Um menino de oito anos vai ficar sob vigilância médica durante um ano depois de na quinta-feira ter pisado a agulha de uma seringa no areal de uma zona concessionada da Praia de Esmoriz, em Ovar, afirmou o presidente do Centro Social de Paços de Brandão.
A criança integrava o grupo de cerca de 75 crianças dos 3 aos 12 anos que diariamente frequentam 10 toldos de praia que essa instituição do concelho da Feira aluga para o efeito à empresa Pé N'Areia, concessionária da zona balnear em causa.
Carlos Neves, presidente do Centro Social de Paços de Brandão, na Feira, declarou à agência Lusa que «a criança vai ficar sob vigilância médica durante um ano» e considera que «é inadmissível que uma situação destas possa acontecer numa praia regulamentada e com Bandeira Azul, onde se paga para usufruir do espaço e, afinal, não há quem garanta a salubridade do serviço».
«Aquelas barracas devem estar a ser usadas por gente que vai para lá à noite injectar-se e não há quem evite isso nem quem verifique o estado do local de manhã, antes de as pessoas chegarem à praia», observa esse responsável.
«Há tantos cuidados com a fiscalização dos autocarros e das cadeirinhas, e afinal nas praias não há segurança nenhuma, nem quem se responsabilize por ela», acrescenta Carlos Neves, adiantando que, às 09:30 de quinta-feira, nessa zona vigiada «também não havia ainda nenhum nadador-salvador de serviço».
O acidente com a seringa deu-se por essa altura e foram as funcionárias do Centro Social a prestar os primeiros socorros à criança. Essa foi depois encaminhada pelos bombeiros locais para o Hospital de S. Sebastião, na Feira, onde lhe trataram do ferimento no calcanhar e foi sujeita a exames ao sangue.
Os primeiros resultados das análises não indicaram qualquer anomalia, mas dado que certas doenças podem demorar meses a manifestar-se, o menino permanecerá sob vigilância médica durante um ano, até que possa considerar-se livre de perigo.
«Os pais da criança vão andar com o coração nas mãos durante um ano», realça Carlos Neves. «É preciso sensibilizar as autoridades competentes para este problema, porque situações desta gravidade não podem repetir-se».
Nelson Gomes, gerente da empresa Pé N'Areia, disse lamentar o sucedido, mas defende que «uma coisa destas pode acontecer a qualquer um».
«Nós limpamos a praia todas as manhãs e uma vez por semana a Câmara faz outra limpeza, com os tractores», adianta. «Durante a noite também temos vigilância, para ninguém vandalizar as barracas, mas não se consegue controlar tudo, porque é uma área muito grande, com 100 metros [de extensão]».
Nelson Gomes acrescenta que na Praia de Esmoriz «nunca houve um problema destes em 30 anos» e considera que cada utente deve usufruir do areal na consciência de que «basta um prego ou um pedaço de vidro para alguém se ferir».
«O próprio mar está sempre a lançar coisas para a areia», observa, «e nunca se sabe o que é que ele traz».
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