O Beco esquecido
Já há muito
que este assunto vem à baila nas prioridades da Freguesia. Por que será que não
somos levados a sério? Por que será que não somos ouvidos? Somos assim tão
“pequenos”? É por sermos uma minoria? Ou então só fingem que nos ouvem por
alturas de eleições, para que prometamos votos? Chegamos a uma altura em que dá
para revoltar… ou essa altura já passou e continuamos revoltados, sem ninguém
que nos dê uma palavra verdadeira! Infelizmente, estamos numa terra em que a
palavra dos nossos governantes vale muito pouco.
Resido no Beco
de Rio-Maior desde que me conheço como gente. E se antes se tratava de um
género de caminho de carros de bois, posso afirmar, que ao longo de 27 anos, a
evolução foi nula. Apenas se alargou um pouco o caminho, devido a obras nas
casas residentes e também ao constante tráfego de pesados, decorrente da
construção de uma carpintaria no final deste.
No entanto,
instalações essenciais como saneamento, águas pluviais e gaz natural, por mais
promessas que tenham sido feitas, nunca foram instituídas. Ora, como se não
bastasse este tipo de descriminação, pois penso que de todas as estradas de
Paços de Brandão, esta é a única que se encontra neste estado rural, usam a
desculpa da não pavimentação da estrada, por de facto, esta ainda não possuir
as instalações básicas de saneamento e águas pluviais! Esta, pelo menos, foi
uma das desculpas! Outras se seguiram e, pelos vistos, mais estarão para vir! Isto
porque, segundo o anterior Presidente da Junta, seria um desperdício pavimentar
uma estrada, sem antes fazer as instalações devidas! Então, se era esse o
grande problema, porque não fazer as instalações devidas?? Ah, não tinham
fundos monetários! A freguesia anda sem fundos monetários há imenso tempo… Mas
só para o Beco de Rio Maior!
Resumindo, o
caminho, que nem de estrada se pode chamar, vem sido atabalhoadamente
guarnecido de cascalho, areia e brita, um pavimento indigno a qualquer cidadão
contribuinte, prestador dos seus impostos, por anos e anos! E para piorar a
situação, chegam cá e descarregam a carga, os residentes, se quiserem, que
espalhem!!! Que generosos!!! O caminho sustenta-se assim por uns míseros meses.
Nos tempos rigorosos de chuva, até se torna viável a prática de “todo o terreno”,
o que já aconteceu por diversas vezes! Invernos de solo enlameado e verões de
ambiente empoeirado! Nem direito temos à limpeza das valetas por parte dos
funcionários da junta. Passam pela estrada principal e seguem em frente! Cá não
vive gente que tem direito a esses serviços? Acabámos por ser nós a fazê-los…
São
incontáveis as visitas ao Sr. Presidente da Junta ou aos seus representantes na
abordagem do problema e incontáveis também as promessas feitas por estes, no
decorrer do tempo, para a resolução do mesmo! Mas não passaram de meras
palavras e “palavras, levam-nas o vento”, como diz o ditado.
Os habitantes
de Paços de Brandão dizem que a freguesia “morreu no tempo”, que poucas foram
as obras, investimentos realizados, principalmente a nível dos pavimentos.
Desta forma, posso dizer que o Beco de Rio Maior morreu não só no tempo, mas
também no espaço! Não deve existir no mapa… só existe para os próprios
residentes! Engraçado que consegui encontrá-lo nas coordenadas do GPS… Ah, a
freguesia além de não ter fundos, está desactualizada…
Cansada de
promessas que nunca se confirmam, recorri ao Engenho no Papel para, de certa
forma, ter uma oportunidade de ser ouvida, lida por alguém… manifestar a minha
indignação e descontentamento por tantos anos de indiferença! Represento a
pequena minoria residente no Beco de Rio Maior, que subscreve as minhas
palavras. Deixo apenas aqui o meu testemunho incógnito, com receio de ter que
esperar mais 27 anos para que seja “movida uma palha”, no sentido de resolver
de vez a situação!
Agradeço desde
já ao blog Engenho no Papel, pela disponibilidade para partilhar estes escritos
a todos os Brandoenses.
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