quinta-feira, 12 de novembro de 2009

"Paços de Brandão" a história de um navio

O lugre " Paços de Brandão " - 1922 - 1934 - 1951


O lugre Paços de Brandão acabado de amarrar no lugar do Bicalho, Rio Douro em 08/1950, após mais uma campanha aos Bancos da Terra Nova - Imagem da noticia do diário O Jornal de Noticias

Para muitos pode parecer uma surpresa. No entanto, ainda há quem se lembre aqui pela freguesia que, em tempos, existiu um navio bacalhoeiro de nome "Paços de Brandão". Diz quem sabe, que o armador do navio terá casado com uma senhora da família dos donos da Casa da Aldeia, e que em sua homenagem baptizou o lugre (barco à vela) com o nome da terra da sua esposa, ou seja, Paços de Brandão.










O "Paços de Brandão" no rio Douro



O "PAÇOS DE BRANDÃO" navio de 3 mastros e 39m/187,34tb, foi construído pelo estaleiro de John Forsey, Marystown, Terra Nova e Labrador, para o armador local Samuel & George Harris, como navio de carga, tendo sido registado como GENERAL RAWLINSON. Este lugre escalava os portos Portugueses com bastante regularidade, e foi numa dessas escalas, que em 18/01/1922, quando abrigado no porto de Leixões, foi de garra devido ao mau tempo, e acabou por encalhar sobre uma pedras, sofrendo danos graves no seu casco, como tal foi considerado perda total construtiva. Trazido para estaleiros de V. N. de Gaia, foi posto à venda, como salvado pela seguradora, representada na praça do Porto pela firma Rawes & Cª., tendo entretanto sido adquirido pelo armador Portuense Silva Rios, Lda., (Cap. José Silva Rios), que o reconstruir e adaptou a lugre bacalhoeiro, partindo nesse mesmo ano para a sua primeira campanha aos Grandes Bancos.

O armador Veloso Pinheiro & Ca., Lda, do Porto, adquiri-o em 1934, continuando na pesca do bacalhau. Em 16/02/1941 sofre novo desaire, quando no rio Douro, Massarelos, juntamente com outros navios, afunda-se devido a um ciclone aliado à grande cheia do rio. Naufragou sob violento ciclone no Virgin Rocks, Terra Nova, durante a pesca, no dia 6 de Maio de 1951, tendo toda a tripulação, incluindo o Adriano, um rapazito de 14 anos de idade residente em Massarelos, que embarcara clandestinamente em Maio, quando da largada do rio Douro, tendo sido descoberto já muito ao largo da costa, escondido numa das carvoeiras, sujo e muito enjoado, sido resgatada pelos lugres ANA MARIA e JÚLIA 1º, que os conduziram à pátria.

Alguns dados sobre a embarcação:

Armador (1) : José da Silva Rios, Porto (1922)
Nº Oficial : B-178 > Iic.: H.P.A.B. > Registo : Porto
Construtor : J. Forsey, Marystown, Terra Nova, 1920
ex "General Rawlinson", reg. St. John, Terra Nova, 1920-1922
Tonelagens : Tab 187,34 to > Tal 134,71 to
Comprimentos : Pp 33,01 mt > Boca 8,20 mt > Pontal 3,36 mt
Máquina : Não tinha motor auxiliar

Armador (2) : Veloso, Pinheiro & Cª., Lda., Porto (1934)
Nº Oficial : B-178 > Iic.: C.S.L.L. > Registo : Porto
Tnlgs.: Tab 187,34 to > Tal 134,71 to > Cpc.: 3.000 quintais
Cpmts.: Ff 38,66 mt > Pp 33,01 mt > Bc 8,20 mt > Ptl 3,36 mt
Equipagem : (28) 6 tripulantes e 22 pescadores
Máquina : em 1942 continuava a navegar sem motor auxiliar





Estes foram alguns dos homens que noutros tempos navegaram no "Paços de Brandão"












3 comentários:

  1. curioso de facto, desconhecia por completo esta pérola.

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  2. Em relação ao navio, o mesmo jaz no fundo dos mares da Terra Nova, porém, existiu uma réplica, que ao que se sabe terá sido oferecida a alguém importante do antigo regime, numa visita efectuada a Paços de Brandão, supostamente a casa do armador proprietário desse navio. Estou a tentar reunir mais informações sobre o tema que trarei aqui logo que possível.

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