O Grupo Etnográfico e coral “ Como Se Canta e Dança em Paços de Brandão”

E porque  também de "cultura vive o homem", o Engenho resolveu partilhar com os estimados leitores, informação recolhida em http://www.jornalorebate.com.br/site/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=3002, relativa ao Grupo Etnográfico e coral “Como Se Canta e Dança em Paços de Brandão”, uma das principais bandeiras desta freguesia e que tanto orgulho lhe tem dado, ao longo dos seus mais de 61 anos, informação essa de Novembro de 2008, altura em que se recordava a primeira década da partida da nossa querida e saudosa "Joaninha". Um bem haja a esta grande mulher pela obra que nos deixou!

"Aplausos porque “Se Canta e Dança em Paços de Brandão”...

No ano de 1948, em Paços de Brandão, iniciaram-se os primeiros passos do senhor Luis Ferreira-Alves e sua filha Joaninha em resgatar e manter vivos os costumes e tradições locais. Passos estes que tomarian proporções e dimensões jamais sonhadas por um grupo que acreditou nos mesmos ideais. Após gravarem as cantigas recolhidas, por iniciativa de dona Joaninha, o destino conspirou a favor fazendo com que as cantigas fossem tocadas em uma rádio do Porto, e por sugestão do locutor o grupo foi apresentado com o respectivo nome de grupo coral “Como Elas Cantam em Paços de Brandão”.

A partir de então o grupo coral Como Elas Cantam em Paços de Brandão, fora convidado para inúmeras apresentações, mas o grande salto deu-se em 1950. O grupo foi convidado para se apresentar no festival mundial de coros em Llangollen no país de Galles, sendo a primeira vez que um grupo português se apresentara num festival com essa proporção no país de Galles. Que com maestria realizou um belíssimo feito, tendo como recompensa as palmas e agradecimento do público e imprensa do país, sendo de imediato convidado a actuar na B.B.C. de Londres onde mais uma vez o grupo coral, levara a importância das tradições brandoenses e o nome de Portugal, despertando o interesse da União Soviética em comprar as transmissões radiofònicas do grupo. O seu regresso, desencadeou o reconhecimento do povo português e o interesse em conhecer os costumes e tradições desta terra, e por sua vez a quem pertenciam as belas vozes de Paços de Brandão. Inúmeras actuações se seguiram no país passando o grupo coral “Como Elas Cantam em Paços de Brandão” pelos principais teatros portugueses: Palácio Foz, Casino do Estoril, etc...

No ano de 1955 o grupo com muito esforço e dedicação forma o grupo de danças, complementando não apenas a música, mas também as danças usadas nas desfolhadas de festas, passando a chamar-se “Como se Canta e Dança em Paços de Brandão”.

O sucesso e aceitação deu-se por instantâneo tanto a nível nacional como internacional, actuando por diversas vezes em países como: Inglaterra, Pais de Galles, Dinamarca, Alemanha, França, Espanha, Luxemburgo, Suiça, Bélgica e Brasil. No intuito de aproximar ainda mais a importância das antigas tradições e costumes locais da população brandoense e mostrar o merecido valor de Paços de Brandão, o grupo etnográfico Como se Canta e Dança em Paços de Brandão em 1980 começou a organizar o seu festival internacional de folclore, que segue activo até os dias presentes, sendo em o festival internacional de folclore de1988 o primeiro da Europa comunitária.

O grupo participou de diversos festivais como o da Europália 91, com o espectáculo “Festa de Rua” encenado por Felipe La Féria, e com apresentações em Bruxelas, Namur e Antuérpia. Na Expo92 Sevilha também com encenação de Felipe La Féria, no festival de folclore português do “Dia de Portugal”.

Mas a trajectória do autêntico grupo de Paços de Brandão cresce, e acumula admiradores por onde passa, recebendo medalhas, condecorações e o merecido respeito e apreciação de grandes nomes do país, como Pedro Homem de Mello, Duque de Bragança (Dom Duarte), o folclorista e etnógrafo Armando Leça, Óscar da Silva, maestro Ivo Cruz o compositor Cláudio Carneyro, Thomaz Ribas, o ex-presidente Américo Thomaz , etc...

Amália Rodrigues foi uma grande admiradora do trabalho de Dona Joaninha, actuando diversas vezes com o grupo nas décadas de 50, 60 e 70 a qual incluiu no seu repertório musical a “Tirana de Paços de Brandão”, e na comemoração dos seus 75 anos na RTP, por vontade expressa da cantora o grupo apresentou-se, homenageando a grande fadista. Tal como a Jornalista e Locutora de rádio e tv Maria Leonor que fez questão que o grupo actuasse no teatro São Luiz na homenagem que lhe prestada pelas mais altas individualidades do país, em reconhecimento do seu trabalho. 50 anos de pesquisas, trabalhos, dedicação, alegrias e muitas dificuldades foram primordiais na consolidação da real importância etnográfica de Paços de Brandão, feito este que esteve presente todos os dias na vida de Dona Joaninha, que esteve à frente do grupo “Como se Canta e Dança em Paços de Brandão”.

A sua partida foi por demasiado repentina, com isso, muitos pensaram que o sonho que outrora tornara realidade, deixaria de existir. Porém, “Os Homens se vão, mas seus grandes feitos continuam vivos e a fazem parte da história”. E esta história mantém-se viva e activa graças a pessoas importantes, que estiveram ao lado desta grande guerreira, exemplo de mãe, esposa e mulher, como soldados que lutam pelos mesmos ideais, e esses supostos soldados, se posso ousar assim chamá-los, são os integrantes do grupo folclórico, alguns que há 50 anos, actuam activamente mantendo a chama viva.

10 anos se passaram desde a partida da Joaninha de Paços de Brandão, completando o grupo 60 anos, e seu feito desde então não abrandou um minuto sequer, permitindo-nos a nós e às gerações futuras continuar a saber “Como se Canta e Dança em Paços de Brandão”. ..

Enviado por Paulo Messias

19-Nov-2008"