Saúdo-vos caros Blandonenses, caros concidadãos, foliões e Blandões.
Apraz-me estar hoje perante vós, pois já lá vão, 385 dias, desde a última vez que vos falei. A corte tem-me ocupado todo o tempo, pois o trabalho é demasiado e não me tem dado descanso. Tinha-vos prometido uma vida melhor, mais limpeza e mais trabalho e como vedes cumpri a promessa. Renovei toda a frota de cantoneiros, artilheiros e jardineiros.
Tomei a liberdade e ordenei, que fossem abatidas todas as velhas, que as doentes fossem queimadas, para que não proliferem as doenças. Que se tragam as novas de boa dentadura e se plantem no verde prado, para que se possam admirar. Blandonenses tive que requisitar trepadores alpinistas para que fosse feita uma grande poda. E que poda!! Para que possais caminhar em segurança na quinta do palaciolo.
Prometi-vos ainda o arranjo da calçada da portela, pois tenho recebido muitos queixumes da estrebaria lá do fundo, os coches estão sempre avariados, pendem sempre para o mesmo lado, assim mandei reparar e eis a obra pronta, que custou ao burgo 100 mil reis.
Assim viva o Rei! Viva o rei! Viva o rei!
Outras obras irão ser executadas, vos prometo.
Por exemplo: os arranjos dos passeios, a iluminação nas ruas escuras, o endireitar dos muros que estão a cair, mandarei limpar as veredas que nos coçam a cara quando andamos nos passeios, farei cuidar os palacetes abandonados, enfim, mas como Paços é só quinta, o resto vai esperar por outra eleição Real.
E estareis vós a questionar: para quando ficará pronto o nosso local de ócio dominical no centro do jardim do burgo?
Ai não sabeis? Eu também não.
Infelizmente, não vos posso prometer mais para este ano. O orçamento real não o permite! Sabereis vós como vão as reservas do celeiro? Ai não sabeis? Eu digo-vos: tirei dez mil alqueires para a minha festa. Já a festa do Palaciolo, com todos os bobos da corte, reservei Cem Mil Alqueires. Para a festa das tainadas de cima, mais trinta mil Alqueires. Como vedes pouco resta para a capela do repouso. Mas não tenhais medo que o ano é bom para as colheitas, semeai e plantai tudo que pudéreis. Quanto maior a plantação, maior o dizimo!...
E os tesoureiros de Lisboa não nos poupam nem um Real!...
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