sábado, 28 de novembro de 2009

Como passar de lesado a prevaricador em 8 passos

É de conhecimento generalizado o estado deplorável em que se encontra a via pública na grande maioria do concelho de Santa Maria da Feira, ao qual Paços de Brandão não é excepção.

Até aqui, parece não haver novidade. Bem lá no fundo, o cidadão comum até já se habitou à ideia que esta vila, em termos de estradas, pouco mais é que uma província terceiro-mundista. O problema levanta-se a partir do momento em que os cidadãos sentem na pele as consequências das condições a que são votados pelo município nestas matérias, a partir da altura em que são verdadeiramente lesados… melhor ainda: perfeitamente injustiçados.

Ainda ontem o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, Alfredo Henriques, se fartou de justificar a inacção do executivo, face às questões que lhe iam sendo colocadas naquela que foi a primeira Assembleia Municipal deste novo mandato, alegando que tudo era falta de atenção e pura demagogia dos diversos intervenientes. E tem toda a razão no que diz, claro está! Afinal, até é a primeira vez que o homem está no poder (é, não é?), precisando de tempo para se inteirar das coisas, para só depois colocar mãos à obra. Só por isto se compreende a razão de ser do caso de hoje, e de, entre outras coisas, se ter referido nessa mesma Assembleia que “calma minha gente: temos 4 anos para fazer as coisas”. (!!!!)

Fique-se, para já, com a ideia da demagogia e da desatenção, que mais tarde aqui voltaremos.

Mas como íamos dizendo, o caso específico de hoje, levou-nos a ponderar uma forma pedagógica de ensinar, em 8 passos, o povo a “escapar” à descaradeza dos serviços das Obras Municipais da Câmara, a quem pouco lhes importa o bem-estar das pessoas (excepção feita às falinhas mansas típicas dos períodos de campanha eleitoral, ainda bem presentes na nossa memória).

Assim, se algum dia foi (ou pretende vir a ser!!!) vítima de um episódio de “paralelos à solta nas ruas de Paços de Brandão”, com consequentes danos na sua viatura, fique a saber que:

  1. mesmo com auto policial (onde é da praxe ser verificada toda a documentação dos intervenientes no processo) não se iluda, porque não lhe será reconhecida legitimidade, enquanto requerente/queixoso, para apresentar reclamação junto dos serviços responsáveis do município, porque não há provas de que a viatura seja sequer sua;


  2. fotos que mostram, para além dos estragos, os próprios agentes policiais, não provam que estes ali estiveram na realidade (pode é dar-se o caso de eles terem surgido de surpresa só para brindar ao acidente!), pois só se tem em conta a data em que o auto é emitido e assinado (as autoridades têm de pensar seriamente em começar a trazer PC e impressora para que as coisas sejam feitas na hora… de preferência no preciso momento em que o acidente vai ocorrer!);


  3. a história dos autos policiais, das fotos, das testemunhas,… é para esquecer, porque só será exclusivamente reconhecida, pelos analistas do processo, a descrição do acidente feita pelo condutor (este que tenha paleio de trambiqueiro ou não se safa mesmo!!!);


  4. deve-se incluir o veículo “alegadamente sinistrado” no croqui (tem é de ser criativo na forma como vai dobrar e colocar o croqui no envelope com o carro lá dentro… mas isso já não é problema nosso!), mas não o pode remover jamais do “local do crime” (nem com autorização policial, nem que chovam canivetes… a carroça é que não pode sair de lá);


  5. atenção: se o tempo estiver bom e o local onde prevê vir a ocorrer o acidente for uma recta, mesmo que, em vez de paralelos, se trate de granadas, a obrigação do condutor, perante estas excelentes condições, é a de se desviar (ou acertar mesmo, se quiser fazer bingo!);


  6. ainda que as autoridades policiais o mandem remover os vestígios do acidente no local, simplesmente desobedeça… é preferível ser acusado de ter sujado a via pública e pagar respectiva multa (ou esperar que venha outro e embata nos destroços… é mesmo uma questão de gosto!!!);


  7. sempre que disponha de um razoável espaço de manobra para se desviar dos ditos paralelos, faça-o… é preferível ir contra o veículo que vem em sentido contrário, do que mal-tratar os pobres dos paralelos que, acima de tudo, são propriedade pública (logo, merecedores de todo o nosso respeito e cuidados, no sentido de se zelar pela sua preservação);


  8. ainda que os valores apresentados sejam os “normalmente” advindos em consequência de acidentes do género e que a intenção (em caso de se vir a ser ressarcido pelo prejuízo) seja a de entregar documento oficial em nome do município (já que seria este o pobre lesado que iria pagar a conta à oficina), não o faça… entregue somente Factura Pró-forma e dê o “golpe do baú” do século (será garantidamente capa de revista durante 980.000.002.002.100.003.000 semanas consecutivas!!!)

Duas questões dirigidas ao Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira (e a todos quantos ache que devam “enfiar a carapuça” dentro do seu executivo):

- Afinal, quem é que anda desatento às responsabilidades e àquilo que são os verdadeiros interesses da população feirense no tocante a acidentes nas estradas, provocados pelo mau estado das mesmas?

- Quem é o demagogo no meio de tudo isto: o povo ou o município?


3 comentários:

  1. Muito bem observado! Afinal estes Senhores paladinos da defesa do povo, defendem é o tanas!
    aldrabões! #

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  2. Caros senhores,
    O povo de Paços gosta de paralelos, gosta de passar por lorpa, come tudo o que lhe põem na mesa. Se você colocar aqui uma foto de alguém de Paços para o difamar, se publicar uma divida, o vosso site vai ser muito visitado, imprimem páginas e passam para os amigos. Se tentarem construir um debate é difícil. As pessoas não passam a palavra. Todas se queixam mas ninguém dá um murro na mesa. Grande grupo esse o de lambe botas. Começa pelo vosso jornal, sim o NPB, a autoridade da informação da terra, a tal informação que dá a cara, uma cara cor de laranja ao serviço de uma só parte da população. falta de informação isenta.
    Vocês estiveram ontem na assembleia? Eu também.
    Vi o vosso presidente na hora da votação da proposta referente a anular as barreiras arquitectónicas. Se estiveram atentos isso é motivo para um artigo neste blog que, ainda não percebi se é esquerda ou direita ou um pouco de duas coisas, mas que parece feito por alguém que eu gostava de conhecer é verdade.
    Continuo lendo.

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