quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A hipocrisia sobre mobilidade (I)


Se na próxima quinta-feira der de caras com alguma ilustre figura da nossa terra ou deste concelho, sentado numa outra cadeira que não a do poder, não se entusiasme muito, não grite de contente, respire fundo e mantenha a postura, pois certamente será apenas uma figura do elenco de uma iniciativa que vai ser levada a cabo no concelho, onde decisores políticos, dirigentes associativos e técnicos e empresários da construção civil vão poder experimentar sentados numa cadeira de rodas quais as dificuldades reais existentes no terreno para os cidadãos com problemas de mobilidade. Esta iniciativa denominada "Sou o Outro", serve para assinalar no município o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, conforme notícia divulgada na Lusa.
Apesar de ser uma iniciativa interessante, não deixa de ser uma hipocrisia, pois ainda na passada sexta-feira, estes mesmos decisores políticos, foram protagonistas de um redondo não, a uma proposta de recomendação do Bloco de Esquerda à Câmara, para que fossem supridas todas as barreiras arquitectónicas de edifícios públicos no prazo de um ano.
Alegadamente é muito caro suprir essas barreiras, pelo que este prazo de um ano seria impossível de cumprir. Pois bem, para estes senhores que decidem tenho uma pergunta:

E se fossem vocês que estivessem numa cadeira de rodas?

Confesso que me faz uma certa confusão um executivo gastar milhares numa viagem à Terra dos Sonhos, que não serve mais que alimentar o consumismo da época e rejeitar um objectivo no tempo, para uma meta que visa resolver os problemas dos mais fracos entre os fracos, que neste caso são as pessoas com mobilidade reduzida.
Talvez o passeio em cadeira de rodas ajude a mudar de ideias...

1 comentário:

  1. Jose Ribeiro - Paços de Brandão2 de dezembro de 2009 às 21:34

    Estou chocado com esta noticia.
    Na ultima assembleia municipal foi apresentada um proposta para que se chegasse a uma temporização para resolver o problema da mobilidade devido ás barreiras arquitetonicas. A proposta foi chumbada na hora de votação, e agora aprece isto.
    Saibam que nesse dia esteve uma pessoa numa cadeira de rodas que teve de ser transportada em pulso porque a propria sala tinha degraus que não permitem a essas pessoas assistir a uma Assembleia Municipal pelos seus recursos. Deram-lhe a palavra como era de direito: pouco mais de um minuto. A sua intervenção passou despercebida e não foi objecto de análise.
    A bem de todos divulgue-se a revolta dos lesados...

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