O Museu do Papel foi na segunda-feira eleito o Melhor Museu Português em 2011, galardão que a diretora desse equipamento de Santa Maria da Feira atribui à sua condição diferenciadora enquanto espaço museológico que, simultaneamente, acolhe uma fábrica papeleira.
Maria José Santos declarou à Lusa que esse foi o aspeto mais valorizado pela Associação Portuguesa de Museologia (APOM) na sua distinção: "No âmbito da museologia industrial, estamos numa situação única, porque somos simultaneamente um museu e uma fábrica. Assumimos todas as valências tradicionais de um museu, mas, no fundo, temos aqui uma fábrica em atividade e esse aspeto foi muito valorizado pela APOM".
A diretora do espaço que ocupa antigas unidades papeleiras da freguesia de Paços de Brandão aponta ainda dois outros fatores que terão pesado na distinção. O primeiro é que, desde a sua fundação em 2001, o Museu apresenta sempre "uma marca de identidade que é constante em todo o seu percurso", o que se traduz no facto de que todas as suas atividades, "quer de índole mais cultural, quer da índole mais específica do serviço educativo, estão sempre ligadas ao papel, numa coerência que também foi apreciada pelo júri".
A terceira justificação para o prémio refere-se, por sua vez, ao trabalho "mais discreto" do museu, que consiste na investigação que aí se desenvolve sobre a história dessa indústria em Portugal.
"É uma área que se reveste de muita interioridade e que aparece pouco nos jornais ou em intervenções públicas", explica Maria José Santos, "mas sustenta a credibilidade do museu e vem contribuindo para um maior conhecimento da história do papel, nomeadamente ao nível do seu património imaterial, como aconteceu com a edição do documentário ‘Uma vida a reciclar papel', lançada recentemente".
Para a diretora desse equipamento cultural, que é o único do país dedicado à indústria papeleira, as distinções da APOM "são extremamente importantes para os museus, para a museologia em geral e para os seus profissionais, porque constituem um incentivo para um trabalho de qualidade e, além disso, representam também um desafio que compromete essas estruturas - no sentido de que fazem com que continuem a superar-se".
No passado, o Museu do Papel Terras de Santa Maria já fora objeto de duas distinções por parte da APOM: uma menção honrosa na categoria de Melhor Museu e um 1.º Prémio na modalidade do Melhor Serviço de Extensão Cultural e Educativa.
Em 2012, a instituição pretende manter-se atenta aos interesses diferenciados do público, dedicando particular cuidado aos conteúdos para a comunidade escolar e para os grupos seniores, sendo que o plano de acessibilidades concluído em 2009 já desde essa altura assegura a visitantes com mobilidade reduzida o livre acesso a todas as áreas expositivas do museu.
Maria José Santos destaca ainda dois projetos a desenvolver no próximo ano: a publicação de uma edição própria sobre marcas de água e as parcerias a desenvolver com a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e com o Museo della Carta e della Filligrana, da localidade italiana de Fabriano.
:)
ResponderEliminarmuito bem