“Tudo é efémero” – Ficam, as imagens, os sons, os cheiros e as memórias e nem sempre as conseguimos salvaguardar da melhor forma. Quer-se com isto dizer, que se não preservarmos o que temos de melhor, e que no fundo é a essência daquilo que são as gentes de uma terra, não haverá lugar para as memórias colectivas das gerações futuras.
Paços de Brandão, há já muito tempo que tem vindo a perder a sua "personalidade". Sejam pessoas, sejam iniciativas, ou sejam mesmo ideias, que consigam passar a diferença das suas gentes, e brilhem neste, cada vez mais obscuro e sombrio momento histórico, em que vivemos. A nossa freguesia, desde sempre foi capaz de marcar a diferença no meio sócio-cultural em que se inseria nas mais diversas áreas de actividade de uma sociedade. Fosse através da música, desporto, pintura, teatro, canto, indústria, folclore, enfim um sem número de actividades e que se desvaneceram com o passar dos tempos..
Uma das facetas mais ilustrativas desta ideia que acima transmitimos, foi o folclore. Há algo de sinistro em todo este silêncio que se perpétua ao longo destes último anos, no que diz respeito à actividade deste grupo. Mas afinal onde param? O que é feito daqueles anos dourados em que o conhecido “Grupo da Joaninha” era uma referência e um orgulho das nossas gentes a nível Mundial? Morreu? Onde estão as pessoas que lhe davam alma? Foi este o legado que nos deixou a “Joaninha de Paços de Brandão”?
Um grupo cuja sonoridade assentava nos inconvencionais instrumentos de corda fazia a diferença entre os seus pares, de onde sobressaía sempre o toque “especial” do violino do saudoso Sr. Aires. Com os seus trajes se evidenciavam pela sua imponência e rara beleza, a voz e presença inconfundível da Dª. Joaninha. Como pode desaparecer assim um legado e património cultural com mais de 60 anos?
Mas afinal que se passa com as gentes Brandoenses? Que feito da iniciativa local?
A Festa de Agosto, a cada ano que passa, salvo raras excepções que surgem sobretudo nos arcos, perdeu há já muito o seu encanto e fulgor. Temos um arraial que foi requalificado há quase 20 anos, e hoje é um sombra de si mesmo, tendo deixado de ser feita qualquer actividade de animação frequente, e até o pouco que existia está inexplicavelmente “ás moscas”, como disso é exemplo o Bar do Arraial!
A Quinta do Engenho, um dos maiores patrimónios florestais do concelho, que inclusive foi reivindicado em tempos pelo concelho de Gaia, hoje é um lugar vazio, triste e sem perspectivas de algum dia resgatar o legado que tinha.
Os caminhos que percorrem esta terra, que tristemente a identificam, continuam a reivindicar todos os anos, dezenas de milhar de euros em reparações em oficinas mecânicas automóveis, porque houve um dia alguém que achou que a nossa terra ficaria mais sui generis com estradas de paralelos!
Só nos resta mesmo o museu do papel, que apesar de estar em terras Brandoenses teimam em dizer que é de terras de Santa Maria!
E o Carnaval? Será que também é para acabar?
O Futebol este ano esteve a um passo disso mesmo, salvaram-no alguns “heróis” de circunstância em cima da hora!
Parece que com esta atitude, vamos mesmo desaparecer, não por imposição de um qualquer livro “verde” escrito em letras “laranjas e azuis” que o determine, mas sim por nossa própria falta de capacidade de inverter o rumo dos acontecimentos!
Só falta saber se um dia vai restar alguém para contar a nossa história, ou então, acabaremos como no final o livro de “Cem Anos de Solidão” em que não resta ninguém para a contar….
muito obrigado caro senhor pelas palavras tão verdadeiras e sábias sobre o que é hoje Paços de Brandão, que triste realidade, que é hoje a minha terra, subscrevo totalmente o que diz. é tempo de acabar com as vaidades, é tempo de dar voz ao verdadeiro povo ,é tempo de acabar com os complexos de superioridade , que algumas pessoas teimam em manter , julgam se superiores, e não passam duns tristes coitados, que pobreza de espirito, que falta de bairrismo, que falta de amor à sua propria terra, é tempo de dar-mos as mãos e dar-mos a dignidade que a nosa terra precisa e merece, deixemos as vaidades, sejamos mais participativos em prol da nossa terra, que tem uma historia riquissima, eu digo presente e direi sempre presente para ajudar a engrandecer a nossa terra. contem comigo.FERNANDO MARQUES
ResponderEliminarHoje Sábado, pelas 13h30, ao passar junto do portão da “nossa quinta “ senti saudade do tempo que andava na quinta, jogando ao Robim dos Bosques com os meus amigos. Havia grandes árvores, com uma rama muito densa, que nos proporcionavam bons esconderijos, para podermos surpreender os” inimigos”. De vez em quando, lá corríamos atrás de um coelho com arco e flecha, feito com um jovem eucalipto e varas de guarda chuvas, bem afiadas.
ResponderEliminarDepois destas aventuras e uma boa transpiração, tínhamos o grande tanque, com água cristalina para um mergulho refrescante, mas sempre a correr, não viesse o gelador da quinta e nos ficasse com a roupa, o que era habitual.
Este manifesto saudosista, deve-se á minha visita habitual, ao Blogue do Engenho no Papel, que faz referência às Memórias da Nossa Terra e veio ao encontro do meu pensamento.
Ao Engenho tenho que agradecer por lembrar alguns Brandoenses, que por ventura se tenham esquecido das imagens, dos sons, dos cheiros que a natureza tinha privilegiado a nossa terra. Teria muito que acrescentar sobre memórias da Nossa Terra, mas termino com a resposta sobre o Carnaval Brandoense. Pode crer que para 2012 está garantido e se depender de mim e respeitando as memórias de outros foliões, o Carnaval não vai acabar.
Avelino Almeida
É muito bom saber que o nosso Carnaval vai continuar,pois é um dos acontecimentos que traz muita gente a Paços de Brandão. OBrigada pelo seu trabalho. Por favor não o deixem morrer.
ResponderEliminarIsso! falar é facil! mas acho que nada morreu.....podem é as associaçoes estar a passar dificuldades , o que se compreende nos tempos que correm! Sugiro ao autor do artigo que dê o exemplo aos Brandoenses e diga quanto disponibiliza do seu tempo e dinheiro para ajudar a manter vivos os "exlibris" de Paços de Brandao. É que viver "encostado" na glória dos outros é facil , e infelizmente bem típico do povo dessa terra. Julga que nos "anos dourados" as Associaçoes viviam de "ar e vento"? Fernando Alçada
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