segunda-feira, 19 de abril de 2010

Futebol em Paços de Brandão - RESPIGOS COM HISTÓRIA (II)

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UM CLUBE REGIONAL CHAMADO DE CLUBE DESPORTIVO DE PAÇOS DE BRANDÃO (2)
DE 1925 A 1931 SEM FUTEBOL

Depois de ter participado no primeiro campeonato de futebol de Aveiro, o futebol esteve cá na freguesia interrompido durante 5 anos, por diversas razões:
- Em primeiro lugar deve-se ao facto do Campo de jogos do Arraial não possuir as medidas regulamentares;
- Em segundo, as divergências entre os governantes locais;
- Em terceiro, a acesa e disparatada rivalidade existente entre o clube PBFC e o outro cá existente, União Brandoense, quanto á utilização do campo de futebol;
- E, por último, esta tornou-se numa guerra politica, de interesses e tornar-se-ia causadora de desmotivação entre os atletas devido à inactivação da prática do futebol.
Como se sabe, a localidade possuía, por altura de 1925, apesar de ter pouco mais de 2500 almas, várias associações, rivais e bairristas. Passava por um forte desenvolvimento económico, comercial, era um centro industrial pujante de: massas, cortiça, papel e no comércio. Tinha no centro um espaço comercial e uma feira semanal, que era na altura a mais concorrida do concelho. E fora tudo isto, possuía uma feira mensal, denominada de Feira dos 7, onde era transaccionado um forte componente de gado, que se estendia desde o Porto até Aveiro, pois a localidade tinha uma razoável linha de vias terrestres e era no caminho de ferro, o seu grande trunfo, pois esta via transportava parte desses produtos agrícolas e animais.
Estávamos no apogeu da República. Tínhamos saído duma Grande Guerra e, apesar da devastação e degradação dos países, o nosso País conheceria de 1920 a 1927 um período áureo e os emigrantes espalhados pelo mundo contribuiríam economicamente na sua terra. Com a chegada do período 1928–1931, chegou a Grande Recessão ou de Crash da Bolsa, a célebre queda de 1929, que começou na América e por arrasto apanhou a Europa, levando à falência de muitas economias, firmas e a uma grande desordem social e descapitalização, tornando-se esse período muito conturbado e negro no aspecto social. A República seria aniquilada e dar-se-ia o começo, em 1926, do período do Estado Novo e a chegada de Salazar ao poder.
Mas pegando no ano de 1925, a Junta local era dominada pelos monárquicos e tinha como dirigente Joaquim Ferreira Macedo, que fez um trabalho magnifico na freguesia, apoiou o futebol e era entusiasta da sua tuna: A TUNA VELHA. Mas foi o causador doutras questiúnculas, tendo dividido as gentes desta terra e tornado a sua rivalidade como o sinal de divisão entre lugares, partidos políticos e associações. Apesar de tudo isto, foi um dos mais dinâmicos dirigentes desta terra que merecia ser recordado numa rua, tal como outros que elevaram esta terra a patamares de progresso.
Com as eleições de 1926, a Junta mudou de mãos, venceram os Republicanos e aqui começou o fim prematuro do PBFC. A politica misturou-se com o desporto, sendo este a porta bandeira dos fundadores, todos eles anti-republicanos e conservadores da monarquia, caída em 1910. Adivinhou-se assim o fim em que caiu. Com as eleições venceu o republicano Joaquim de Sá Alves da Silva, que rapidamente reivindicou os terrenos onde estava o campo de futebol como de interesse publico (seria a sua desgraça, porque em menos de 5 meses conduziria à sua queda) e exigiu a sua devolução à Junta. Foi acesa a guerra entre o período de 1926 a 1928, que degenerou numa batalha verbal, acabando quase em tribunal. Apesar de em Maio de 1926, com a queda desta Junta e a nomeação duma comissão administrativa ordenada pelo governo civil, este caso arrastou-se bem para depois desta junta, sendo um dos focos de destabilização entre os lugares da freguesia, com a lavagem de muita roupa suja, comunicados na imprensa regional e zangas entre muitas famílias. Para azedar ainda mais as relaçõe, o governo civil de Aveiro elegeu como Regedor, Júlio Alves da Silva, um monárquico que não só apoiou o PBFC, como tornar-se-ia num dos impulsionadores da construção do Campo das Ameixoeiras, apoiando o Dr. Manuel Brandão e o Francisco Carvalho (o Maneta) no ido ano de 1930.
Por isso, este caso tornar-se-ia ainda mais relevante, ficando esta freguesia dividida com 2 tunas, rivais e bairristas, relações azedas entre a população do Monte de Cima (sede da tuna Nova, da União Brandoense) e no Arraial (sede da Tuna velha e do PBFC). Dá para se ter uma ideia do que foi este período, que seria depois ainda mais relevante a partir de 1931 com a formação dum outro clube: a S.U.D..
Apesar de tudo isto, as forças vivas da Praça e Aldeia, especialmente com a ajuda da família Ferreira Alves, o campo de futebol avançou no terreno e tornou-se numa realidade. Levou um ano a construção deste complexo desportivo, todo ele construído com a abnegação do povo Brandoense da Aldeia e Praça e tal procedimento tornou possível a sua avante. Quanto aos terrenos do antigo campo, estes seriam desviados para a construção dum salão paroquial mas seria construído no seu recinto a escola da Praça, esse monumento que ainda hoje é admirado. Foi requalificado há pouco tempo e serve de ensino aos alunos da parte de baixo da vila. Dessa equipa que foi baluarte do PBFC, entre 1923–1925, possuía no seu elenco atletas de grande valor.

PBFC – ano 1925 (continua)

Bardo da Lira

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