A crise está definitivamente instalada no nosso país, e Paços de Brandão não é excepção. Este Carnaval, além de banhado de chuva, (da mais chata -miudinha), foi dos mais desinteressantes e pouco participados dos últimos anos. Não foi por falta de empenho da organização, esta esforçou-se amplamente na divulgação deste evento. Porém, os efeitos da crise económica generalizada que assola o nosso país fizeram-se notar, de tal maneira, que as pessoas até já poupam na folia! Ficam aqui as imagens possíveis do corso e o dicurso do Rei, e os nossos votos sinceros que melhor sorte venha no ano que vêm!
Discurso do Rei Momo – Carnaval de Paços de Brandão 2013
Caros súbditos e
foliões aqui reunidos nesta magnífica praça, depois de mais um grande dia de
carnaval saloio e à antiga, onde a sátira, o humor e a brincadeira desfilaram de
mãos dadas pelos caminhos de Paços de Brandão, fazendo-nos até recuar no tempo
e recordar esse velhinho e quase esquecido Entrudo, estaríeis vós à espera de
algum discurso politicamente troikiano e com algum sabor a salsichas alemãs ou
a bolas de Berlim.
Mas este vosso Soberano, consciente do espírito deste dia, onde
as máscaras da hipocrisia caem e os tabus perdem a força, prefere aproveitar
esta anual oportunidade de usar a varanda deste palácio, por onde e
infelizmente já passaram alguns incompetentes, para aqui do alto e na companhia
da Bela e jovem Rainha, vos falar da nossa terra e do orgulho que é ser Brandoense.
Para mim e para a Rainha, é motivo de grande orgulho e um enorme privilégio viver
e ser monarca nesta terra, uma terra há muitos anos apelidada de diferente pela
sua pluralidade cultural e intelectual. É de facto uma terra diferente, tão diferente
e tão sogeneris que o povo só pode ir à missa dia sim, dia não e… quando quer
morrer tem de marcar vez, porque se o não fizer, muito provavelmente encontrará
a ridícula e minúscula capela mortuária ocupada por outro cadáver.
A não ser
que pertença ao grupo dos sortudos cá do burgo, Duque ou Marquês, daqueles que
têm a bênção do Abade Prior de S. Cipriano ou então da senhora Abadessa e aí, a
certeza de um lugar na cochia central da igreja matriz, para ser velado com a tranquilidade
e a dignidade que todo o ser humano merece.
É assim a nossa terra, uma terra tão
perfeita, que em pleno século XXI se honra de ter Brandoenses de primeira e Brandoenses
de segunda. Mas, Paços de Brandão tem ainda mais coisas lindas e de fazerem
inveja às terras vizinhas, somos a única deste basto território Santa Mariano que
depois de inúmeras promessas eleitorais, continua à espera dum espaço digno
para o mercado, utilizando semanalmente alguns dos seus principais caminhos.
Meus
caros súbditos e foliões, porque conheço a vossa vontade e sei pela forma como
votais que aquilo que mais quereis e desejais é que tudo continue na mesma, hoje
aqui perante vós comprometo-me que manterei por muitos e longos anos todas
estas situações caricatas, quase carnavalescas.
Comprometo-me ainda em manter o
Cavaleiro Normando Fernão Blandon como fundador da nossa terra, mesmo sabendo
da existência de estudos e documentos que colocam em causa as nossas origens e
a nossa identidade. Para evitar mais quedas de árvores nos dias mais rigorosos
de inverno e porque sei que é também do vosso agrado, vou desarborizar totalmente
a Quinta do Engenho Novo, até porque o povo precisa de lenha para se aquecer e
cozinhar.
Nessas áreas desarborizadas vão ser criadas hortas públicas. Demolir
ou restaurar a casa de D. António, é uma obra que nunca permitirei no meu
reinado, porque iria provocar desequilíbrios na fauna ao afastar os ratos,
animais imprescindíveis na beleza e decoração daquelas ruinas, cartão-de-visita
de que tanto nos orgulhamos.
Porque amo o meu povo e respeito o seu modo de
vida e a sua felicidade, jamais permitirei a construção de lares para a 3ª idade,
os velhinhos têm é de ficar fechados em suas casas para aí poderem viver e
morrer felizes, sozinhos e abandonados.
É assim que eu sou, um rei sempre atento
e preocupado com o vosso bem-estar, e não é por um ou outro alargamento no lugar
do monte de cima ou no matoso que Paços de Brandão vai evoluir e deixar de ter
caminhos.
Acreditem no vosso Rei, ainda temos por cá muita cabra e muito burro,
por isso as calçadas e os caminhos vão continuar.
O Jornal do CIRAC terá no
máximo duas edições por ano, mas sempre com notícias desactualizadas. A
circunvalação, as ciclovias e o passadiço junto ao Rio Maior nunca irão
existir. Pela estagnação total da Nossa Terra e pelo melhor e mais divertido
Carnaval Saloio do Mundo,
Viva o Rei! Viva Paços de Brandão!
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