quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Caras, máscaras e caretas de Paços de Brandão...

Por estes dias chegou ao conhecimento do Engenho um escrito curioso do nosso colega "Alquimista Cibernético" no seu "Visão de Liberdade" e que vamos partilhar com os nossos estimados leitores, em que, após um episódio durante um concerto de música clássica em Paços de Brandão a todos os níveis hilariante, decidiu contar a sua história onde caracteriza muito bem aquilo que é a génese de uma certa estirpe, cuja cor é geralmente alaranjada, e que habita as terras de Blandon!

A terra dos caretas

Vivo numa terra onde se passou a fazer o Carnaval de há uns anos a esta parte, e sempre me questionei porquê. Porque é que ninguém teve a mesma ideia nas aldeias e vilas das redondezas? A resposta é simples: a minha terra está cheia de caretas (não generalizando, claro - não quero insultar os inocentes).
Dessa forma praticamente não precisam de máscara para fazer a festa.
Definir careta: um careta é um indivíduo da classe média ou alta, geralmente com uma escolaridade média ou suficiente, filho dos papás, sempre com as costas quentes e o prato cheio na mesa (quer o mereça ou não). É convencido e arrogante, interesseiro e estúpido, e quando faz asneiras o pai fala com a vítima e paga o prejuízo, obrigando-a a calar o bico (a menos que queira ter problemas inesperados no futuro). Isto é quando o careta é ainda jovem e está sobre a alçada dos pais.
Quando o careta passa à idade adulta os pais arranjam-lhe um tacho na administração pública e candidata-se no partido político mais promissor (neste caso o PSD), ou na Academia de Música, no Museu da terra, na junta de freguesia, nas escolas públicas ou faculdades, no correio ou no teatro, no futebol, na organização do carnaval ou das festas anuais, e a vida é bela.
A arrogância e prepotência crescem com o estatuto do cargo e a careta também. Já só conhecem quem lhes apetece (os da cor deles) e quando raramente nos cruzamos na rua fazem de conta que não vêem ninguém. Pode parecer ridículo, mas é a pura verdade.
Tudo o que comentei até aqui vi com os meus próprios olhos acontecer.
Com a idade o careta incha como um sapo e pensa que é dono da freguesia. Está pronto a dar ordens ao povo e quer ser respeitado como um senhor. Apesar de ser um parolo que nada faz pelos outros, acha-se com direito a ser respeitado por mérito próprio: o mérito da sua posição social. Isso vale o quê? A sua posição social.
Hoje em dia só os vejo fazerem asneiras e construírem veleidades quase inúteis para a sociedade: cortaram as árvores do arraial e construíram um fontanário com repuxos para seu belo-prazer, cortaram os salgueiros pela copa na entrada da Quinta de D. António num acto absolutamente injustificado e infeliz para quem gostaria de se sentar naquele muro a olhar para as ruínas da fábrica de papel, e mais recentemente, aproveitaram as tempestades de Inverno para desbastarem as árvores da Quinta de D. António de maneira abusiva e absolutamente injustificável (para ganharem algum com a venda da madeira): e lá se foi a sombra no quente Verão.
Estou revoltado com estes políticos de meia leca, actuais e do passado recente, que só fazem merda. Prometem, prometeram passeios confortáveis e estradas direitas em toda a freguesia: no Cerrado vê-se qualquer coisa, quase um ano depois. E as estradas decentes, à CEE? Quando andamos nelas parece que navegamos no mar. E a horrorosa passagem de nível de Riomaior? Quando lá passamos de carro, a suspensão quase se escangalha. Será que ninguém tem consciência da ineficácia destes dirigentes políticos? Será que andam pelo ar e não vêem esses problemas que afectam toda gente? Afinal qual é o papel deles? Mamar e dormir, como bebés rechonchudos? Ou velhos crápulas incompetentes?
Não quero saber da politica para nada. Quero é o bem estar da população, estupidamente massacrada ao longo de gerações, calada e assumidamente conformada.
A mim ninguém me cala, e se não trabalharem para o bem estar do povo, os políticos actuais no poder vão ter que engolir muitos sapos venenosos. O pedestal em que pensam estar assentes é de barro, e a careta que têm, juntamente com o fato e gravata de luxo que vestem, não os salvará da subserviência ácida das minhas observações.
Esta treta toda surgiu devido a um acontecimento na Academia de Música.
Um destes dias estava eu tranquilamente em casa quando recebi um e-mail a dizer que ia haver na Academia de Música um concerto para flauta e orquestra, sexta-feira às nove da noite. Como costumo passear pela freguesia depois do jantar e a hora era propícia, decidi passar por lá e ver o ambiente. Em princípio não demoraria mais de um quarto de hora porque não sou apreciador de música clássica, mas quando lá cheguei e no fim de uma música vi que o maestro Vitorino de Almeida estava a assistir e a dar uma palestra extra, fui ficando e comecei a fotografar a cena. Pelos vistos fazia 70 anos nesse dia e tinha decidido (provavelmente com a colaboração do Fernando Augusto) comemorar o seu aniversário longe da confusão da capital com um concerto da sua autoria.
Francamente estava a gostar da música e tentava registar o acontecimento com mais fotografias, deslocando-me ligeiramente para o centro do anfiteatro para um melhor enquadramento, quando um indivíduo nesse ângulo se debruçou sobre mim e disse qualquer coisa: infelizmente para ele, quando falou, a orquestra atacou a fundo e não ouvi nada do que disse; abanei a cabeça afirmativamente e retirei-me para o meu canto. Passado um bocado voltei ao ataque no mesmo sítio (ao lado dele) e sai flash: mas quando olhava para as imagens que ia fazendo via que não estavam a sair nada bem e insistia. É então que o indivíduo indignado se debruça novamente sobre mim (era maior do que eu) e começa a ralhar comigo. Diz que não devia de fazer o que estava a fazer e se via alguém a fazer o mesmo. Obviamente que ninguém tinha uma máquina como a minha, só telemóveis, e também é mais do que evidente que podia ir lá para baixo, para perto do palco, sentar-me e fazer as fotos que me apetecesse; mas como depois de jantar não gosto de estar sentado não fui. E se fosse, e começasse a "flashar" a seco tão perto do palco, aí sim, poderia incomodar os músicos, coisa que nunca faria. Portanto, dentro da perspectiva do pataqueiro só devia tirar fotografias quando o maestro falasse e não durante o espectáculo. Já a ficar fodido com o careta convencido digo-lhe que não me pareço com ninguém e ninguém me dá ordens, quando outro, ao lado dele (que conheço desde puto e sempre desprezei) se vira para mim e diz que se não fosse conhecido ia lá para fora.
Claro que na hora me questionei que espécie de parolo era aquele com ideias tão erradas sobre óptica. A uma distância superior a vinte metros de distância o efeito do flash é equivalente a acender um isqueiro, não incomoda ninguém, e a prova estava na qualidade das imagens - desfocadas ou tremidas pelo movimento dos músicos, ao tocarem vigorosamente nos seus instrumentos.
"Só fala quem não tem razão ou por ignorância na ocasião". Ou por ser um grande caretão.
Farto de aturar semelhantes "malaicos" abano a cabeça para a minha mulher e saio da sala. Se a música não estivesse tão alta perguntava ao "labsolu" quem é que iria tomar essa iniciativa: o primeiro "ladislau" que me pusesse as patas em cima poderia mais tarde dizer se o material da minha máquina era feito de plástico ou metal, quando a partisse na sua real cabeça.
Quem é que estes lindinhos pensam que são?

5 comentários:

  1. Fiquei admirado como vc conhece todo o "esquema estrutural" para , ao longo de uma vida , alguém que deseje , se transformar em "careta"!!
    Terá sido um aprendizado por conta própria ?!

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  2. anonimo das 14,35 somente, parabens, parabens, parabens, tenho a certeza que é, um homem integro, honesto, e que quer sempre o melhor para paços de brandão, agora não gosta que lhe dê ordens, principalmente dadas por, pessoas de, uma estupidez estonteante, e de uma ignorancia atróz, de uma vez por todas eliminem os BETINHOS da nossa terra porque nunca fizeram nada de bom, apenas porque teem dinheiro para eles é sino´nimo de conhecimento, competencia quando nã pratica são uns ~c´cós de meia tijela

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  3. Caros Responsáveis pelo Blog:
    Todos temos o direito à liberdade de opinião e devemos, sempre que seja pertinente, fazer uso dela com responsabilidade e integridade. Jamais devemos usar esse nosso direito para expressar futilidades ou inverdades que possam pôr em causa pessoas, ou instituições, que mais não querem, senão, o engrandecimento cultural da vila de Paços de Brandão.
    Neste post, escrito de uma forma ressaviada e pouco dignificante, é posto em causa a idoneidade de diversas instituições, como é o caso do CiRAC, da Academia de Música de Paços de Brandão e de todos os intervenientes no concerto de homenagem ao Maestro António Vitorino de Almeida... e tudo porquê?? Pura e simplesmente, por causa de alguém que (no seu direito) não gosta de música clássica e que decidiu "perturbar" o bom funcionamento de um concerto com disparos de uma máquina fotográfica!!! Apetece dizer que isto é no mínimo caricato, para não dizer parolo e revelador da ignobilidade de algumas pessoas da nossa vila, que, quanto a manifestações culturais, não sabem sequer ser público! Pois, onde é que já se viu alguém, seja lá quem for, a perturbar um concerto de música clássica com clics e clacs de uma máquina fotográfica, digital ou não, com flash ou sem ele, só com o intuito de ter uma recordação "para mais tarde recordar"! É incrivel... mas será, porventura, ainda mais inacreditável, um blog que pretende formar e informar os brandoenses, dar espaço para a publicação deste tipo de coisas...
    Só para esclarecimento da ignorância do autor:
    1. O concerto em causa tratava-se de um concerto integrado do Festival Internacional de Música de Verão de Paços de Brandão, organizado pelo CiRAC - Paços de Brandão;
    2. O citado concerto foi designado como Concerto de Homenagem ao Maestro António Vitorino de Almeida, por ocasião do seu 70.º Aniversário, ocorrido a 25 de Maio;
    3. Neste concerto participaram a Orquestra de Jovens de Santa Maria da Feira, dirigida pelo Maestro Paulo Martins, o flautisto brandoense Paulo Barros, que foi solista do concerto;
    4. O Maestro António Vitorino de Almeida foi convidado directamente pela Direcção do CiRAC para estar presente, graças às boas relações existentes entre esta instituição e aquelça personalidade que já foi Director Artístico do Festival de Música. O maestro acedeu ao convite e disponibilizou-se, de forma gratuita, a comentar o concerto...
    5. O repertório apresentado neste concerto de homenagem era todo de autoria de António Vitorino de Almeida, inclusive uma obra que ali teve estreia mundial, uma peça para Orquestra e Flauta, encomendada pelo CiRAC e apoiada pela Comissão do Centenário da República. Esta obra foi brilhantemente interpretada pelo flautista Paulo Barros (solo) e pela Orquestra de Jovens de Santa Maria da Feira.
    6- Todo e qualquer concerto está protegido pelos direitos de audiovisuais (a nível de imagem e som, tanto por parte da entidade que o promove, com por parte dos seus intervenientes, músicos e afins, pelo que é expressamente proibido a recolha de imagens ou sons sem a autorização dos mesmos;
    Dado o recado, fica o convite ao autor para que venha assistir a mais concertos de música (clássica ou outras...) para que possa aprender a ser público, elevar-se culturalmente e... evitar de dizer barbaridades...

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  4. Parabéns ao CiRAC!!!Bravo!! Belíssima resposta!

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  5. Apesar de apreciador de música clássica, raramente presencio concertos da mesma pois há outros tipos de música que me agradam ainda mais. Cada área musical tem rituais próprios que são por vezes são desconhecidos dos não apreciadores. Como exemplo a temível "moche" em concertos das várias vertentes de música alternativa, ausência de palmas nas serenatas de tunas e o aqui alvo de discussão, silêncio total durante um concerto de música clássica. Daí que, no meu entender, quem solicitou que não tirasse mais fotos era assistido de toda a razão, desde que o tenha feito com o maior dos civismos.
    Percebo a sua revolta mas a questão vai mais além do que simplesmente incomodar ou não os intérpretes. Tem o direito de não concordar com as regras. Mas igualmente tem a obrigação de as respeitar.

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