Aos 29 dias do mês de Abril, concretizou-se mais
uma assembleia de freguesia, cá na nossa terra. Como é hábito, o público é
escasso, facilitando assim as manobras de camuflagem dos nossos estimados
governantes. Já dizia um célebre revolucionário venezuelano que “Um povo ignorante é instrumento cego de sua
destruição” (Simón Bolívar). Não levando tanto à letra mas seguindo a mesma
linha, é lamentável que os Brandoenses se interessem tão pouco pelo que se
passa na sua própria terra…
No entanto, existem sempre excepções, essas que
devem ser valorizadas e levadas em conta, nem que mais não seja, nos escritos
das actas das assembleias (quando não existem lapsos… pois, pelos vistos eles
existem, não só uma, mas várias vezes), ficando assim registadas as dúvidas,
questões pertinentes e contestações dos interessados (mesmo que não sejam
plausivelmente explicadas e justificadas pelo Presidente).
A sessão recheou-se assim de uma série de “enrola,
enrola”, alguns gaguejos, alguma amnésia e também desculpas esfarrapadas para
certos factos. Verdades ou mentiras? O ano de 2012 já passou… E diga-se de
passagem, com um balanço bastante positivo para os mealheiros da freguesia,
visto que, temos a retroescavadora quase paga, a carrinha nova paga, receitas
enormes da madeira proveniente do abate das árvores da Quinta do Engenho, as
estradas quase no mesmo estado…mas, no entanto, não passa de uma ilusão! Isto é
um pouco complicado de compreender! Talvez seja mais uma deturpação de
prioridades…
Outra situação difícil de compreender também, é a
dita máquina do povo (diga-se retroescavadora), de acordo com os registos de
horas mensais, tem tido uma actividade intensa, que contas feitas, representa em
média cerca de 8 horas de actividade por dia útil. Decerto não sabemos os
gastos de combustível, nem temos acesso aos leitores de horas para aferir da
sua veracidade, mas, visto que pouca gente vê a dita máquina e muitos nem sabem
que existe, torna-se um pouco eminente o cálculo apresentado.
Foram colocadas questões no âmbito das
contribuições para as associações da terra. Mais uma vez, o Executivo foi
questionado em relação ao facto de os valores desembolsados e associações
beneficiárias não estarem descriminadas no documento de prestação de contas,
como já havia acontecido noutras sessões. Foram então citados os valores em
voga, causando na assembleia uma série de apreciações quanto à má distribuição
e mérito dos mesmos, principalmente em relação ao CIRAC, visto ser uma das
associações que mais eleva o nome e popularidade da nossa freguesia, nacional e
internacionalmente! Em suma, não se chegou a perceber como é que para o CIRAC
só tenham sido doados 270€, enquanto para a associação de BTT (mais recente e
não tão popular) uns significativos 500€, finalizando na Festa dos Arcos com cerca de 3000€. O Presidente foi questionado por ambos os partidos (PS e PSD) que
acabaram por ficar sem resposta.
Um dos pontos da assembleia passava pela votação e
consequente aprovação da contratação de um funcionário da junta, com a função
de trabalhar com a retroescavadora pertencente à freguesia! A questão
debatia-se em seleccionar uma determinada pessoa, que já se encontra
familiarizada com o trabalho e a máquina em questão, tornando o seu vínculo
profissional fixo na junta. O designado operador da retroescavadora é, nada
mais, nada menos, que irmão do Presidente da Junta. Assim sendo, a votação não
foi unânime! A oposição do PS votou contra, alegando tráfico de
influências em relação à pessoa seleccionada.
No entanto, não deixa de ser curioso, que os mesmos
elementos do PSD, que acenam ao bom trabalho do operador na junta, também refiram
que “as ruas se encontram uma vergonha”, existindo a necessidade de tornar o
seu vínculo definitivo, para que o estado da freguesia melhore! Então, o
operador em questão realiza ou não um bom trabalho? A qualidade do mesmo
depende do tipo de vinculação que tem com a junta de freguesia? Estranho… Já
como defendia Marx, até lhes está na génese ideológica da Social-democracia,
mas, no entanto, duvidamos ser lembrado, senão quando lhes agrada ao próprio umbigo.
Sem outros assuntos planificados na ordem de trabalhos,
colocou-se a oportunidade do público se manifestar em relação a qualquer
assunto do interesse da assembleia. Mais uma vez foi focado o assunto da
identidade histórica da nossa freguesia estar deturpada, sem quaisquer
fundamentos ou documentos comprovativos da mesma. Este assunto, já citado em
assembleias anteriores, foi inclusivamente dissimulado nas actas, mesmo depois
do nosso presidente assumir o compromisso de averiguar a veracidade dos factos.
Ora, lapsos acontecem… Porém, apontar o dedo inquisidor aos que as lembram é
errado e merecia, pelo menos, um pedido de desculpas por parte dos intervenientes
e responsáveis pelo erro (o Presidente da Assembleia e o Secretário que é o
escriba).
Até à data da remanescente questão, pouco ou nada
foi averiguado, apenas houve intenção de o fazer. Não consideram uma questão
pertinente a certificação de factos históricos sobre a própria freguesia? Não é
responsabilidade dos dirigentes locais defender a identidade das suas terras? A
História não se pode inventar, nem deve ser feita baseada em opinião empírica, como
a “dada como verdadeira” dos 900 anos do Padre Correia. Já a que o Sr. Varela escreveu
e colocou disponível a todos que quisessem ler e comprovar, baseia-se em
documentos, em provas reais, senão não se chamaria História, mas sim Estória...
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