Foi em finais da década de 90 (do século e milénio passados!!!) que surgiram os primeiros sinais de que aqui iria nascer este conjunto de 5 prédios.
Local sossegado por excelência, este viria a constituir aquilo que hoje se tornou num dos principais dormitórios da vila. E, de facto, o nome está muito bem escolhido: “dormitório”, já que pouco mais se faz por estes lados. Toda a actividade que vá além das lides confinadas ao “lar doce lar” implica, obrigatoriamente, que a viatura saia da garagem (valha-nos, ao menos, a crise petrolífera ter entrado em aparente estagnação!!!).
Mas, até aí, a situação até seria relativamente pacífica! Se esta malta (somente cerca de 140 famílias) para aqui quis vir morar, é porque fazia intenções de levar uma vidinha tranquila e descansada, sem grandes confusões e atropelos… bem longe da azáfama e dinamismo que tanto caracterizam este vila!
Não obstante, e remontando às origens destes focos habitacionais, a promessa por parte dos operadores imobiliários e respectivos construtores, qui ça para tornar mais “atractivo o produto”, centrava-se num pormenor que marcaria a diferença, no processo de decisão de compra. Diziam na altura: “nas traseiras dos prédios irá nascer zona de lazer, essencialmente constituída de infra-estruturas a pensar na diversão e segurança dos mais novos, zona essa comum aos 5 condomínios”. Acrescentavam, ainda, que: “o terreno é camarário, mas tudo está projectado nesse sentido”.
“Porreiro!!!” – pensavam os potenciais compradores. Pese embora o sossego que caracterizava este lugar, ao menos as crianças teriam um espaço concebido propositadamente para si, aliviando a preocupação dos pais, no sentido em que as mesmas não teriam necessidade de brincar na rua ou, na pior da hipóteses (é mesmo PIOR!!!), ter de se deslocar para ir para o parque do arraial. Teriam um lugar digno! Mal eles sabiam que se quisessem ir brincar para as traseiras dos prédios, deveriam eles mesmos ter de investir em equipamento para se livrarem do mato (já para não falar de outros condicionalismos legais obrigatórios) e, posteriormente, um bom stock de produtos de primeiros socorros para tratar dos ferimentos provocados pelas quedas, próprias de quem brinca em terra batida!!!
A verdade é que, pelos vistos, há prazos legais que já passaram (os tais 5 anos que os promotores da obra têm como limite máximo obrigatório para dar “assistência e garantia”). E agora? Quem se vai responsabilizar por esta questão? Construtores? Junta de Freguesia? Câmara Municipal?
O Observatório do Engenho sugere que (e permitam-nos meter a "colherada" no assunto!), se os construtores precisam de licenciamento para avançar com os projectos de construção, porque é que a Câmara não se recusa à emissão das mesmas sempre que neles não estejam previstas ou garantidas este tipo de infra-estruturas?
Reconhecemos que, em Portugal, questões deste tipo se ficam a dever, essencialmente, ao peso excessivo que o lobby da construção civil tem, no sentido de influenciar políticos e atropelar, sem pudor, os interesses superiores dos cidadãos que, obrigados a se endividarem para comprar um apartamento, desejam (e com toda a legitimidade) ter perto das suas casas um parque infantil para brincar com os filhos, um espaço verde para passear o cão ou um complexo desportivo onde possam fazer exercício ao ar livre.
Infelizmente, para a maioria dos nossos autarcas, a construção de recintos desportivos e espaços de lazer está longe de ser uma prioridade. Bem pelo contrário: é mais fácil autorizar a construção de alguns blocos de apartamentos ou de um novo centro comercial, do que exigir aos construtores civis que atendam às necessidades dos seus clientes, garantindo não apenas o estacionamento automóvel mas acrescentando ao projecto estas zonas lúdicas, também elas, conducentes à melhoria da qualidade de vida pública.
Posto isto, tudo indica que a Urbanização do Cerrado continuará “condenada” à condição de “dormitório”, nos mais vários sentidos que lhe possamos atribuir!!! A não ser que...
Ó senhor Presidente cá da vila… temos perfeita consciência que a “nova equipa” foi eleita há pouco mais de um mês (mês esse, muito provavelmente comemorado com muitas castanhas e bom vinho no Dia de S. Martinho)... mas tenha lá paciência: veja se consegue meter uma "cunha" ao Alfredo Henriques!!! Cá por nós, estamos a fazer o nosso melhor, no sentido de lhe darmos dicas para que a “obra nasça”. Ou será que também nos devemos penitenciar por só agora termos surgido e trazido esta situação a público? Afinal, ainda vamos ou não a tempo de fazer alguma coisa por estes condóminos?
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