Como também já vem sendo
hábito nesta quadra, foi, uma vez mais, confirmado que o preço da água em Santa
Maria da Feira continua no pódio das mais caras do país, segundo apontam as
conclusões do estudo elaborado pela Associação
Portuguesa da Distribuição e Drenagem de Águas. A presença sistemática e
persistente do Município em posições de topo neste ranking é, para a CDU, um
sério motivo de preocupação, pelo que representa em matéria de estratégia
municipal e, sobretudo, pelo que significa em termos de hostilidade para com os
munícipes. Sistematicamente calha-nos esta fava, e as entidades competentes (a
Câmara Municipal ou a Indaqua) vêem-se na obrigação de vir a público desmentir
estes resultados – mas, e porque onde há
fumo há fogo – alguma coisa se passa com os preços da água em Santa Maria
da Feira: quer o Executivo esclarecer esta Assembleia sobre o que correu mal em
termos de regulação do mercado e preços da água no município, e que razões
podem, em seu entender, justificar estes níveis de custos absolutamente
intoleráveis com que somos, ano após ano, confrontados?
Mantém-se, por outro
lado, a política de propaganda oficial da Câmara quanto às iniciativas de
entretenimento levadas a cabo. Uma vez mais, o evento “Terra dos Sonhos” foi
pretexto para uma ampla campanha de marketing especificamente político.
Respeitamos quem dá o
melhor do seu trabalho para que esta iniciativa se realize, e respeitamos
imenso quem dedica o melhor do seu esforço a este projecto. Mas a CDU acredita
sinceramente que este não é o caminho para a construção de uma política
cultural com futuro, e de futuro. Não acreditamos que este seja um modelo que
possa trazer algo de novo, e muito menos algo de valioso para o município.
Por outro lado,
questionamo-nos acerca de qual será a relação de proporcionalidade entre o
esforço financeiro que exige este evento e os respectivos retornos – materiais
e imateriais. Contra um pano de fundo de sacrifícios exigidos a toda a
população – quando às Juntas de Freguesia é pedido que desliguem a iluminação
pública poste-sim-poste-não – qual é o sentido de um evento de entretenimento
desta natureza, onde, mesmo durante a noite, centenas de luzes permanecem
acesas, com um foco de luz a apontar para o céu (cuja função não se consegue
perceber). Quando o território – do qual
temos, de facto, uma visão de conjunto – tem cada vez mais recantos
escuros, zonas francamente mal iluminadas e inevitavelmente ameaçadoras da
segurança pública, este aspecto da “Terra dos Sonhos” é apenas um excelente
sintoma ou uma óptima metáfora para o que anda a acontecer há demasiados anos
em Santa Maria da Feira.
Gostaríamos, por isso, de
perguntar ao Executivo se pode avançar com uma estimativa quanto ao montante
global de investimento que esta iniciativa representou e qual o retorno
financeiro previsto, mas, sobretudo, gostaríamos de saber qual o volume de
retorno em capital cultural, de know-how, de cativação de mais valias e
imparidades culturais de tipo permanente.
Por último, gostaríamos de obter alguns
esclarecimentos quanto ao processo em curso de agregação de agrupamentos
escolares. Já todos estamos bem conscientes de que se trata de mais um passo na
trajectória de degradação da qualidade dos projectos escolares, um processo
marcado pela massificação da relação aluno – comunidade educativa. Há cada vez
menos e pior escola, logo agora, quando ela era mais necessária. O rumo
concentracionário dita, quase invariavelmente, a desestruturação de hábitos de
integração das comunidades. O grau de identificação das redes institucionais
com os contextos locais é cada vez menor, graças à flutuação e inconstância a
que o governo submete a gestão das estruturas escolares. Quem se ressente deste
esvaziamento das funções integracionais da Escola são, para dano de todos, os
alunos. Por isso, e porque às Autarquias cabe ter uma palavra neste processo,
perguntamos: Qual o estado actual do diálogo institucional com vista à
definição do novo mapa escolar do município? Que destino será dado, em
concreto, à EB23 Fernando Pessoa?
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