sexta-feira, 30 de julho de 2010

UMA RESENHA HISTÓRICA DA FESTA DOS ARCOS - (Parte2)

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OS ARCOS DE 1895 ATÉ AOS NOSSOS DIAS


Esta foto de 1895 constituiu um espólio para as ditas festas, onde os Arcos já estavam fixos diante da Igreja e aí ficariam até ao principio dos anos 20 do século XX.

Depois da formação da Comissão dos Arcos, os lugares mais concorridos da freguesia degladiavam-se para fazer o Arco mais bonito. Por isso tornaram-se baluartes que deixavam boquiabertos quem nos visitava, porque as gentes eram bairristas e davam o seu melhor; nas décadas 10 e 20 do século passado tornaram-se lendárias as rivalidades existentes entre alguns lugares, onde nomes como: António dos Jerónimos, Aguiares Brandões (Casa de Riomaior), Almeidas (Casa da Portela), Mourão (Póvoa), etc., deixaram autênticas jóias de artesanato popular, que através de relatos de jornais regionais da altura, em parangonas estarreciam-se com a beleza, arrastando no mês de Agosto à nossa localidade pessoas ilustres da região Norte e colocaram no mapa a nossa freguesia como a mais bela do concelho.

Depois do auge dessas épocas a festa realizava-se todos os anos mas os Arcos entraram em declínio. As gentes deixaram cair esta tradição, mesmo havendo incentivo dos padres e ilustres, a década de 30 quase deitou tudo a perder; só depois da vinda de Martins Alves em 1939, que em boa hora chegou, encontrando uma igreja a precisar de obras, deitou mão a todas as tradições da terra: consoadas, bailes, teatro, tuna e renovou a feitura dos Arcos como fonte de receitas, pois os leilões renderam muito dinheiro.

Quando em 1943 a igreja foi inaugurada, orgulhosamente as gentes sentiam que a união entre todos os brandoenses conservaram a continuação desta tradição que, mesmo atravessando altos e baixos, resistiu ao tempo. Em 1952 seria o ano tal que fez desta festa a importância que tem na actualidade, quando um punhado de brandoenses criaram a Comissão dos Arcos, tornando-a num postal de visita e propagando-a pelo País e pelo Mundo, que pela pena do mestre Ramiro Relvas em 1956 “dêem às festas religiosas toda a pompa litúrgica e a imponência do culto que merecem, mas retirem-lhes a manifestação de carácter profano que não passa de vulgaridade. Conserve-se porém, a tradicionalíssima Festa dos Arcos, estupendo cartaz da nossa terra, pois não há no país idêntica manifestação de arte popular, a arquitectura do povo“. Um ilustre escritor e poeta brandoense, Dr. Mesquita, escrevinhou o seguinte no Comércio do Porto, em 1956; ”uma outra manifestação de arte popular Paçobrandonense, mais cingida pela etnografia, avulta na Festa dos Arcos. Este belo costume, velho de mais de 156 anos, estava ameaçado de morte, condenado a só poder ser recordado com saudade. A dois artistas, Luis Gomes F. Alves e Ramiro Relvas se deve a iniciativa de, para regalo nosso, a tradição ter sido renovada. Houve em 1952 uma pequena tentativa, isolada mas brilhante. A semente frutificou e, desde 1954, que o Concurso dos Arcos, sempre no primeiro domingo de Agosto, agora patrocinado pela Câmara Municipal do Concelho, constitui o mais expressivo e típico cartaz das Festas de Agosto. Formam um arco duas compridas varas esguias ao alto e a três metros acima do solo, várias traves são pregadas nelas, de través. Da primeira das traves até ao cimo, que normalmente uma cruz remata, é guarnecido de delicadas rendilhas, volutas, florões, formando caprichosos e artísticos desenhos, carregados de símbolos, saboroso fruto magnifico da imaginação popular. Em tempos idos, rapazes e raparigas dos lugares donde os arcos eram, traziam-nos em triunfo, vaidosamente, entre danças e cantares. Ali ficavam alevantados, árvores floridas, irmãs das árvores verdes do arraial, arrancando comentários de admiração embevecida. Depois os organizadores da Festa davam aos fabriqueiros, ao arrear dos arcos, uma piqueta que constava de uma canada de vinho, regueifa e azeitonas. Faziam súcia, dançando e cantando as modas populares. Este pitoresco costume é revivido com o Arco da Aldeia.”
De realçar que os primeiros arcos construídos não se regiam por medidas, pois cada construtor fazia o arco ao seu jeito, aparecendo um desnível entre cada um, tornando grotesco no alinhamento; ao inicio isto não constituía problema algum, mas a partir de 1910 com o alargamento do ARRAIAL, o acampado diante do adro tornou-se apertado, por isso foi necessário disciplinar as medidas dos Arcos, para que os carros e as carroças não esbarrassem com os mesmos.

Em 1992 a comissão teve necessidade de disciplinar de novo as medidas para concurso, pegando as medidas de 1910 da autoria de António Silva, e esta medida é a que perdura na actualidade. O único senão foi o de nunca ter sido criado um museu que guardasse os arcos, por isso perdeu-se para sempre algumas jóias, perdurando as fotografias, mas a saudade dos mesmos perduram nas memórias.
Nomes como: Miguel da Germana, Joaquim Trovisco, Neca Rola, Dona Joaninha e Família, Ramalho do Candal, dezenas de artistas populares anónimos, que tornaram inesquecíveis nos últimos 100 anos, a feitura de Arcos, com todo o tipo de artefactos e muita poesia declamada:
As abelhas da Aldeia , das flores do Lodeiro beijaram,

Vestem hoje a sua farda amarela, para comemorar a façanha.

Os grilos esses, fizeram uma Estudantina,

para cantarem e Tocarem o Hino da vitória!















Bardo da Lira

9 comentários:

  1. Os meus parabéns por estas publicações, repletas de interesse histórico, belas fotos e que a mim muito ensinou sobre as origens desta tradição única.

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  2. Sr. Bardo , volto a insistir na pergunta: porque não menciona o autor das fotos , nem quem elaborou os Arcos nelas contidos , nem aonde as conseguiu ou quem lhas cedeu??
    O interesse histórico ficava mais completo.........

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  3. caro anónimo :

    responde-lhe á letra da sua deselegância porque nada lhe devo ; as fotos são originais , oferecidas e outras emprestadas por pessoas particulares,que consentiram a sua divulgação ,por isso ,das minhas faço o que bem intendo delas , ou será que és algum prossecutor ? , se pensas que são da junta ou da pertença só de alguns, que continuem com as mesmas guardadas nas gavetas ou em albums amarelados , porque é devido a pessoas como a tua intelectualidade que esta terra é o que é ! por isso se pensavas que o espólio brandoense era só de uma franja tira o cavalo da chuva : já agora troca o anónimo por nome pessoal , que é para eu saber de quem me julga ... capito ?

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  4. Bardo:
    Subentendo no teu comentário alguma disputa com alguém que pensas ter escrito o comentário anterior. Nisso não me meto até porque realmente quem escreveu deveria ter sugerido, perguntado, etc sem aquel ton como disseste pressecutório.
    Já no que disseste deixa-me dizer-te que:

    porque é devido a pessoas como a tua intelectualidade que esta terra é o que é !

    Paços de Brandão é o que é realmente com base em muitas pessoas. E é muito bom! excelente! poderia ser melhor? Podia e será se todos ajudarmos e sem esses ressentimentos. Não alinhes com os deita abaixo sistemático porque não ganhas nada com isso e sobretudo porque a terra fica menos excelente se não tivermos as tuas investigações históricas.

    se pensas que são da junta ou da pertença só de alguns

    Tanto ressabiamento para quê? não tenho informação que alguém da Junta ou fora dela não te empreste fotos, ou não te ajude. Se assim não for anuncia-o publicamente. Ou então não levantes estigmas onde não existam.

    Um amigo

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  5. ...........Em primeiro lugar , o Sr. precisa de aprender a escrever português correctamente!!
    Repare na total ausência de concordância das suas frases............!
    Em segundo lugar , ainda bem que existe quem guarde coisas antigas "a amarelar";servem pelos menos para que pessoas como o Sr. possam brilhar à custa do cuidado de preservação que elas tiveram!!

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  6. caro(s) anónimos :

    em primeiro lugar peço desculpa se vos ofendi , mas esta resposta foi um tal anónimo que passa o tempo a duvidar do que escrevo e pensa ser o dono da razão ; quanto ao que diz ser meu amigo espero que aceites a minha desculpa ,mas podes ficar certo que se estivesse á espera duns tantos mais valia esperar sentado ; quanto ao das 18.58 , que penso ser o visado pela minha critica , só lhe digo que se vá lavar ... por isso amigo guarde os seus conselhos para alguns que só vivem para criticar... Não pus as fontes fotográficas , porque há muita pulga aí que procura as mesmas para colocar a sua assinatura como sendo sua e isso chamasse trafulhice e plágio . sou gato escaldado...

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  7. O Santo antónio está no papel porque razao?

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  8. caro anónimo :

    se não sabe , Santo António tinha uma festa em Agosto juntamente com o Senhor dos Desamparados, pois existia uma pequena capela no antigo adro , mas a junta em 1876 decidiu move-la para a Sobreira , anexou a de Setembro a esta e por isso daí, os três serem oragos da dita ... penso tê-lo elucidado ...

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  9. Bardo, não precisa de descer tantos degraus.
    Parabéns pelo trabalho elaborado!
    Obrigado por colocar toda esta informação disponível a todos os brandoenses e aqueles que gostam de saber de um pouco de História e qual a origem das nossas tradições.
    Está um trabalho excelente!
    Qual a origem e de quem é pretensa, isso pouco importa. O que se deve realçar é o facto de agora sabermos qual o significado desta festa.
    O papel de todos nós é fazer com que a tradição se mantenha por muitos e muitos anos.
    Viva Paços de Brandão!!!

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