sábado, 16 de fevereiro de 2013

Carnaval de Paços de Brandão 2013



A crise está definitivamente instalada no nosso país, e Paços de Brandão não é excepção. Este Carnaval, além de banhado de chuva, (da mais chata -miudinha),  foi dos mais desinteressantes e pouco participados dos últimos anos. Não foi por falta de empenho da organização, esta esforçou-se amplamente na divulgação deste evento. Porém, os efeitos da crise económica generalizada que assola o nosso país fizeram-se notar, de tal maneira, que as pessoas até já poupam na folia!  Ficam aqui as imagens possíveis do corso e o dicurso do Rei, e os nossos votos sinceros que melhor sorte venha no ano que vêm!


Discurso do Rei Momo – Carnaval de Paços de Brandão 2013

Caros súbditos e foliões aqui reunidos nesta magnífica praça, depois de mais um grande dia de carnaval saloio e à antiga, onde a sátira, o humor e a brincadeira desfilaram de mãos dadas pelos caminhos de Paços de Brandão, fazendo-nos até recuar no tempo e recordar esse velhinho e quase esquecido Entrudo, estaríeis vós à espera de algum discurso politicamente troikiano e com algum sabor a salsichas alemãs ou a bolas de Berlim. 
Mas este vosso Soberano, consciente do espírito deste dia, onde as máscaras da hipocrisia caem e os tabus perdem a força, prefere aproveitar esta anual oportunidade de usar a varanda deste palácio, por onde e infelizmente já passaram alguns incompetentes, para aqui do alto e na companhia da Bela e jovem Rainha, vos falar da nossa terra e do orgulho que é ser Brandoense. 
Para mim e para a Rainha, é motivo de grande orgulho e um enorme privilégio viver e ser monarca nesta terra, uma terra há muitos anos apelidada de diferente pela sua pluralidade cultural e intelectual. É de facto uma terra diferente, tão diferente e tão sogeneris que o povo só pode ir à missa dia sim, dia não e… quando quer morrer tem de marcar vez, porque se o não fizer, muito provavelmente encontrará a ridícula e minúscula capela mortuária ocupada por outro cadáver.
 A não ser que pertença ao grupo dos sortudos cá do burgo, Duque ou Marquês, daqueles que têm a bênção do Abade Prior de S. Cipriano ou então da senhora Abadessa e aí, a certeza de um lugar na cochia central da igreja matriz, para ser velado com a tranquilidade e a dignidade que todo o ser humano merece.
 É assim a nossa terra, uma terra tão perfeita, que em pleno século XXI se honra de ter Brandoenses de primeira e Brandoenses de segunda. Mas, Paços de Brandão tem ainda mais coisas lindas e de fazerem inveja às terras vizinhas, somos a única deste basto território Santa Mariano que depois de inúmeras promessas eleitorais, continua à espera dum espaço digno para o mercado, utilizando semanalmente alguns dos seus principais caminhos.
Meus caros súbditos e foliões, porque conheço a vossa vontade e sei pela forma como votais que aquilo que mais quereis e desejais é que tudo continue na mesma, hoje aqui perante vós comprometo-me que manterei por muitos e longos anos todas estas situações caricatas, quase carnavalescas. 
Comprometo-me ainda em manter o Cavaleiro Normando Fernão Blandon como fundador da nossa terra, mesmo sabendo da existência de estudos e documentos que colocam em causa as nossas origens e a nossa identidade. Para evitar mais quedas de árvores nos dias mais rigorosos de inverno e porque sei que é também do vosso agrado, vou desarborizar totalmente a Quinta do Engenho Novo, até porque o povo precisa de lenha para se aquecer e cozinhar. 
Nessas áreas desarborizadas vão ser criadas hortas públicas. Demolir ou restaurar a casa de D. António, é uma obra que nunca permitirei no meu reinado, porque iria provocar desequilíbrios na fauna ao afastar os ratos, animais imprescindíveis na beleza e decoração daquelas ruinas, cartão-de-visita de que tanto nos orgulhamos. 
Porque amo o meu povo e respeito o seu modo de vida e a sua felicidade, jamais permitirei a construção de lares para a 3ª idade, os velhinhos têm é de ficar fechados em suas casas para aí poderem viver e morrer felizes, sozinhos e abandonados. 
É assim que eu sou, um rei sempre atento e preocupado com o vosso bem-estar, e não é por um ou outro alargamento no lugar do monte de cima ou no matoso que Paços de Brandão vai evoluir e deixar de ter caminhos. 
Acreditem no vosso Rei, ainda temos por cá muita cabra e muito burro, por isso as calçadas e os caminhos vão continuar. 
O Jornal do CIRAC terá no máximo duas edições por ano, mas sempre com notícias desactualizadas. A circunvalação, as ciclovias e o passadiço junto ao Rio Maior nunca irão existir. Pela estagnação total da Nossa Terra e pelo melhor e mais divertido Carnaval Saloio do Mundo,

Viva o Rei! Viva Paços de Brandão!

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