De quando em vez, como já todos sabem, ponho-me a olhar para
o futuro… e já há algumas semanas que pretendia ponderar numa situação que
recentemente tem sido alvo de algumas ideias: o futuro do Vouguinha.
Obviamente que todos concordamos que a actual Linha do Vouga
se apresenta como um transporte obsoleto e sem qualquer capacidade de atracção de
passageiros. Depois do anúncio imponderado do encerramento lá chegou a notícia
da continuidade… mas será tempo de ponderar o futuro. Os autarcas falam na
requalificação da linha, ligando o EDV a Espinho e com isso criando uma nova
ligação directa ao Porto. Será essa a melhor solução?
Vamos por partes. Parece-me claro que a ligação ao Porto
deva ser o futuro. Uma zona territorial que se integra na Área Metropolitana do
Porto deverá estar devidamente servida de transportes públicos, nomeadamente o
ferroviário, para a zona central dessa mesma unidade de integridade urbana. Mas
será uma ligação por Espinho a melhor opção?
Se pensarmos no traçado actual do Vouguinha veremos que de
Oliveira de Azeméis a Espinho as carruagens se limitam a cumprir curvas num
traçado sinuoso e que não serve uma grande fatia (quase metade) da população…
por acaso, a população do eixo industrial a norte do concelho da Feira e sul do
concelho de Gaia. Ponto forte contra a ligação por Espinho, se pensarmos que
estes potenciais utilizadores, por estarem mais próximos do Porto, serão os que
terão maiores necessidades de transporte para esse local. Assim, adivinha-se
uma solução de recurso. E não foi preciso ponderar muito.
Requalificar o Vouguinha implicará fazer tudo de novo. Então,
porque não ponderar todo o conceito da linha? Rapidamente se compreende que o
traçado rumo ao Porto terá de ser bem diferente do actual, por Espinho. Partindo
de Oliveira de Azeméis, com os devidos ajustes no traçado, a chegada a S. João
da Madeira parece-me pacífica. Daí para a frente o caso muda de figura: a
panóplia de estações e apeadeiros terá de mudar, diga-se reduzir. Partiremos obviamente
de Arrifana e depois fica a questão: com uma correcção e linearização do
percurso, fará sentido mais alguma estação até à entrada na Feira? Se Arrifana
poderá servir também Escapães, a estação actual estação Vila da Feira
(designada no esquema proposto por Feira-Sanfins) poderá servir Fornos, Sanfins
e parte de Escapães. Assim se justificaria uma considerável conquista de tempo
no percurso. Mais adiante, obviamente que se justificaria uma nova estação
central em Santa Maria da Feira (porque não nas traseiras do hospital, local
onde se planeia a construção do Centro Coordenador de Transportes) e claro que
um acesso ao Europarque… e daí para a frente um traçado completamente novo
seria desejável. Sempre a direito rumo a S. João de Ver (fronteira com Rio
Meão), uma paragem na Lourosa-Lamas e mais uma a norte do concelho
(Mozelos-Nogueira). Penso que não precisaremos de estudos sem fim para
demonstrar a mais-valia deste percurso face o actual… e quanto a Gaia nem se
pergunta: Grijó, Seixezelo e Carvalhos seriam paragens obrigatórias. Depois seria
tempo de pensar numa linha a poente ou a nascente da cidade de Gaia. Se já
temos um canal ferroviário a poente e quando se projecta uma segunda linha de
Metro, também esta a poente, parece-me que a população a nascente da cidade de
Gaia deva ser privilegiada. Assim, a partir de Vila D’ Este (onde a linha
poderia fazer ligação ao Metro do Porto, considerando a expansão futura da rede) seriam de equacionar paragens em Vilar
de Andorinho e Oliveira do Douro, antes da linha atingir a Ponte S. João e, com
isso, as estações de Campanhã e, desejavelmente, também S. Bento.
Quanto ao acesso ao Porto, penso que não restam dúvidas das
vantagens desta solução contra a opção Espinho, que seria certamente menos
frequentada (dado servir um menor número de potenciais passageiros) e
complicaria uma linha já caótica. De qualquer forma, seria desejável a
continuidade do serviço ferroviário nas áreas servidas pelo actual traçado do
Vouguinha e, claro, uma ligação a Espinho e à Linha do Norte (permitindo, por exemplo,
o acesso a Lisboa sem uma necessária deslocação ao Porto). Pode, então,
sugerir-se a construção de um curto ramal de ligação entre as linhas, por
exemplo, entre a Feira e Espinho, com alguns ajustes no número de paragens.
Para melhor visualização da ideia, deixo um quadro resumo,
como que uma pedrada no charco, na expectativa de num futuro próximo (que
esperemos seja curto) seja possível viajar até ao Porto num transporte público
mais eficaz e menos poluente.
Hipotética Linha Oliveira de Azeméis-Porto e Ramal de Ligação a Espinho |
Ainda a considerar que, em cada uma das cidades do EDV, o
conceito de transportes deveria passar a ter em conta a integração com a
nova
linha, por exemplo com os autocarros expresso, autocarros urbanos,
linhas de
periferia e, ainda, táxi. As novas estações deveriam ser equacionadas no
sentido da intermodalidade, permitindo o estacionamento de veículos nas
imediações, permitindo, com isso, que a utilização seja potenciada pela
facilidade de acesso. A integração no sistema Andante parece-me
fundamental!
Penso que a ideia de adaptar as linhas do vouguinha têm sentido. Visto servir populações de interior seria o meio mais comodo para a população, e até mais inovador para a região ficando as populações mais autonomas e certamente se refletia na economia local. Seria um serviço de reaproveitamento dos recursos existentes, claro que teria que ser renovado o percurso. Quanto á ligação a Gaia éra a cereja no bolo, trazia turismo sendo bom para a economia local. Contudo penso que numa 1 fase até Espinho já éra bom. Espero que este investimento esteja na ideia dos autarcas. Por vezes fazem tantas obras de requalificação e esta claramente ficaria marcada por muitos anos para estas populações.
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