segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

CDU - Intervenção na Assembleia MUnicipal (Distribuição e Drenagem de Águas)

Enviado por e-mail:



Como também já vem sendo hábito nesta quadra, foi, uma vez mais, confirmado que o preço da água em Santa Maria da Feira continua no pódio das mais caras do país, segundo apontam as conclusões do estudo elaborado pela Associação Portuguesa da Distribuição e Drenagem de Águas. A presença sistemática e persistente do Município em posições de topo neste ranking é, para a CDU, um sério motivo de preocupação, pelo que representa em matéria de estratégia municipal e, sobretudo, pelo que significa em termos de hostilidade para com os munícipes. Sistematicamente calha-nos esta fava, e as entidades competentes (a Câmara Municipal ou a Indaqua) vêem-se na obrigação de vir a público desmentir estes resultados – mas, e porque onde há fumo há fogo – alguma coisa se passa com os preços da água em Santa Maria da Feira: quer o Executivo esclarecer esta Assembleia sobre o que correu mal em termos de regulação do mercado e preços da água no município, e que razões podem, em seu entender, justificar estes níveis de custos absolutamente intoleráveis com que somos, ano após ano, confrontados?
Mantém-se, por outro lado, a política de propaganda oficial da Câmara quanto às iniciativas de entretenimento levadas a cabo. Uma vez mais, o evento “Terra dos Sonhos” foi pretexto para uma ampla campanha de marketing especificamente político.
Respeitamos quem dá o melhor do seu trabalho para que esta iniciativa se realize, e respeitamos imenso quem dedica o melhor do seu esforço a este projecto. Mas a CDU acredita sinceramente que este não é o caminho para a construção de uma política cultural com futuro, e de futuro. Não acreditamos que este seja um modelo que possa trazer algo de novo, e muito menos algo de valioso para o município.
Por outro lado, questionamo-nos acerca de qual será a relação de proporcionalidade entre o esforço financeiro que exige este evento e os respectivos retornos – materiais e imateriais. Contra um pano de fundo de sacrifícios exigidos a toda a população – quando às Juntas de Freguesia é pedido que desliguem a iluminação pública poste-sim-poste-não – qual é o sentido de um evento de entretenimento desta natureza, onde, mesmo durante a noite, centenas de luzes permanecem acesas, com um foco de luz a apontar para o céu (cuja função não se consegue perceber). Quando o território – do qual temos, de facto, uma visão de conjunto – tem cada vez mais recantos escuros, zonas francamente mal iluminadas e inevitavelmente ameaçadoras da segurança pública, este aspecto da “Terra dos Sonhos” é apenas um excelente sintoma ou uma óptima metáfora para o que anda a acontecer há demasiados anos em Santa Maria da Feira.
Gostaríamos, por isso, de perguntar ao Executivo se pode avançar com uma estimativa quanto ao montante global de investimento que esta iniciativa representou e qual o retorno financeiro previsto, mas, sobretudo, gostaríamos de saber qual o volume de retorno em capital cultural, de know-how, de cativação de mais valias e imparidades culturais de tipo permanente.   
 Por último, gostaríamos de obter alguns esclarecimentos quanto ao processo em curso de agregação de agrupamentos escolares. Já todos estamos bem conscientes de que se trata de mais um passo na trajectória de degradação da qualidade dos projectos escolares, um processo marcado pela massificação da relação aluno – comunidade educativa. Há cada vez menos e pior escola, logo agora, quando ela era mais necessária. O rumo concentracionário dita, quase invariavelmente, a desestruturação de hábitos de integração das comunidades. O grau de identificação das redes institucionais com os contextos locais é cada vez menor, graças à flutuação e inconstância a que o governo submete a gestão das estruturas escolares. Quem se ressente deste esvaziamento das funções integracionais da Escola são, para dano de todos, os alunos. Por isso, e porque às Autarquias cabe ter uma palavra neste processo, perguntamos: Qual o estado actual do diálogo institucional com vista à definição do novo mapa escolar do município? Que destino será dado, em concreto, à EB23 Fernando Pessoa?

Sem comentários:

Enviar um comentário