“Quem salvar o Governo está a virar as costas ao país”
Durante
a sua intervenção no debate plenário que teve lugar esta quarta feira, o
líder da bancada parlamentar do Bloco de Esquerda acusou o Governo de
dizer à troika na carta que lhe endereçou “aquilo que esconde dos
portugueses”.
“Na concertação social, o Governo nada
quis dizer aos sindicatos sobre os cortes que estão a ser preparados, e
que passam pela retirada de direitos aos trabalhadores e por
despedimentos”, lembrou Pedro Filipe Soares.
"Quando
o Governo diz que quer cortar onde faz falta às pessoas, sabe que só
tem a troika do seu lado, por isso só fala com a troika", frisou o
dirigente bloquista, defendendo que “o corte de 6oo milhões de euros
ainda este ano na Segurança Social, na Saúde, na Educação, ou nas
empresas públicas, com todos os despedimentos que vêm associados, é um
ataque brutal ao Estado Social”.
“E a violência
deste ataque está bem visível nas escolhas deste Governo”, afirmou Pedro
Filipe Soares, sublinhando que, na carta escrita à troika, sabemos logo
que o Governo quer cortar, em primeira mão, “naquilo que faz mais falta
a quem está mais fragilizado na nossa sociedade”: no subsídio de
desemprego e no subsídio de doença.
Governo esconde com a decisão do TC "aquele que já era o desastre da sua política"
"O
governo insinua que na motivação das suas escolhas está uma decisão do
Tribunal Constitucional, nada mais falso. Não estão à procura de um
plano B, querem é desculpas para aplicar o plano A, que foi sempre
cortar no Estado Social”, referiu, frisando que “não aceitamos que o
Governo venha mentir ao país e dizer que tudo mudou com a decisão do
Tribunal Constitucional”.
Na realidade, “o Governo
esconde com a decisão do TC aquele que já era o desastre da sua
política: 1500 milhões de euros a mais de défice para 2013”, clarificou.
Política do Governo está esgotada
Segundo
o deputado do Bloco de Esquerda, “esta política está esgotada e o
Governo está a afundar-se”. “Vejamos o que é que o Governo disse que
tinha sido uma vitória em fevereiro deste ano, há pouco mais de um mês
atrás. Dizia o Governo que tinha conseguido novas metas para o défice:
mais 1500 milhões de euros para este ano. E veja-se, isso é até mais do
que a decisão do Tribunal Constitucional declara, mas, neste desvio de
1500 milhões de euros, reconhecido e até anunciado como uma coisa boa
para o país, aí não vê o Governo qualquer desnorte”, adiantou.
Pedro
Filipe Soares citou ainda o documento emitido pelo próprio Eurogrupo,
segundo o qual Portugal tem pela frente dois anos muito difíceis na
gestão da dívida pública. “Em 2014 e 2015, entre pagamento de juros,
amortizações e suprimento do défice público, a dívida pública chegará
aos 20 mil milhões de euros em cada ano. E, por isso, o que está à vista
no virar da esquina é cada vez mais um segundo resgate”, afirmou.
“Quem pediu mais tempo para mais austeridade agora está a ter mais tempo para sacrificar o país”, lamentou.
A
par de estar a afundar-se, o executivo PSD/CDS-PP está também em
“desagregação”, defendeu Pedro Filipe Soares, acusando o CDS de “fingir
que está na oposição” e de “fugir às suas responsabilidades” na política
na qual é um dos principais protagonistas.
“Quem salvar o Governo está a virar as costas ao país”
Referindo-se
à carta que o primeiro ministro enviou ao PS, o dirigente bloquista
destacou que “o Governo quer manter-se à tona”, procurando agora “chorar
no ombro do PS e pedir ajuda para se salvar a si próprio”.
“Quem
salvar o Governo está a virar as costas ao país”, alertou o líder da
bancada bloquista, realçando que “a única solução plausível e aceitável é
renegociar a dívida” e que “a urgência é defender o país e não os
especuladores”.
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