e de cozinheiro.
    Um dia, o fidalgo, na biblioteca, sentiu um cheiro a queimado e alertado pelo fumo dirigiu-se à cozinha, onde encontrou o frango que era para ser assado e servido ao almoço, completamente esturricado.
    Procurando o mordomo, com a voz embargada pela fome e pelo fumo, veio a encontra-lo nos aposentos da patroa a praticar-lhe um “cunnilingus”.
    Recobrado algum do fôlego, o fidalgo exclamou: - “O Ambrósio é um paradoxo! Fornica o que é de comer e agora está a comer o que é de fornicar...”

    E digo um paradoxo porque o senhor parece conhecer as bem-aventuranças mas erra nas concordâncias (os plurais, os acentos...); queixa-se da complexidade mas não desconstrói, pretende simplificar mas não descomplica; ensaia frases musicadas e enigmáticas, como os poetas, mas acaba a escrever como um romancista (o Saramago, que tinha uma pontuação arrevesada...); quando se abeira da matemática, consegue encontrar uma incógnita numa equação onde não havia nenhuma (o pormenor do “ponto final” depois de uma vírgula e antes do ponto propriamente dito, é uma figura de estilo inigualável!); quando faz de conta que vai dizer alguma coisa, mal insinua e, suprema das ironias, exorta ao debate, mas não debate!

    Um debate faz-se com argumentos, suportados em exemplos, ou em factos e quanto a isso... Se calhar gastou tudo nos peditórios para as botas! Podia ao menos dar-nos um exemplo de ter “consultado” o Padre? E que tivesse um factozinho irrefutável que, esse sim, até pudesse ajudar a um mais versado à tal digna e majestosa tarefa biografeira? Parece que vamos ter que esperar sentados...

    Desde logo o seu tirozinho falha decisivamente o alvo: EU NÃO PRETENDO CONVENCER QUEM QUER QUE SEJA! Gostava era que alguém me convencesse de alguma coisa. Mas que fosse com contributos inquestionáveis e não com estórias mal amanhadas, anónimas e sem carácter. Atreva-se homem! (Como escreveu “versado” fiquei com essa ideia). Eu não me considero cientista (apesar de ter senha da FCT), a minha área de interesse nem é das letras, e posso concordar consigo que não foi um comentário simples, mas esforcei-me! Não fiquei a fazer de conta que sou muito entendido e que digo coisas que ninguém duvida e que me basta insinuar que ouvi uma frase do dito padre matreiro, para lhe poder arrimar mais alguma lama às vistas (e areia às nossas...).

    Um céu terreno parece uma contradição nos termos e acredite que na minha modesta opinião, o céu não é um destino e sim um caminho que os “simples” farão até de olhos fechados e os outros, farão ou não... Fico a aguardar por contributos seus para o verdadeiro debate!

    E como gosto muito de ditos de espírito, provérbios populares e citações, vou-lhe dizer qual foi a adivinha que me ocorreu quando vi (pela segunda vez...) o seu comentário:

    “Branco é, galinho o poio...”

    (Oopsss... Isto não era uma adivinha... Era uma ironia... Já foi... Não posso emendar... Fica prá próxima...)

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