IDADE MÉDIA – ATÉ AO SÉC. XIV – XV
ORDEM DE MALTA
Após a tomada de Jerusalém, pelos Cristãos, nos fins do século XI, cerca do ano de 1046, um grupo de mercadores da zona italiana de Amalfi, fundou ali uma pequena casa religiosa, inspirada na Regra de S. Bento e destinada a receber peregrinos, a dar-lhes asilo, a tratá-los nas suas doenças. Chamavam-lhe «Casa dos Pobres do Hospital de Jerusalém» ou «Hospital de S. João» - 1099.
Esta instituição foi confirmada em 1113 pelo Papa Pascoal II, como Congregação de S. João, que deu origem à Ordem dos Hospitaleiros ou Cavaleiros de S. João de Jerusalém. Bem depressa viria esta Ordem a estabelecer-se em Portugal.
A Casa de Jerusalém, devido às epidemias que afligiram os Cruzados e peregrinos, chegados ao Oriente, em breve se converteu numa vasta enfermaria. Com a fomentação das Ordens Militares, Papa Urbano II, Concílio de Clermont (1095) e a exemplo dos Cavaleiros do Templo, que combatiam os infiéis e defendiam o Sepulcro de Cristo, propunha-se a defender iguais propósitos, convertendo-se em Ordem Militar. Contudo, conservou o carácter beneficiente, mantendo, nas suas casas, os serviços de assistência (agasalho e enfermagem) dos peregrinos. Foi em 1120 que o francês Raimundo du Puy, nomeado Grão-Mestre, acrescentou ao cuidado com os doentes o serviço militar.
No ano de 1122, era de 1160, a Ordem já está dotada, com legados, e está possuindo ou ocupando o Mosteiro de Leça (distante pouco mais de uma légua da Cidade do Porto, junto do Rio Leça, de que tomou o nome) com muitas herdades, coutos e pertenças. No mesmo ano de 1122, em 28 de Julho, existe uma Escritura de Contrato e Composição, que fez o Bispo D. Hugo com Martinho, Prior do Mosteiro de Leça, aparecendo este com toda a regularidade conventual de Prelado e súbditos, remitindo-lhe por si e seus sucessores a obrigação do jantar (colheita ou contribuições, a que sempre ficarão obrigadas as referidas Ordens) em que só pelo referido Mosteiro lhe era obrigado: doação pelo Prior da Ordem ao Bispo do Porto de diversos bens.
É difícil fixar ao certo, quem concedeu a primeira doação à Ordem do Hospital; se o Conde D. Henrique com sua mulher D. Thereza; se esta juntamente com seu filho, ou finalmente se este só, naquela parte das conquistas de seu Pai em a Província do Minho e Galliza, de que somente tinha ficado mais liberto Senhor, continuando a sua Corte em Guimarães ?
Pode-se conjecturar que D. Afonso Henriques, imediatamente que ficou de posse pacífica de todo o Reino em 1128, se lembraria muito naturalmente de confirmar a Doação, ou fazê-la como de novo, a uns Cavaleiros e Donatários, de que cada vez iria recebendo mais serviços.
Em 1130 o Papa Innocencio II dá enorme distinção à Ordem, pelo empenho Na defesa da Terra Santa. É desta época, em que todos os Príncipes, Senhores, e Poderosos, repartem de suas rendas (com mão mais larga) a favor da Ordem do Hospital, que adquire enormes possessões, Igrejas, Terras, por esmola e doações, às quais chamou Comendas, entre as sete Nações e Províncias do Ocidente, que são: Inglaterra, Provença, Alvernia, França, Itália, Hespanha (antes da sua divisão) e Alemanha.
A Ordem foi introduzida em Portugal quase ao mesmo tempo que foi a dos Templários. Segundo D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto, na Homilia, da celebração de encerramento das Comemorações do Milénio da História do Mosteiro de Leça do Balio, 14 de Março de 2004, «foi na aproximação do Rio Leça, no lugar de Recarei, que houve um modesto cenóbio, de carácter familiar, documentado desde 1003. Sucedeu-lhe, em continuidade, uma construção românica do século XII, a qual terá recebido os primeiros Hospitalários portugueses. São pouco consistentes as datas e vagas as circunstâncias da sua chegada e implantação. Fala-se da interferência do Conde D. Henrique, insiste-se mais na doação de D. Teresa, por ventura em 1112 (para outros, um pouco mais tarde). Admite-se porém, e pacificamente, que no tempo de D. Afonso Henriques, os Hospitalários se integravam na vida do Reino».
Efectivamente, em 1140, D. Afonso Henriques concede carta de couto e dá privilégios. Leça do Balio foi pois a primeira sede e casa – mãe do Grão-Priorado em Portugal da Ordem Militar dos Hospitalários, que muito contribuiu para o desenvolvimento daquelas Terras da Maia (hoje integradas em Matosinhos).
O primeiro prior no tempo de D. Afonso Henriques, foi D. Frei Ayres, a quem foram concedidos inúmeros privilégios, no ano de 1157.
Em 1194, D. Sancho I doou à Ordem dos Hospitalários, a terra Guidintesta, junto ao rio Tejo, para aí construírem um castelo, ao qual o monarca, no acto da doação pôs o nome de Castelo de Belver, que foi a segunda casa em Portugal, que chegara a possuir treze vilas, e entre elas, Proença, Gavião.
Em 8 de Dezembro de 1231, no reinado de D. Sancho II, era prior da Ordem em Portugal, Mem Gonçalves, foi dado foral a Vila do Crato, mas supõe-se que conquanto a Ordem fosse senhora do Crato, ainda não havia sido elevada a sede da Ordem.
Crato, doado por D. Sancho II à que mais tarde, talvez em 1340, veio a ser a nova sede. O superior português era denominado de Prior do Hospital, e a partir de D. Afonso IV por Prior do Crato, sendo com este título D. Álvaro Gonçalves Pereira. Em 1350 passou por ser sede dos Cavaleiros de Malta, os mais privilegiados de Portugal. A Congregação ganhou fama na Europa e perpetuou-se com a designação de ORDEM DE MALTA, a partir de 1530, quando se estabeleceram na ilha do mesmo nome.
No século XIII (cerca dos anos 60) e princípios do seguinte, no oriente, a Ordem do Hospital, perde as últimas praças que aí possuía, também no seio da igreja existiam enormes perturbações, provocadas pelo cisma do ocidente, o que veio a levar a diversas correcções normativas, que foram efectuadas ao longo do século XV na Ordem de Malta, contudo as perturbações causadas à Ordem não acabaram aqui. A capitulação de Rodes e a defesa desta ilha em 1522, constituíram uma preocupação do Grão Mestre, que o leva a tomar medidas excepcionais, para a defesa da Ilha. A instalação da Ordem de Malta não coincidiu com o fim das hostilidades, bem evidentes na defesa desta Ilha em 1565, o que mais uma vez irá estar na base da resposta dada pelos freires, que saiem do seu Priorado em defesa destes locais distantes.
O conjunto de normas e respectivas penas, aplicáveis sempre que se verificassem certos desvios, traduzem uma crescente complexidade da organização da Ordem do Hospital durante a época medieval e uma maior insegurança nos órgãos conventuais, compatível com um incremento das brigas entre freires e o seu envolvimento com a comunidade civil, fruto do desenvolvimento da sua actuação na vida laica. Paralelamente, a evolução das cláusulas normativas apresenta momentos fundamentais, reflectindo as diversas conjunturas históricas, marcadas ora pela organização do convento, pela definição dos órgãos centrais de governo e pela definição das obrigações de cada unidade territorial, ora por dificuldades económicas resultantes da perda de domínios na Terra Santa, ora pelo Cisma da Igreja, ora por convulsões militares relacionadas com o avanço dos infiéis no Mediterrâneo.
Os Grãos – Priores (num total de 35), eram providos por dez anos prorrogáveis e gozavam no reino de honras de conde quando não eram ainda superiores.
A Rainha D. Maria I, por carta de 31 de Janeiro de 1790, confirmou o Breve apostólico do Papa Pio VI, ordenou que a administração do Grão – Priorado do Crato ficasse unida à Casa do Infantado, que seria extinta em 1843, assim como a Ordem dos Hospitaleiros.
O Priorado do Crato, tinha em 1834, cinco baliados: Leça, Sertã, Crato, Rio Meão e Rossos e Fossos (Rossos junto a Arouca, e Fossos em FAIA, Cabeceira de Basto); com a extinção ficaram incorporados no Patriacado.
No Mosteiro de Leça do Balio, casaram o Rei D. Fernando com D. Leonor de Teles. Na Capela-Mor do Mosteiro, encontra-se uma campa rasa brasonada (armas dos Almeidas e Vasconcelos) e, em arossólio adossado a parede direita, a arca tumular de Frei Cristóvão de Cernache (1569). Na parede fronteira situam-se os nichos que guardam os túmulos de Frei Lopo Pereira de Lima (1684) e de Frei Diogo de Melo Pereira (1666). No absidíolo do lado do Evangelho, encontra-se o túmulo de Frei João Coelho, com estátua jazente. Na capela de ferro, ao lado da Epístola, está a campa rasa do fundador, Frei Estêvão Vasques (1336), encimada por uma placa de bronze contendo o epitáfio do defunto em caracteres leoneses.
ORDEM DE MALTA
Após a tomada de Jerusalém, pelos Cristãos, nos fins do século XI, cerca do ano de 1046, um grupo de mercadores da zona italiana de Amalfi, fundou ali uma pequena casa religiosa, inspirada na Regra de S. Bento e destinada a receber peregrinos, a dar-lhes asilo, a tratá-los nas suas doenças. Chamavam-lhe «Casa dos Pobres do Hospital de Jerusalém» ou «Hospital de S. João» - 1099.
Esta instituição foi confirmada em 1113 pelo Papa Pascoal II, como Congregação de S. João, que deu origem à Ordem dos Hospitaleiros ou Cavaleiros de S. João de Jerusalém. Bem depressa viria esta Ordem a estabelecer-se em Portugal.
A Casa de Jerusalém, devido às epidemias que afligiram os Cruzados e peregrinos, chegados ao Oriente, em breve se converteu numa vasta enfermaria. Com a fomentação das Ordens Militares, Papa Urbano II, Concílio de Clermont (1095) e a exemplo dos Cavaleiros do Templo, que combatiam os infiéis e defendiam o Sepulcro de Cristo, propunha-se a defender iguais propósitos, convertendo-se em Ordem Militar. Contudo, conservou o carácter beneficiente, mantendo, nas suas casas, os serviços de assistência (agasalho e enfermagem) dos peregrinos. Foi em 1120 que o francês Raimundo du Puy, nomeado Grão-Mestre, acrescentou ao cuidado com os doentes o serviço militar.
No ano de 1122, era de 1160, a Ordem já está dotada, com legados, e está possuindo ou ocupando o Mosteiro de Leça (distante pouco mais de uma légua da Cidade do Porto, junto do Rio Leça, de que tomou o nome) com muitas herdades, coutos e pertenças. No mesmo ano de 1122, em 28 de Julho, existe uma Escritura de Contrato e Composição, que fez o Bispo D. Hugo com Martinho, Prior do Mosteiro de Leça, aparecendo este com toda a regularidade conventual de Prelado e súbditos, remitindo-lhe por si e seus sucessores a obrigação do jantar (colheita ou contribuições, a que sempre ficarão obrigadas as referidas Ordens) em que só pelo referido Mosteiro lhe era obrigado: doação pelo Prior da Ordem ao Bispo do Porto de diversos bens.
É difícil fixar ao certo, quem concedeu a primeira doação à Ordem do Hospital; se o Conde D. Henrique com sua mulher D. Thereza; se esta juntamente com seu filho, ou finalmente se este só, naquela parte das conquistas de seu Pai em a Província do Minho e Galliza, de que somente tinha ficado mais liberto Senhor, continuando a sua Corte em Guimarães ?
Pode-se conjecturar que D. Afonso Henriques, imediatamente que ficou de posse pacífica de todo o Reino em 1128, se lembraria muito naturalmente de confirmar a Doação, ou fazê-la como de novo, a uns Cavaleiros e Donatários, de que cada vez iria recebendo mais serviços.
Em 1130 o Papa Innocencio II dá enorme distinção à Ordem, pelo empenho Na defesa da Terra Santa. É desta época, em que todos os Príncipes, Senhores, e Poderosos, repartem de suas rendas (com mão mais larga) a favor da Ordem do Hospital, que adquire enormes possessões, Igrejas, Terras, por esmola e doações, às quais chamou Comendas, entre as sete Nações e Províncias do Ocidente, que são: Inglaterra, Provença, Alvernia, França, Itália, Hespanha (antes da sua divisão) e Alemanha.
A Ordem foi introduzida em Portugal quase ao mesmo tempo que foi a dos Templários. Segundo D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto, na Homilia, da celebração de encerramento das Comemorações do Milénio da História do Mosteiro de Leça do Balio, 14 de Março de 2004, «foi na aproximação do Rio Leça, no lugar de Recarei, que houve um modesto cenóbio, de carácter familiar, documentado desde 1003. Sucedeu-lhe, em continuidade, uma construção românica do século XII, a qual terá recebido os primeiros Hospitalários portugueses. São pouco consistentes as datas e vagas as circunstâncias da sua chegada e implantação. Fala-se da interferência do Conde D. Henrique, insiste-se mais na doação de D. Teresa, por ventura em 1112 (para outros, um pouco mais tarde). Admite-se porém, e pacificamente, que no tempo de D. Afonso Henriques, os Hospitalários se integravam na vida do Reino».
Efectivamente, em 1140, D. Afonso Henriques concede carta de couto e dá privilégios. Leça do Balio foi pois a primeira sede e casa – mãe do Grão-Priorado em Portugal da Ordem Militar dos Hospitalários, que muito contribuiu para o desenvolvimento daquelas Terras da Maia (hoje integradas em Matosinhos).
O primeiro prior no tempo de D. Afonso Henriques, foi D. Frei Ayres, a quem foram concedidos inúmeros privilégios, no ano de 1157.
Em 1194, D. Sancho I doou à Ordem dos Hospitalários, a terra Guidintesta, junto ao rio Tejo, para aí construírem um castelo, ao qual o monarca, no acto da doação pôs o nome de Castelo de Belver, que foi a segunda casa em Portugal, que chegara a possuir treze vilas, e entre elas, Proença, Gavião.
Em 8 de Dezembro de 1231, no reinado de D. Sancho II, era prior da Ordem em Portugal, Mem Gonçalves, foi dado foral a Vila do Crato, mas supõe-se que conquanto a Ordem fosse senhora do Crato, ainda não havia sido elevada a sede da Ordem.
Crato, doado por D. Sancho II à que mais tarde, talvez em 1340, veio a ser a nova sede. O superior português era denominado de Prior do Hospital, e a partir de D. Afonso IV por Prior do Crato, sendo com este título D. Álvaro Gonçalves Pereira. Em 1350 passou por ser sede dos Cavaleiros de Malta, os mais privilegiados de Portugal. A Congregação ganhou fama na Europa e perpetuou-se com a designação de ORDEM DE MALTA, a partir de 1530, quando se estabeleceram na ilha do mesmo nome.
No século XIII (cerca dos anos 60) e princípios do seguinte, no oriente, a Ordem do Hospital, perde as últimas praças que aí possuía, também no seio da igreja existiam enormes perturbações, provocadas pelo cisma do ocidente, o que veio a levar a diversas correcções normativas, que foram efectuadas ao longo do século XV na Ordem de Malta, contudo as perturbações causadas à Ordem não acabaram aqui. A capitulação de Rodes e a defesa desta ilha em 1522, constituíram uma preocupação do Grão Mestre, que o leva a tomar medidas excepcionais, para a defesa da Ilha. A instalação da Ordem de Malta não coincidiu com o fim das hostilidades, bem evidentes na defesa desta Ilha em 1565, o que mais uma vez irá estar na base da resposta dada pelos freires, que saiem do seu Priorado em defesa destes locais distantes.
O conjunto de normas e respectivas penas, aplicáveis sempre que se verificassem certos desvios, traduzem uma crescente complexidade da organização da Ordem do Hospital durante a época medieval e uma maior insegurança nos órgãos conventuais, compatível com um incremento das brigas entre freires e o seu envolvimento com a comunidade civil, fruto do desenvolvimento da sua actuação na vida laica. Paralelamente, a evolução das cláusulas normativas apresenta momentos fundamentais, reflectindo as diversas conjunturas históricas, marcadas ora pela organização do convento, pela definição dos órgãos centrais de governo e pela definição das obrigações de cada unidade territorial, ora por dificuldades económicas resultantes da perda de domínios na Terra Santa, ora pelo Cisma da Igreja, ora por convulsões militares relacionadas com o avanço dos infiéis no Mediterrâneo.
Os Grãos – Priores (num total de 35), eram providos por dez anos prorrogáveis e gozavam no reino de honras de conde quando não eram ainda superiores.
A Rainha D. Maria I, por carta de 31 de Janeiro de 1790, confirmou o Breve apostólico do Papa Pio VI, ordenou que a administração do Grão – Priorado do Crato ficasse unida à Casa do Infantado, que seria extinta em 1843, assim como a Ordem dos Hospitaleiros.
O Priorado do Crato, tinha em 1834, cinco baliados: Leça, Sertã, Crato, Rio Meão e Rossos e Fossos (Rossos junto a Arouca, e Fossos em FAIA, Cabeceira de Basto); com a extinção ficaram incorporados no Patriacado.
No Mosteiro de Leça do Balio, casaram o Rei D. Fernando com D. Leonor de Teles. Na Capela-Mor do Mosteiro, encontra-se uma campa rasa brasonada (armas dos Almeidas e Vasconcelos) e, em arossólio adossado a parede direita, a arca tumular de Frei Cristóvão de Cernache (1569). Na parede fronteira situam-se os nichos que guardam os túmulos de Frei Lopo Pereira de Lima (1684) e de Frei Diogo de Melo Pereira (1666). No absidíolo do lado do Evangelho, encontra-se o túmulo de Frei João Coelho, com estátua jazente. Na capela de ferro, ao lado da Epístola, está a campa rasa do fundador, Frei Estêvão Vasques (1336), encimada por uma placa de bronze contendo o epitáfio do defunto em caracteres leoneses.
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