sábado, 3 de abril de 2010

Tradições - Regueifa da Páscoa

Se no 20 das fogaças é tradição Brandoense aquela que é feita pela Dona Otília, na Páscoa já a tradição fica dentro de portas, onde várias famílias preparam a sua receita exclusiva da regueifa da Páscoa.

Trazemos hoje ao Engenho a explicação da origem deste doce, aproveitando para ilustrar como se fazem as regueifas com folhas de couve no fundo.

A origem desta tradição, confunde-se com a da própria Páscoa, que é em Portugal uma época característica de presentes cerimoniais, sobretudo de índole alimentar e os presentes da Páscoa levam o nome genérico de «folares». A maioria dos dicionaristas coloca a origem da palavra «folar» no latim «floralis». Moraes, sugere o étimo germânico «flado» que significa «bolo de mel». Faria e Lacerda assinalam-lhe como origem a palavra francesa «poularde». Definem o folar como sendo um bolo em forma de pinta pousada sobre um ovo, ou com um ovo em cima. Hoje são raros os casos dos folares que incluem a galinha.

A nossa regueifa, pode dizer-se que é uma espécie de folar, dos que existem em Portugal, consoante a região. O mais corrente e divulgado é um bolo em massa seca, doce e ligada, feita com farinha de trigo, ovos, leite, banha ou pingue, açúcar e fermento e condimentado com canela e ervas aromáticas – uma espécie de regueifa ou fogaça – comum em todo o Sul, no Algarve e no Alentejo, na Estremadura, nas Beiras e na zona do Porto.

No sul são redondos, espessos e maciços e comem-se no domingo de Páscoa ou, em certos sítios, na Sexta-Feira Santa, na segunda-feira a seguir à Páscoa ou na Pascoela. Nos arredores de Lisboa têm a forma ovolada; em Aveiro a de coração e podem tomar formas zoomórficas, lagartos, pintos, borregos, pombos, etc.

O Rio Douro marca o limite da difusão desse tipo de folar. No Nordeste montanhoso e planáltico de Trás-os-Montes, o folar é uma bola redonda, em massa dura, feita com farinha, ovos, leite, manteiga e azeite, que encerra bocados de carne de vitela, frango, coelho, porco, presunto e rodelas de salpicão, cozidos dentro de massa, que junto deles fica mais tenra com a gordura que deles se desprende. Podem ser grandes e altos, como em Bragança e Mirandela, ou achatados e pequenos, em massa seca, como em Freixo de Espada à Cinta.

Os folares em Trás-os-Montes e Mirandela são feitos em casa, no forno onde normalmente se coze o pão mas também nas padarias locais que oferecem apenas os fornos.

2 comentários:

  1. Voçês da NoitenegradeAzul, fazem com que fique com agua na boca só de ver estes folares e os biscoitos tão bons.
    Já lá vão algumas décadas em que eu amassava de punho cerrado a massa para fazer a regueifa e quando o tempo estava como está hoje muito frio, tinha que ficar toda a noite a fazer fogueira na lareira para que a massa levedasse bons tempos.Obrigado noite negra por este trabalho.

    ResponderEliminar
  2. Maria Lucia Martins Soares25 de abril de 2010 às 16:09

    Hoje, fiquei muito feliz ao ter acesso a este documentário sôbre a Rigueifa.
    Moro em Petrópolis,Estado do Rio de Janeiro e sou casada com um brandoense Alberto Moreira Pinto Soares que morava na rua do Matoso.
    Faço todos os anos a riguiefa pela Páscoa éuma festa.Genros ,filhas e netos todos amassam o pão.
    Este ano cozinhei 17 riguiefas ficaram ótimas.
    É muito bom podermos manter as tradições de família.
    Até Breve!!
    Maria Lucia

    ResponderEliminar