Nunca encontrei a mulher de quem vos vou falar, mas parece-me justo que hoje, até porque é dia internacional da mulher, aqui preste a minha homenagem a uma Brandoense de coragem.
Apesar dos factos remontarem a Julho do ano passado, foi por estes dias notícia que: "Uma portuguesa morreu na Suíça, recorrendo ao suicídio assistido através da associação Dignitas. A portuguesa de 67 anos tinha um cancro em fase terminal..."
Trata-se do primeiro caso deste género em Portugal, e para surpresa de muitos, a referida Portuguesa era natural de Paços de Brandão. Apesar de apenas agora ser noticiado, os factos datam de Julho de 2009 e, mesmo nesta altura, lá se ouviu algum burburinho (o rumor) pelas ruas da freguesia. Foi nesta notícia vaga sobre a Dignitas de 29 de Maio do ano passado, onde continha uma lista de portugueses que se tinham inscrito para a morte assistida, que se encontrava uma das mais recentes, oriunda de Paços de Brandão.
Segundo os dados conhecidos publicamente, tratava-se de uma mulher de 67 anos, divorciada e sem filhos, que sofria de um cancro em fase terminal, e já não conseguia suportar as dores. Temendo ficar incapacitada a ponto de não conseguir deslocar-se à Suíça para pôr fim à vida, decidiu antecipar este processo.
Em Portugal, a morte assistida é proibida. Aliás, a morte assistida continua a ser proibida na maior parte dos países. Porém, penso que com este acto de coragem de uma Brandoense, talvez o debate possa ser relançado, e que pelo menos se crie legislação sobre o testamento vital (declaração antecipada de vontade sobre os tratamentos a recusar, caso a pessoa já não esteja em condições de expressar a sua vontade).
A morte tal, como a vida, também é um direito! Lutar pela dignidade desse acto derradeiro, que é o fim de vida, deveria ser livre e digno para todos. Apesar de ser contraditório em relação à medicina e mesmo à religião, uma morte digna pode ser tão misericordioso, como arriscar a vida atirando-se ao mar para salvar alguém.
Também no Engenho prestamos a nossa homenagem a esta mulher de coragem e lançamos ao debate a seguinte questão: Se fossemos nós como gostaríamos de morrer?
Eu cá por mim, gostava de acordar morto...
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