sábado, 4 de junho de 2011

Terminou o Circo (campanha)

Ora bem, terminou  a campanha eleitoral, e com ela este triste espectáculo circense que infestou as rádios, a tv e  até mesmo o próprio ar durante 2 semanas!
Amanhã pedem ao povo, que serenamente reflicta, e que em consciência  domingo vá votar.Em todo este periodo que durou a campanha, muito se falou, e muitos falaram, com maior ou menor ruído, e com programas eleitorais com mais ou menos páginas. Enfim de tudo um pouco! Contudo prometendo todos sem excepção, devolver ao povo "a terra prometida".
Mas afinal na segunda-feira já não sabemos todos o que nos espera? Não foram já concretizadas as negociatas com uma tal de "troika" que nos esgana o cinto até o pescoço? 
Um ex-independente do círculo de Lisboa, vociferava num discurso, possivelmente entusiasmado pelo néctar que lhe regou o repasto desse dia, e onde afirmava a propósito dos méritos do seu chefe,  "Eu não vendo a banha da cobra"! Nada mais anedótico, todos estão a vender a banha da cobra sem excepção! Andam a enganar o povo, já é o FMI quem nos governa! Aliás...bem mais subtil...é a banca quem manda!
Não teria sido mais prático, se aquele senhor que mora em Belém, que até é  Presidente desta nação, mesmo que tenha sido com muito menos de metade dos eleitores Portugueses. Ter chamado a si as responsabilidades que se  lhe exigem, e em vez de ter aceite a demissão de um pinóquio e convocado novas eleições. teria antes nomeado um Governo de unidade nacional, onde estivessem representadas todas as forças do parlamento??
Evitavam-se tantos gastos desnecessários com isto, e o resultado era quase de certeza melhor, pois todos eram responsáveis por gerir esta crise. Mas não... a sede de poder falou mais alto, e lacaio que é da laranjeira que o viu nascer, o Presidente fez o jeito ao partido.
Por isto então vendem-nos promessas em forma de banha da cobra rebuscada, que  mais não são que paliativo para manter a cegueira quase voluntária dos Portugueses.
Segunda-feira, como disse, já todos sabemos que os programas eleitorais, melhores ou piores, irão  bater num só: Acordo com a troika...
Portugal somos nós! é chegado o momento de parar para pensar antes de avançar. Temos de fazer sacrifícios, sim é verdade! Mas porquê? E acima de tudo, para quem?
Quais são afinal os culpados desta crise, e quem são os reais necessitados dela? O povo não é de certeza, pois é este que foi chamado a pagar a factura.
Seja quem for que venha a ser chamado para nos governar, irá quase cometer suicídio politico e eventual implosão do país, se não adoptar mudanças de fundo e der resposta a estas questões essenciais.
Precisamos também de uma Justiça que funcione, e faça cobro a todas as vigarices e trafulhices que ao longo dos anos deslapidaram a nação e o povo. Engordando alguns ilustres privilegiados, cuja virtude foi apenas ter dinheiro, ou estar no partido certo na hora certa em que eram Governo.
O povo, os cidadãos comuns, todos nós, devemos ter a obrigação de nos envolvermos mais, temos de ser cidadãos políticos pro-activos. E não meros fantoches deste sistema instituído! Mude-se o sistema! Mudem-se as mentalidades. 
O povo pode e deve começar por se organizar em pequenas associações de moradores, de lugares ou bairros (por exemplo). E com isso estabelecer regras de cidadania onde todos tenham deveres e direitos e que estes sejam cumpridos, numa espécie de micro-governos. Os quais serão a base de uma comunidade mais consciente e mais regrada. Que estendida a uma nação, fará de Portugal um país melhor!

Para pensar...

Construir em Vez de Combater  
Creio que uma das atitudes fundamentais do homem humano deve ser a de reconhecer em si, numa falta de compreensão ou numa falta de acção, a origem das deficiências que nota no ambiente em que vive; só começamos, na verdade, a melhorar quando deixamos de nos queixar dos outros para nos queixarmos de nós, quando nos resolvemos a fornecer nós mesmos ao mundo o que nos parece faltar-lhe; numa palavra, quando passamos de uma atitude de pessimista censura a uma atitude de criação optimista, optimista não quanto ao estado presente, mas quanto aos resultados futuros. O mesmo terá já dado um grande passo para impedir os ataques, quando aceitar que só puderam existir porque a sua acção não foi o que deveria ter sido; quando se lembrar ainda de que toda a sua coragem se não deve empregar a combater, mas a construir.

Agostinho da Silva, in 'Textos e Ensaios Filosóficos'

2 comentários:

  1. Estou torcendo pra que escolham o melhor para Portugal que ele precisa

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  2. concordo com quase tudo o que está escrito, excepto quando é referido que todos vendem a mesma banha da cobra e enganam o povo relativamente ao FMI. Só por distracção ou cegueira é que se pode dizer que todos enganam o povo, os partidos de esquerda têm marcado bem a sua diferença relativamente aos partidos do arco do poder, esses sim passaram a campanha com fait-divers para desviar as atenções daquilo que é essencial, ou seja, o que irá acontecer nos próximos tempos aos direitos dos trabalhadores com a supressão exigida a quem assinou o memorando da "troika", do conceito de "justa causa" como motivo de despedimento.

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