quinta-feira, 10 de março de 2011

Novo crime ambiental em Paços de Brandão

In: Visão de Liberdade



«Os sobreiros não são árvores protegidas por lei? Árvores centenárias, autênticos marcos sociais que enriquecem o ambiente de quem os tem, não são propriedade do povo? Parece que não.
Eu e a minha mulher somos das poucas pessoas que andamos regularmente a pé pela freguesia e arredores, e obviamente que vemos (e ocasionalmente fotografo) tudo o que se passa na estrada. Um destes dias fomos dar um passeio digestivo, depois de muitos de chuva em que tivemos de ficar enclausurados em casa, e quando passamos pela Ilha da Formiga reparamos logo que algo faltava ali. É então que nos apercebemos que os sobreiros tinham desaparecido do mapa.
Não queria acreditar no que os meus olhos me diziam e quase chorei de raiva ao aproximar-me dos tocos cortados rente ao chão. Comecei imediatamente a rogar pragas e a amaldiçoar quem teve a coragem criminosa de cometer semelhante ignomínia biológica, questionando-me acerca das razões de semelhante acto.
Desde que nasci que os sobreiros já ali estavam e nunca ninguém pôs em causa a sua posição (mesmo em relação à linha férrea) portanto, porquê? Quem foi o filho da puta arrogante que teve o desplante de cometer semelhante aberração ecológica?
Os três magníficos desapareceram das nossas vidas e a minha mulher diz para esquecer. Estão cortados, portanto não posso fazer nada.
Não posso fazer nada?
Vou fazer de conta que não se passou nada e ninguém é responsabilizado?
Vou fechar os olhos e fazer de conta que nunca existiram?
A última vez que os vimos (pouco antes de desaparecerem) comentamos como estavam frondosos e magníficos, autênticas catedrais da mãe Terra, obras primas da natureza, monumentos nacionais centenários, ainda mais importantes que o caminho de ferro que sombreavam, e quando indaguei acerca do assunto soube que foi alguém ligado a esse estúpido e desinteressante caminho, obsoleto e ridículo, um engenheiro ou encarregado da linha, que ordenou o abate das árvores. Esta linha, desconfortável e pirosa, já devia ter sido desactivada à mais de duas décadas e substituída por autocarros (como o foi durante algum tempo) proporcionando às camadas mais desfavorecidas da sociedade (os velhos e reformados) um serviço muito mais digno e prestável que o que presta nos moldes actuais.
Onde está o bom senso? A prestabilidade social? O futuro? Na mão de parolos.
Na noite que vi o desastre ecológico não consegui dormir tranquilo, e imaginem o que me passou pela cabeça durante a madrugada: usando o imaginário cinematográfico, se tivesse os poderes de Hancock pegava no responsável e empalava-o pelo cu acima num sobreiro jovem, ficando a ver actuar a força da gravidade nas hemorróidas do espertinho, enquanto deslizava pela casca rugosa abaixo; ou se pudesse actuar pelas minhas próprias mãos, pegava nele, encostava-lhe a cabeça ao cepo do sobreiro maior e cortava-lhe a cabeça com a minha catana. Depois pegava nela e fazia como os Maias antigos: regava os outros dois com o sangue dela e espetava-a a seguir numa estaca ao lado da linha a olhar para a sua bem-amada ferrovia.
Não me interpretem mal: não estou a ameaçar ninguém, só estou a dizer aquilo que era capaz de fazer. E se pensam que não o faria (se pudesse) desenganem-se - fazia mesmo. Odeio o tipo que ordenou o abate dos três magníficos e não tinha nenhum tipo de contemplação em lhe fazer o mesmo.
E os responsáveis políticos da freguesia, que poderiam ter uma palavra a dizer sobre o assunto?
Esses não reconhecem a natureza como um valor a ter em conta. Contam é com ela para facturar mais uns cobres - como aconteceu no Inverno de 2009, em que aproveitaram as violentas tempestades que derrubaram algumas austrálias para cortarem dezenas de árvores nobre (e não só) para ganhar dinheiro na Quinta de D. António. A esses pendurava-os nos ramos que saíssem pela boca, nariz e olhos do desgraçado empalado, de cabeça para baixo, deixando-os a reflectir na precariedade, futilidade e vacuidade da existência humana.
Agora vamos ver os fantasmas dos sobreiros (para a posteridade), enquanto amaldiçoou mais uma vez o filho da puta que ordenou o corte»

3 comentários:

  1. Meu caro amigo, permita-me que o trate assim, pois também eu fiquei chocado com o abate dos sobreiros.
    Estes dias passe i com um amigo que, até nem é de Paços de Brandão e essa pessoa comentou comigo que estavam a derrubar os sobreiros, eu respondi que era apenas uma poda, que os sobreiros teriam que ter uma autorização especial para serem derrubados. Não me preocupei mais com a situação. Estava enganado, quando passei propositadamente para ver a suposta poda, já não estavam lá os Sobreiros. Acredite que fiquei gelado sem reagir a tal surpresa.
    Não sei quem autorizou o abate, mas prometo indagar, darei notícias em breve. No entanto posso dizer-lhe que os sobreiros estão no estaleiro da junta de Freguesia de Paços de Brandão.

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  2. Meus caros. Dói ver essas árvores a desaparecerem.
    Sim. Mas, reparem no sitio que se encontram. Se viessem a tombar sobre a linha amanhã eu viria cá escrever que houve negligencia e culpa de alguém num qualquer acidente em que muita coisa poderia vir a resultar. Apesar da dor parece-me bem o seu corte. Plantem-se outras árvores de menor porte ou ajardine-se a área e a geração vindoura vai dizer: aqui haviam sobreiros substituídos agora por estas flores...

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  3. GOSTARIA DE SABER QUEM OS MANDOU CORTAR,MAS PARA ESTAREM NO ESTALEIRO DA JUNTA A MESMA TEVE CONHECIMENTO DO SEU ABATE.HAVERIA PERIGO ?
    MAIS UMA VEZ A CULPA MORRERA SOLTEIRA.

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