«Tudo começou em 1948, por iniciativa de Luís Ferreira Alves e da sua
filha, mais conhecida por D. Joaninha. Queriam manter as tradições de
Paços de Brandão, onde nasceram, e por isso decidiram proceder à recolha
das cantigas da zona. “Para manter, para guardar, para não desaparecer,
para não morrer, para continuar para sempre” – diz, poeticamente, a
neta de D. Joaninha e actual cantandeira do grupo, Joana Carvalho.
Depois da recolha feita, passaram à acção e D. Joaninha juntou-se a
algumas raparigas da terra que também cantavam. As actuações começaram e
cedo foram reconhecidas. “Foram convidadas para cantar numa rádio do
Porto e, por sugestão do locutor, acabou por ficar o nome “Como elas
cantam em Paços de Brandão”” – adianta Joana Carvalho.
Os convites não ficaram por aí. Fizeram várias actuações, a nível
nacional, em sítios como o Casino Estoril e o Palácio da Foz, e foram,
ainda, requisitadas pela directora do Conservatório de Música do Porto
para actuar no País de Gales. “Correu melhor do que o esperado, porque
era uma actuação que não estava prevista” – afirma Joana Carvalho. Em
1955, junta-se às cantigas uma extensa recolha das danças levadas a cabo
nas desfolhadas de Paços de Brandão. “E a partir daí começam a actuar
mais vezes fora” – diz a cantandeira. Em 1980, as Joaninhas realizam o
primeiro Festival de Folclore da Europa Comunitária. “Reuniam-se aqui em
casa muitos grupos de vários países, que depois actuavam em Paços de
Brandão” – conta Joana Carvalho.
Grupo muito procurado por jovens
Entretanto, o grupo sofre um interregno, por alguns anos, e é depois
retomado em 2011, pela mão da filha de D. Joaninha, que ganhou o nome da
mãe. “Somos todas Joaninhas: a minha avó, a minha mãe, a minha irmã,
eu” – diz Joana Carvalho, que planeia manter esta tradição. Com novas
pessoas à sua frente, o conjunto assume o nome Grupo Folclórico Joaninha
de Paços de Brandão, e anuncia o seu retorno numa actuação na terra. “A
partir daí as pessoas começaram a aparecer. Não fomos nós que as
procuramos, foram elas que apareceram” – afirma Joana Carvalho,
adiantando que, contrariamente ao normal, foram os jovens que mais se
interessaram pelo conjunto. “Isso ainda foi mais satisfatório: ver o
interesse de pessoas jovens por um grupo folclórico, porque não é tão
frequente um grupo ser composto por pessoas novas e que têm gosto em
fazer aquilo” – diz a neta de D. Joaninha.
São 23 elementos, com uma média de idades entre os 15 e os 20 anos,
que já se tornaram “uma família”. “Recebemos as pessoas e elas
envolvem-se naquilo tanto quanto nós” – salienta Joana Carvalho. Apesar
disso, ainda há pessoas que permanecem desde o início do grupo. “Também
temos pessoas da mesma família, pais e filhos, e aquelas pessoas mais
antigas, que nos ajudam a manter a tradição” – refere a cantadeira. A
pessoa mais velha é, possivelmente, a mãe de Joana Carvalho, filha da
fundadora e actual directora do grupo, Joaninha. Todos se juntam aos
sábados, pelas 21h30, na casa das Joaninhas, para ensaiar. “A grande
maioria é daqui da zona, mas também temos um ou outro de fora” – diz
Joana Carvalho, acrescentando que os ensaios costumavam ser à
sexta-feira e que mudaram para tentar “compatibilizar horários”.
O importante é manter a tradição
“Lembro-me do grupo desde sempre. É algo de que nos orgulhamos e que
valorizamos muito devido à dedicação e ao esforço de todos em mantê-lo” –
diz Joana Carvalho, para quem é essencial preservar este conjunto. “É a
história da minha família e, através dele, representamos a nossa terra,
porque as nossas origens estão cá. Por isso, enquanto eu puder, estou
cá” – garante. A tradição é mesmo mantida à risca, não mudando uma
sílaba aos cantares nem um passo às danças. “Nunca varia. Continua tudo
como o meu bisavô e a minha avó deixaram. Tentamos evitar ao máximo as
mudanças porque queremos que a tradição continue a mesma” – salienta a
cantandeira, que assumiu este papel com muito gosto. “Para mim é
lisonjeador. Para além de ter o privilégio de pertencer a esta história,
conto com elementos excelentes e com a ajuda fulcral da minha mãe” –
refere.
Mas não é só Joana Carvalho que reconhece a importância do Grupo
Folclórico Joaninha de Paços de Brandão. “Estamos a notar a
receptividade das pessoas em relação ao grupo. São muito carinhosas, eu
não tinha essa percepção. Depois das actuações, vemos isso, é muito bom”
– conta, acrescentando que a interacção entre o público e o grupo é
grande. “Sinto a força das pessoas, o carinho com que nos recebem, o
conhecer das músicas, os aplausos, são gestos de grande receptividade” –
diz a cantandeira, prosseguindo: “É óptimo, durante uma actuação, ver
tanta gente que veio especialmente para nos ver e poder observar, de
perto, as suas reacções ao que nós fazemos. Sobem ao palco, dançam,
porque o grupo já faz parte de Paços de Brandão, e está entranhado nas
pessoas” – afirma, acrescentando que nada disto seria possível sem a
colaboração de todos os elementos do conjunto. “Fomos nós que
construímos mas também temos muita ajuda das outras pessoas que mantêm
viva a chama do grupo” – refere.
Para ela, não há grupo folclórico como as Joaninhas. “Os cantares, as
danças, os passos, as vestimentas, está tudo lá, é muito rico em
cultura. E a simplicidade com que tudo isto começou: uma mera recolha
pessoal ganhou esta dimensão” – sublinha, enaltecendo o papel da família
neste amor ao grupo. “Lembro-me, em pequena, da minha mãe, da minha
avó, da minha irmã no grupo, de tudo o que fez parte disto, e o que vivo
hoje deve-se muito ao que guardo desses tempos. Até o meu irmão dança
hoje no grupo” – diz Joana Carvalho. Por ter arrancado, novamente, há
pouco tempo, o grupo ainda está “a entrar no compasso das coisas”, mas
as actuações em Paços não param. Recentemente estiveram no Carnaval e a
famosa Festa da Póvoa, em Agosto, poderá certamente contar com elas.
“Recomeçamos do zero e agora estamos a ir com calma” – diz a cantadeira,
garantindo: “O grupo é a cultura de Paços de Brandão e é para levar até
ao fim”.»
Nota corretiva referente a artigo das Joaninhas
ResponderEliminarhttp://correiodafeira.pt/cultura/como-se-canta-e-danca-em-pacos-de-brandao-acusa-grupo-da-joaninha-de-plagio-mediocre/
Joana Carvalho??
ResponderEliminarJoana Rodrigues , isso sim. De "ramião" , dos que falam "fiquei à espera "cu cumer " e ele "num beu" almoçar!!...............