sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

CDU - Intervenções na Assembleia Municipal (parte 3)

Pedido de divulgação enviado por e-mail:

Tendo em conta a incomensurável ordem de trabalhos a que hoje nos votam, a CDU, hoje, questiona apenas o Executivo sobre algo que já vem questionando há meses, oralmente e por escrito, sempre sem sucesso.

Nos últimos anos, a agenda cultural de Santa Maria da Feira viu esvaziar-se a rúbrica da programação de sala, minguando, ano após ano, o número de iniciativas de divulgação cultural de índole musical, cénica ou performativa de palco, e tendo a dinâmica de projecção cinematográfica que se satisfazer com as instalações do auditório da Biblioteca Municipal. Os públicos destes sectores viram-se, assim, forçados a fazer uma migração dos hábitos culturais para os concelhos vizinhos e próximos (São João da Madeira, Estarreja, Gaia, Porto). Não cuidou esta Câmara de construir uma política sólida e coerente de dinamização cultural qualificada, e, hoje, vê-se forçada a agendar eventos mediáticos e de qualidade questionável para justificar as (poucas) salas de espectáculos do Concelho.


Planos de requalificação do Cine-Teatro António Lamoso apresentados anteriormente a esta Câmara foram preteridos, em nome de interesses desconhecidos. Uma vez mais, as opções deste Executivo privilegiam a rasura do património edificado existente, em favor de um mediatismo mais ou menos balofo, sem qualquer garantia de um suporte de públicos capaz de justificar um investimento de raiz. Uma vez mais, é ver esta Câmara PSD colocar o carro à frente dos bois, numa ansiedade desmedida de mostrar obra feita, mesmo que isso implique fazer tábua-rasa das estruturas que vêm conferindo alguma consistência à programação para a cultura em Santa Maria da Feira. Como Nero, esta Câmara prefere fazer arder as casas habitadas para construir palácios de ouro onde não se sabe quem morará. Uma vez mais, cauciona-se o futuro para engrossar o inefável currículo do PSD na Feira. Ainda mal.

O Cine-Teatro António Lamoso é um ex-libris desta cidade. Uma imagem de marca. Onde os primeiros 173 minutos foram dedicados a um musical de Julie Andrews, “A estrela”. Onde provavelmente muitos dos que estamos aqui vimos o nosso primeiro filme. Onde nasceu o cineclube. Onde as escolas fizeram e fazem as suas festas proporcionando momentos únicos de criação cultural a crianças e jovens. Onde vimos o Rock VFR, o Festival para Gente Sentada, a companhia Persona crescer, os Clã a musicarem ao vivo, num momento inédito, o clássico Nosferatu de Werner Herzog, bandas locais como os Dr1ve, os John Doe (depois Easy Special), os Feed, os Lloyd, crescerem artisticamente, onde presenciámos estreias de filmes como a Central do Brasil, entre tantos outros exemplos. Agora, um legado deixado por alguém que votou o espaço e a sua memoria vem abaixo, contra opiniões de muitos feirenses que nem estão a ser ouvidos. Um espaço que a Câmara sempre se escusou a reabilitar.

Assim, concretamente, são estas as questões que se pretendem ver, sem margem para dúvidas, esclarecidas:

1 – Existe ou não um projecto para o CCTAR? Qual o montante que a Câmara pagou por esse projecto?
2 – Quanto pagou ou vai pagar a Câmara pelos terrenos para a construção do CCTAR? Actualmente são propriedade de quem? Confirma o Executivo que os ante possuidores dos terrenos das pedreiras os adquiriram em moeda actual por um milhão de euros e dois imóveis, sendo que o custo da actual transacção se diz ser de 330 mil euros?
3 – Quais as valências do CCTAR? Teatro? Cinema? Outras?
4 – Qual o montante que irá custar à Câmara a construção deste empreendimento?
5 – Vão ou não as companhias e associações feirenses usufruir do CCTAR como espaço seu para ensaios, actuações e residência? Em que moldes?
6 – Fala-se já da contratação de um director. Confirma o executivo essa contratação? Quem será e qual o salário mensal?
7 – Qual a verba que foi gasta para o mesmo objectivo no Matadouro municipal e qual o seu destino?
8 – Qual a mais valia de um centro comercial no centro histórico da Feira? Não irá afectar, ainda mais, o comércio local? Estudou a Câmara outras localizações quer para o espaço comercial, quer para o CCTAR?
9 – Foi avaliado o impacto da construção do CCTAR/Centro comercial numa zona já com um fluxo de tráfego considerável devido aos vários acessos à zona hospitalar, escolas, farmácia, unidades de saúde familiar, Cooperativa Agrícola, acesso à auto-estrada e S. João da Madeira?
10 – Sabemos que a candidatura a fundos europeus foi aprovada. Qual o montante financiado pela UE e qual o montante total do projecto?
11 - Quais os custos de toda a candidatura anterior que foi rejeitada pela CCDRN?
12 – O que vai acontecer às escolas primárias e aos seus alunos?

E que desta vez, não fiquemos sem resposta.

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