quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Um olhar sobre... Festa dos Arcos 2011

FESTA DOS ARCOS 2011

A Festa dos Arcos de 2011, não teve o mesmo brilho e encanto de anos anteriores. Apesar de termos novamente como “chefe” o nosso estimado Mino, possivelmente devido a crise que se abateu sobre todos nós, este ano não teve nem arte nem “Engenho” para melhor!
A começar pelo nosso “querido” Bar do Arraial, que está ainda abandonado e sem concessão, originando com isso, um cenário sinistro e arrepiante naquele espaço da festa, de tão vazio que estava.
No que diz respeito ao cartaz e ornamentações, foi claramente menos vistoso que habitualmente. E nem mesmo a descarga de fogo-de-artifício serviu para atenuar esta evidência. Talvez um bairrismo teimoso de existirem duas festas numa terra só, e que  não faz mais sentido nos dias de hoje, seja responsável por tudo isto! Se calhar está na hora das pessoas desta terra fazerem uma reflexão, e quem sabe de se criarem novas tradições em Paços de Brandão. 
Porque não juntarem-se as duas festas numa só? Que seja mais abrangente na freguesia, e melhorada nos conteúdos?
A parte religiosa da festividade também foi alvo de algumas mudanças bizarras, obra do novo pároco, que quis claramente deixar também a sua "dedada"! 
Os andores, que sempre estiveram expostos na Igreja Matriz, estranhamente foram “depositados” no Salão Paroquial, como se de algum adereço da festa se tratasse! Não tendo por esta razão o protagonismo que lhes é merecido, e levando também,  a que muita gente andasse ás voltas em busca dos mesmos. A Igreja, que havia sido alvo de obras, esteve estranhamente fechada, abrindo apenas no domingo para a realização da missa solene pelo Bispo do Porto, vá lá saber-se porquê...
Quanto aos tradicionais arcos, que são afinal o “ex-líbris” da festa, eram 9 este ano. Abordavam os mais variados temas, contudo, e lamentavelmente,  apenas um se referia objectivamente a nossa terra. Curiosamente o que venceu! Enfim, será que esta falta de imaginação se deve também à crise??

O Arco vencedor aludia aos 75 anos da Escola da Praça, repetindo na sua concepção, a mesma ”receita” do arco vencedor do ano anterior, ou seja: a cortiça. Tratou-se por isso de uma justa,  bonita e merecida homenagem a esta Escola. A qual sempre foi, é, e sempre será, uma referência na vida de muitos “Brandoenses” que a frequentaram e recordam com nostalgia.

Quanto ao segundo lugar, reconheça-se o mérito da labuta que foi a sua concepção. Sendo inteiramente revestido a grãos de café e coco ralado, com um retrato central da planta do café. Isto conferiu-lhe um traço simples, elegante e original, até porque nunca foram usados estes materiais anteriormente. Contudo, e apesar da sua notória beleza, o café, é um tema que é absolutamente alheio às tradições de Paços de Brandão.

Como sempre, todos os outros arcos, classificaram-se na terceira posição, os quais também nos merecem um olhar atento.
Começando pelo da Mata, este trazia um tema bastante interessante “A guerra do ultramar”. Contudo, era notória a ornamentação muito básica, ostentando simplesmente tecidos “verde-camuflado”. Apesar disso, estava muito bem elaborada a réplica do monumento existente em Lisboa, e dedicado aos Combatentes que tombaram pela pátria no ultramar, que foi colocado no centro do arco. Faltou apenas uma melhor explicação no painel de informação do tema, que permitisse ao comum cidadão, perceber melhor o que realmente ali estava.

Quanto ao arco do Centro Social, não era propriamente vistoso, porém usou como principal material o esmeril, que não sendo uma novidade, é sem dúvida de complicado manuseamento! Tornando-se e por isso, um arco muito trabalhoso. De realçar que o tema abordado “Movimento solidário” é bastante importante na comunidade, principalmente em momentos de crise como o que vivemos, e sobretudo para os mais carenciados. Refira-se também, a importância na nossa cultura e tradições industriais que é o esmeril como material predominante usado neste arco.

O Lugar do Corgo optou este ano por flores de papel. Tendo aludido às “Festas do Povo” que ocorrem em Campo Maior, sendo por isso um tema fora do contexto da nossa terra. Mesmo assim, teve o mérito de seguir as tradições antigas que usavam as flores em papel crepe feitas à mão para revestir o arco, sendo por isso o mais tradicional de todos, reproduzindo de modo muito fiel, do que eram os arcos de outrora.

O lugar da Abelheira quis prestar homenagem aos soldados da Guarda Nacional Republicana (GNR), que comemoram este ano 100 anos de existência. Sem sombras de dúvida que revestir um arco a massas diversas e areia trata-se de uma tarefa de labuta e paciência quase herculeana! Tudo isto resulta num trabalho de belíssimo efeito, porém, este tema seria mais ajustado se esta tradição fosse em Santa Maria de Lamas!

A Escola EB1 da Póvoa dedicou o tema do seu arco às árvores, lembrando com isso o “Ano Internacional das florestas” que se comemora durante o corrente 2011. Nesse contexto, encaixou bem a importante mensagem ecológica deixada a todos nós! Realçando a necessidade de uma maior consciência nos nossos comportamentos e atitudes, muitas vezes incorrectas perante a mãe Natureza! 
Aqui também se poderia deixar um alerta especial aos nossos líderes políticos locais! Os quais ao longo destes últimos anos, mais não fizeram senão delapidar o património florestal Brandoense, sobretudo a Quinta do Engenho Novo!

O nosso grande poeta Fernando Pessoa, foi a personagem escolhida para  homenagem pelo lugar da Portela. Os materiais usados na concepção foram essencialmente sementes e feijão preto. A sua combinação  resultou numa obra sem dúvida trabalhosa, porém simples, bonita e com uma mensagem bastante clara ao comum do cidadão.

O lugar das Valas elegeu a “Mãe Natureza” como o seu tema. Não sendo um arco muito elaborado, apresentava alguns pormenores que certamente lhe deram muita graça, pois tinha muita cor, e um estilo um pouco “Naif”. Predominavam flores e animais em pano, penas e ráfia com uma árvore colocada no centro. Esta não deixa de ser uma vez mais, uma mensagem de alerta e consciencialização para as questões do ambiente e da natureza.

Quanto ao que respeita ás classificações atribuídas, e  considerando todos critérios de avaliação (tema, materiais e concepção), o 1º lugar foi bem atribuído, uma vez que foi o único que referiu um tema claramente local. Contudo, nem todos concordaram com a atribuição dos prémios, e muito menos com o júri escolhido, o que também é normal. Porém, não se consegue entender como é que pessoas que nada conhecem da nossa terra e desta nossa tradição sejam chamadas a opinar. Não tendo outro atributo conhecido para o efeito, senão o de ser Bispo do Porto, foi um péssimo préstimo  a que se prestou! Além de que, possivelmente, deve ter visto nesse dia pela primeira vez, um arco de Paços de Brandão!
Queremos com esta observação alertar a quem de direito, e também de dever, que no ano que vem  tenham   uma maior atenção e cuidado neste detalhe. Entregando a avaliação dos arcos a pessoas mais idóneas! Preferencialmente da nossa terra, e conhecedoras destas coisas, respeitando com isso, a dedicação, o tempo, e trabalho de todos aqueles que estiveram envolvidos na elaboração destes arcos, que são aqueles que permitem que esta tradição não se perca.

Sabemos que ao fim de tantos anos a fazer arcos, talvez seja difícil encontrar novos temas dentro da nossa terra. Todavia há ainda tanta coisa sobre ela que não foi abordada, e que certamente encaixavam bem num tema para conceber um arco. Sobretudo algumas individualidades às quais devemos ainda uma homenagem póstuma, pelo que contribuíram para levar mais alto e mais longe o nome da nossa freguesia. Como disso são exemplos o Dr. Anacleto, A Ti Guida da Rola, ou mesmo o Capitão Pinto Coelho.

Por fim, refira-se que este texto trata-se da expressão de opinião de alguns Brandoenses que estão ligados a este Blog, em que procuraram apenas e só exprimir o seu ponto de vista sobre os arcos de 2011. Os quais são independentes de qualquer tipo de bairrismos existente em torno da origem de cada arco exposto.
Queremos acima de tudo com estas palavras, fazer uma critica construtiva! E também prestar a justa homenagem, a todos os que contribuíram com o seu trabalho e "Engenho" para a continuação desta tradição dos arcos!

5 comentários:

  1. Alguém que elabora todos os anos um Arco24 de agosto de 2011 às 14:23

    Gostei do vosso parecer e comentários de todos os Arcos apresentados no arraial este ano.
    No meu parecer foram imparciais. Foram simples, objectivos e usaram um critério de isenção.
    No que diz respeito aos júris, isso é complicado… São como os árbitros no futebol... haverá sempre motivo de queixa ou de insatisfação. Mas este bairrismo é saudável. Temos que alimentar a tradição e estes descontentamentos e discussões sobre as classificações, fazem parte da festa.
    Eu faço parte de uma equipa que todos os anos elabora um Arco e nem sempre concordo com a classificação, mas esse descontentamento serve para aumentar a motivação para que no ano seguinte faça um Arco ainda mais bonito.
    Deixo, desde já os meus sinceros parabéns a todos os responsáveis de cada Arco e principalmente aos elementos da Associação de Pais da E.B.1 da Igreja. Este ano eles “arrasaram” a concorrência. O Arco está magnífico.

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  2. TRADIÇÕES POPULARES
    O Norte do País e principalmente o Minho é pródigo em festas e romarias, sempre com um cunho muito popular e com um profundo sentido religioso, que nos tempos modernos, se vão adicionando elementos profanos e lúdicos.
    Uma das romarias que é decerto a mais famosa, senão a mais antiga, celebrea-se a 3 de Maio em Barcelos, e, é conhecida por "A FESTA DAS CRUZES". A sua antiguidade remonta ao século XVI, reinado de D. Manuel I, onde numa sexta-feira, dia 20 de Dezembro de 1504,pela manhã, quando o sapateiro João Pires regressava da missa da Ermida do Salvador, ao passar no campo da Feira, observou na terra, uma cruz de cor preta, alertando o povo do seu achado.Este facto que recorda a "Cruz do Senhor Jesus", fez nascer a devoção ao "Senhor da Cruz".
    Também nós celebramos a "Festa dos Arcos", que no cariz religioso é em homenagem também ao "Senhor da Cruz", embora com a designação de "Desamparado", sei que se realiza já há muito e muitos anos, mas desde quando e baseado em quê?...Será que por esta região ser povoada por muitos oriundos da região minhota, tenham trazido para esta localidade a tradição das "Cruzes" e a transformassem em "Arcos"?...Já li e reli muita coisa sobre Paços de Brandão e ainda não encontrei resposta para tal. Será que alguém me sabe dizer a origem dos nossos "Arcos"?...
    (SOLRARO)

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  3. Engenho não têm uma foto do altar completo? Gostaria de ver.

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  4. falam na ti guida da rola pra no ano seguinte ser a base dum arco acho muito bem mas por acaso ja pensaram nas irmas dela ati clotilde da rola e na ti emilia da rola e que foram as tres que ensinaram ao pai da D. Joaninha ferreia alves sa danças e cantares que o grupo ainda hoje apesar de poucas vezes apresentam informen-se sobre o assunto

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  5. fontes de inspiração é o que não falta em Paços para grandiosos arcos,boas sugestões já foram dadas mas tem muito mais,porque não criam uma lista de sugestões feita por brandoenses e cada um representante da equipe escolhia em segredo e riscavam da lista para evitar duplicata.Eu já escolhi meu tema meu sonho de infancia,Cine Teatro de Paços de Brandão com os cartaz do filme feito pelo jovem Ramiro Relvas,os filmes de Cantinflas de Pedro Infante os tres Estarolas as operetas os bailes de carnaval,aquele prédio tem tanta istória que daria pra fazer a festa só com arcos do cinema.Um grande abraço a Paços de Brandão

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