quarta-feira, 28 de julho de 2010

UMA RESENHA HISTÓRICA DA FESTA DOS ARCOS - (Parte1)

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Fazer a história destas festas é quase como apontar tempos imemoriais, onde a inexistência de relatos escritos ou notariais, indicia a todo o tipo de relatos possíveis. Assim, só é possível relatá-la a partir do primeiro histórico, de 1758, escrito pela pena do padre José Queirós nas suas MEMÓRIAS PAROQUIAIS.

Uma coisa é certa: esta tradição é secular, apontando para mais de 2oo anos o termo de Arcos ou Andores de 1758, mas a da festa das Flores já vem do tempo medieval no mês de Maio de 1285, onde na altura a nossa localidade realizava duas festas: a das Flores em Maio e a de S. Cipriano em 14 de Setembro.

A primeira vem dos tempos da criação da terriola de Rio Maior (anteriores à fundação de Palaciolo), onde os rurais dedicavam a proximidade da chegada do Verão com Arcos ornamentados de flores que, segundo as crenças de então, serviam de oferendas para que fossem benzidas as colheitas; esta tradição duraria até ao século XIX, onde por sugestão do padre Jerónimo Lopes estas festas seriam realizadas em Agosto, sendo os Arcos Floridos expostos diante da Igreja Matriz. As restantes duas durariam até 1879, ano que por sugestão do padre José Henriques da Silva e do regedor Manuel Pinto de Almeida, as festas seriam realizadas em Julho na Póvoa e denominadas de SRA. LIVRAÇÃO e S. BRAS na capela então construída em 1877 e a dos Arcos em Agosto denominadas de S. CIPRIANO e SENHOR DOS DESAMPARADOS, estando os ditos Arcos expostos no Passal durante um mês, acabando por isso a de Setembro, baseado no facto de se tornarem caras a realização de tantas festas e também devido à revindicação das gentes da Póvoa que exigiam uma festa na parte de cima da freguesia.

Os primeiros registos paroquiais apareceram com a vinda do primeiro padre residente, Ambrósio Godinho Barboza, datam de 1640, onde já referia ser este povo muito dado às cousas religiosas. Em 1755, andava o padre José Queirós a construir um novo templo “ pois o que existe é pequeno e exíguo para as duzentas e vinte oito almas desta freguesia“; este pensava inaugurá-la em Dezembro durante as festas ao Menino mas o terramoto desse ano deitou por terra o seu sonho e quase destruiu o seu desejo. As gentes ficaram destroçadas, aliaram-se ao padre no desejo de levantar de novo o templo, nem que para isso fosse necessário “passar fome para ter uma nova igreja“; mas o intento tornou-se longo, a reconstrução demorou quase 4 anos até à vinda financeira do Estado, já o povo pusera mãos à obra, dedicando os meses de Abril até Setembro “ao levantamento das paredes caídas, substituindo o tecto por padieiras ou andores ornamentados de flores de folhas largas, contrafiadas com trapos e linhagens, e saiam à rua nas festas de verão, onde o povo agradecia e rogava ao padroeiro abençoadas benesses contra as maleitas“; nos seus ditos escritos das Memórias, o padre Queirós referia “é o orago S. Cipriano e tem o Senhor dos Desamparados como figura sagrada", festa esta que teve inicio em 1756 por iniciativa de José Queirós em agradecimento ao Senhor que amparou as gentes desamparadas, juntando a estas a das padieiras Floridas de flores no mês de Agosto; o orago S. Cipriano tem em sua honra a 14 de Setembro a dita festividade; é uma igreja de três altares, mas de pequena nave para os paroquianos em crescimento, por isso já pequeno, por isso andava em obras, mas o dito terramoto abriu brechas e reduziu quase a ruínas o novo templo espontaneamente nascera então os ditos Arcos que seriam reforçados com a inauguração do templo em 1763, onde o dito padre incluiu esta tradição como instituição local, que após a sua morte em 1764, seria reforçada pelo grande Jerónimo Lopes, que tornaria esta Tradição como uma forma espontânea de agradecer A AJUDA DIVINA dada à construção da nova igreja. Este padre referiu nos Censos de 1802 que nesta terra “de grande progresso e trabalhadora, o povo é crente e ajuda com diversas formas o engrandecimento da Paróquia Religiosa, que serve de exemplo para muitas próximas, onde é reflectida na devoção que botam nas suas festas, onde são arreigadas o orgulho peculiar desta gente".

Os padres seguintes não só defenderam esta tradição como enraizaram a mesma tornando-a como referência desta terra no concelho, que seria reforçada com o pároco José Henrique da Silva em 1879, onde colocaria como referência esta festa como a local, denominando-a de Festa do Senhor dos Desamparados e dos Arcos, como esta foto confirma, datada de 1880, os Arcos são transportados pelos paroquianos da Comissão dos Passos, onde ainda eram itinerários, sendo que esta tradição seria definitivamente enraizada na época do padre José Maria Castelão, que fundaria a Comissão Organizadora dos Arcos, que seria a responsável da manutenção da mesma.


Foto datada de 1880 - é uma relíquia que demonstra a transformação do Arraial até aos dias de hoje




Bardo da Lira

2 comentários:

  1. Porquê nunca aparecem os créditos relativamente às fotos?
    Não sabem a quem pertenciam nem quem as ofereceu??

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  2. A rtp esteve cá hoje a filmar os arcos !
    Espero que venham no dia da festa .

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