Estudo sobre a Linha do Vouga propõe serviço privado,
que assegure o transporte até Espinho em 30 minutos e até ao Porto numa
hora
Um estudo sobre a viabilidade da Linha do Vouga
estima que serão necessários 68 milhões de euros para adaptar o traçado
às intenções dos autarcas do Entre Douro e Vouga. O objetivo dos
presidentes de câmara de S. João da Madeira, Oliveira de Azeméis e Santa
Maria da Feira é alargar a bitola da linha, de forma a ligá-la à Linha
do Norte, permitindo, assim, a viagem direta entre Azeméis e Porto.
A análise encomendada pela Área Metropolitana do
Porto à empresa TRENMO (Transportes, Engenharia e Modelação) prevê uma
série de investimentos que aumentam a velocidade máxima do comboio até
aos 90 Km/hora e reduzem o tempo de viagem entre Azeméis e Espinho a
apenas trinta minutos, tornando a linha mais atrativa aos passageiros.
Assume também que o capital a injetar nas obras de conversão para via
larga, eletrificação e sinalização eletrónica será privado e surgido no
âmbito de uma concessão.
Os técnicos da TRENMO consideram “essencial” a
conversão da Linha do Vouga em via larga, de forma a fazer a ligação com
a Linha do Norte. Contudo, devido à complexidade do traçado
(“extremamente sinuoso”), será necessário construir nove variantes para
reduzir a extensão do mesmo em 1.380 metros. Na zona junto à estação de
Paços de Brandão, aconselham mesmo uma “intervenção mais profunda”,
nomeadamente a construção de um túnel de 850 metros (“para corrigir uma
curva de raio extremamente reduzido em zona urbanizada”) e de um novo
viaduto sobre a A1. Estudou-se ainda a possibilidade de reduzir a cota
da estação de Santa Maria da Feira, de maneira a torná-la mais próxima
do centro da cidade, mas o custo desta operação desviou os técnicos para
o apeadeiro “Cavaco”, que, devido a uma localização “mais estratégica”,
deve tornar-se na estação principal do concelho da Feira.
De maneira a tornar a linha mais funcional, a
TRENMO sugere a instalação de duas ou três linhas de 80 metros cada em
Paços de Brandão, Feira, S. João da Madeira e Oliveira de Azeméis, para a
realização de cruzamentos, parqueamento de material circulante e
construção de plataformas de passageiros com abrigos ajustados ao
comprimento.
Propõe-se também obras de estacionamento ao longo
da linha, que deverão ser assumidas pelos municípios. Da conversa com
os respetivos autarcas, concluiu-se ser possível fazê-lo em S. João da
Madeira, Arrifana, Faria, Couto de Cucujães, Cavaco e Oliveira de
Azeméis, sendo que o estacionamento nestes parques deve ser gratuito
para os utilizadores do comboio.
A ligação da Linha do Vouga à Linha do Norte,
permitindo a chegada do comboio até ao Porto em apenas uma hora, deve
ainda ser feita através do apeadeiro de Silvalde, o que significa que o
troço deixa de prosseguir para Espinho-Vouga, efetuando paragem na
estação de Espinho da Linha do Norte.
Privatização é “fundamental”
O volume de investimento – 68 milhões de euros –
necessário à conversão da Linha do Vouga é justificado pela ausência de
uma revitalização profunda do traçado nos últimos 100 anos. A faixa de
proteção, por exemplo, nunca foi alargada e “a construção proliferou
desordenada e demasiado próxima da linha”, justificam os autores do
estudo.
A TRENMO acredita na viabilidade financeira da
Linha do Vouga, assim que estas obras forem concluídas e o novo serviço
iniciado. Estima, por exemplo, a captação de 50% do transporte
individual de e para o Porto em cinco anos, assim como uma boa
percentagem do transporte coletivo rodoviário. A empresa compara a Linha
do Vouga à Linha de Guimarães, que aumentou o número de passageiros de
300 mil para cerca de dois milhões ao ano, depois de ter sofrido uma
intervenção semelhante que a ligou aos Urbanos do Porto. Para atingir
estes valores, é, contudo, assumida como “fundamental” a privatização do
serviço, pelos alegados ganhos de eficiência.
O tarifário a aplicar na nova linha dependerá dos
cenários que o privado venha a implementar – número de circulações
diárias, por exemplo – mas a TRENMO prevê valores 20% superiores aos
praticados nos Urbanos do Porto.
O estudo sobre a viabilidade do Vouguinha no
troço Oliveira de Azeméis-Espinho-Porto foi entregue recentemente pelos
autarcas do Entre Douro e Vouga ao Secretário de Estado das Obras
Públicas que, de acordo com Castro Almeida, terá manifestado “abertura,
interesse e simpatia pelo projeto”. Para o presidente da câmara de S.
João da Madeira, o estudo “comprova a viabilidade económica da ligação
ferroviária entre Oliveira de Azeméis, S. João da Madeira, Santa Maria
da Feira, Espinho e Porto”.
A TRENMO é uma empresa criada a partir de um
spin-off do conhecimento desenvolvido na Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto (FCUP). O professor Álvaro Costa é o fundador e
presidente do conselho de administração da empresa.
Por:
Anabela S. Carvalho
Nota Do Engenho: Apesar de algumas pessoas com responsabilidades em Paços de Brandão se terem apressado a sentenciar de morte o Vouguinha. este parece teimosamente querer sobreviver!
E nomeadamente, Paços de Brandão, continua a ter um papel importante em toda a logística da futura via, apresentando-se mesmo como um ponto nevrálgico em todo este estudo financeiro de requalificação apresentado.
Desejamos que este projecto consiga sair do papel, e muito em breve seja uma realidade viajar de Paços ao Porto em comboio, evocando os tempos de glória do velho Vouguinha!
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